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SÉRIE A

Técnicos Paulo Bento e Givanildo Oliveira são expulsos por discussão sobre fair play no clássico

Cruzeiro e América ficaram no empate por 1 a 1, resultado ruim para ambos na tabela

Redação
Paulo Bento já avisou que Cruzeiro não devolverá bolas e nem exigirá esse comportamento de rivais - Foto: Leandro Couri/EM/D. A Press

O clássico mineiro entre Cruzeiro e América terminou com empate por 1 a 1, resultado ruim para os arquirrivais, e muita confusão nos minutos finaisTudo por conta do pedido feito pelo técnico cruzeirense Paulo Bento para que seus jogadores dessem sequência à partida depois que um adversário mandou a bola à lateral para que Rafael Bastos, supostamente contundido, recebesse atendimento médicoO português entendeu que o atleta americano só queria ganhar tempoPor isso, pediu ao volante cruzeirense Bruno Ramires não devolvesse a bola ao rival.

Jogadores americanos se revoltaram com a atitude, pois esperavam fair play do Cruzeiro.

Em seguida, Paulo Bento se queixou com o quarto árbitro Igor Benevenuto do acréscimo de quatro minutos determinado pelo paraense Dewson Fernando Freitas da SilvaO técnico americano Givanildo Oliveira não gostou nada da tentativa do colega de ‘querer interferir na arbitragem’ e foi em direção ao português perguntar se ele apitaria a partidaDepois de muito bate-boca à beira do gramado, o árbitro expulsou os dois técnicos.

Revoltado, o meia Xavier, do América, também discutiu com o técnico do Cruzeiro e mostrou irritação com o episódio“Ele usou uma expressão não de boa índoleAté me surpreendeu pelo que eu tinha visto dele nas entrevistas, pela educação que ele tinhaTer mandado o Cruzeiro não devolver a bola, além de ter usado palavras desnecessárias, tanto que causou a confusão fora de campoAcho que o maior espetáculo é dentro de campoA gente faz o espetáculo
Não tinha nada a ver uma coisa aqui foraA gente caiu, machucou e deveriam devolver a bola, fazer o 'fair play'Isso não aconteceuEstamos de consciência limpa, quem errou foi o Cruzeiro e eles sabem dissoEu fico mais indignado de ter vindo de um treinador, de ter falado isso para os seus atletas”.

O meia Robinho, do Cruzeiro, minimizou: “A confusão faz parte do jogoClássico tem que ter esse tipo de confusãoOs dois times querendo vencer, ninguém quer abrir mão de nada".

Técnicos se posicionam

Em sua entrevista coletiva, o técnico Givanildo Oliveira admitiu que a decisão de adotar ou não o fair play cabe a cada clubeMas o que o irritou, de fato, foi a pressão exercida por Paulo Bento na arbitragem“É o direito de cada um (o fair play)Ele achou que não devia jogar a bola fora, então deu ordem aos seus comandados e eles tinham que cumprir
Até aí tudo bemEu me chateei quando ele foi no Igor (quarto árbitro), pegou no braço dele e falou que 4 minutos só era muito poucoAí não deu para aguentarFoi quando eu falei: ' tu quer apitar o jogo?'Daí desencadeou tudo o que vocês viram”, explicou Givanildo.

Paulo Bento esclareceu que jamais orientou um jogador seu, em 11 anos de carreira, a atrasar o jogo para prejudicar o adversárioSegundo ele, sua filosofia é valorizar o tempo da partida de forma positiva e não com simulaçõesJustamente por isso, sua recomendação aos jogadores foi para dar sequência à partidaO português ainda quis tornar pública a sua decisão de jamais devolver a bola aos adversários em jogos no comando do Cruzeiro.

”A confusão não foi com ninguém em especial, não quero confusões com ninguémApenas que acho que o futebol deve ser valorizado pelo positivo, ou seja, que meus jogadores joguem de uma forma positiva, joguem de uma forma leal, e que tentem aproveitar da melhor maneira possível todo o tempo que existe no jogoOu seja, fazer um jogo com maior tempo útil possívelIsso é o que tratamos, e não estou dizendo que o treinador do adversário o fez (orientação de antijogo)Não digo nunca, ao longo de uma carreira que é curta ainda, que um jogador meu para queimar tempoNão digoA única coisa que quero deixar bem claro é que, a partir de agora, por questão de filosofia, e isso iremos comunicar também aos nossos jogadores, e para que todos os nossos adversários o possam saber, a partir desse momento, o time do Cruzeiro não colocará a bola foraSe colocar, não pretendemos que depois nos devolvam a bolaE também, quando o adversário a colocar, nós não colocaremos foraHá o árbitro para issoÉ o árbitro que tem que apitar, é o árbitro que tem que parar o jogoNós queremos jogar futebol, jogar de forma positiva e disso trataremos que os jogadores possam fazer da melhor maneira possívelNão foi o caso só do jogo de hojeNo jogo anterior isso também já havia acontecido”, explanou Bento.

Diretoria do Cruzeiro apoiou decisão

O vice-presidente de futebol do Cruzeiro, Bruno Vicintin, pediu a palavra após a entrevista coletiva de Paulo Bento e deu todo apoio ao treinador pela decisão de não adotar mais a 'devolução de bola'Segundo ele, a tentativa de um adversário ganhar tempo jamais pode ser 'premiada' com o cumprimento de uma recomendação de jogo limpo.

”Quero dar todo o apoio ao Paulo Bento, à decisão deleQuestão de fair play, que, segundo me falaram, o dirigente do América disse que ele deveria saber como as coisas funcionam no BrasilNo Brasil, fair play foi confundido com qualquer paralisação para atrasar o jogoA gente apoia o Paulo nissoVocês, que são repórteres, poderiam contar quantos jogadores do América que caíram no segundo tempoDamos apoio à filosofia deleO grito que veio da arquibancada mostrou que o próprio torcedor sabe a diferença entre fair play e ser “otário”Se existisse contusão, o jogador do América seria atendido do lado de foraNão houve isso”, disse o dirigente cruzeirense.