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CRUZEIRO

Histórico do Cruzeiro mostra que é possível conciliar boas campanhas em Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro; relembre os feitos

Em quase todas as temporadas que chegou à decisão da Copa do Brasil, clube celeste fez campanha de respeito na elite nacional. Exceção foi ano de 1993

Rafael Arruda
Campeão da Copa do Brasil em 2017, Cruzeiro quer fazer boa campanha no Campeonato Brasileiro - Foto: Alexandre Guzanshe/EM D.A Press
Duas semanas depois de conquistar o pentacampeonato na Copa do Brasil, o Cruzeiro se concentra exclusivamente no Campeonato Brasileiro na reta final da temporada. Nesta quarta-feira, às 21h45, terá o Grêmio como adversário, em duelo válido pela 27ª rodada. Como a distância de momento para o líder Corinthians é de 11 pontos, as chances de título na Série A são irrisórias. Nem por isso o time celeste abrirá mão de fazer boa campanha na competição. Além da possibilidade de ganhar premiação milionária, a equipe vislumbra ascensão no ranking da Confederação Brasileira de Futebol e ganho de confiança para 2018, quando disputará a Copa Libertadores.

O Cruzeiro tem referências em sua própria história de que é possível fazer boas campanhas na Copa do Brasil e no Campeonato Brasileiro disputados no mesmo ano. Das sete vezes que alcançou a decisão do torneio eliminatório, apenas em 1993 o rendimento na elite nacional não foi satisfatório. Nos demais, a Raposa esteve entre os primeiros colocados – a exemplo do que faz em 2017.

Competições “separadas”

É preciso ressaltar que, de 1989 a 2002, a Copa do Brasil acontecia antes do Campeonato Brasileiro. Isso porque a Primeira Divisão nacional não era realizada no sistema de pontos corridos e, consequentemente, o número de partidas para cada clube era menor.
Entre os diversos modelos de disputa, havia algo em comum: os melhores colocados se classificavam para as fases eliminatórias até alcançarem a decisão.

Com datas espaçadas, a possibilidade de brigar pelas duas conquistas era maior. O Cruzeiro, portanto, jogou primeiramente as Copas do Brasil de 1993, 1996, 1998 e 2000 para depois se concentrar exclusivamente no Brasileiro.

Na Copa do Brasil de 1993, o Cruzeiro passou por Desportiva-ES, Náutico, São Paulo, Vasco e Grêmio. Em 10 jogos, ganhou cinco, empatou quatro e perdeu um. Foram 18 gols a favor e oito contra. A boa campanha não foi repetida no Brasileiro. Entre 32 participantes, o time ficou no 15º lugar geral, com seis vitórias, dois empates e seis derrotas.

Em 1996, a Raposa contou com o paredão Dida e o artilheiro Marcelo Ramos para bater a “seleção” do Palmeiras, que tinha Rivaldo, Cafu, Luizão, Djalminha e outros atletas renomados. Juventus-AC, Corinthians, Vasco e Flamengo também foram superados pelo Cruzeiro. No Campeonato Brasileiro, a boa fase foi refletida: liderança isolada da etapa qualificatória, com 44 pontos em 23 partidas. Nas quartas de final, porém, o time acabou eliminado pela surpreendente Portuguesa: derrota por 3 a 0, em São Paulo, e vitória por 1 a 0, em Belo Horizonte. Na pontuação geral, apenas o Grêmio somou mais que o clube celeste: 48 a 47.

Na temporada de 1998, o Cruzeiro ficou rotulado pela fama de vice e teve o Palmeiras como algoz na final da Copa do Brasil. O título escapou literalmente pelos dedos aos 44min do segundo tempo do confronto de volta. O goleiro Paulo César não conseguiu segurar a cobrança de falta de Zinho e permitiu que Oséas marcasse no rebote. Ao fazer 2 a 0, o alviverde conseguiu inverter o placar de 1 a 0 construído pelos mineiros em Belo Horizonte.
Já no Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro arrancou nas rodadas finais da primeira fase e se classificou em sétimo lugar. No mata-mata, vingou-se do Palmeiras nas quartas de final, derrotou a Portuguesa na semifinal e se deparou com o Corinthians na decisão. O clube paulista ganhou a melhor de três com empates no Mineirão (2 a 2) e no Morumbi (1 a 1) e vitória no Morumbi (2 a 0).

Dois anos depois, o Cruzeiro conseguiu ótimo aproveitamento na Copa do Brasil – 74,36% (oito vitórias e cinco empates) – e se sagrou campeão invicto. No caminho até o título, o time superou Gama, Paraná, Caxias, Atlético-PR, Botafogo, Santos e São Paulo. No Campeonato Brasileiro de 2000 – denominado Copa João Havelange –, liderou a primeira fase, com 45 pontos. No mata-mata, ganhou de Malutrom-PR (oitavas de final) e Internacional. Acabou eliminado pelo Vasco na semifinal.

Cruzeiro tricampeão da Copa do Brasil (2000) - em pé: Sorín, André, Cléber, Donizete Oliveira, Cris e Marcos Paulo. Agachados: Geovanni, Jackson, Rodrigo, Ricardinho e Oséas. - Foto: Juarez Rodrigues/EM D.A Press

Torneios simultâneos

Em 2003, o Campeonato Brasileiro passou a ser disputado por pontos corridos e teve as fases finais da Copa do Brasil realizadas simultaneamente. E nessa primeira ocasião, o Cruzeiro sobrou em ambos os torneios.

Quando se preparava para enfrentar o Flamengo na final da Copa, a equipe de Vanderlei Luxemburgo liderava a Série A com 24 pontos em 11 jogos – três a mais que Corinthians, Santos e Internacional. 

No dia 8 de junho, a Raposa empatou com o rubro-negro por 1 a 1, no Maracanã. Três dias depois, ganhou por 3 a 1 no Mineirão e levantou o terceiro troféu. Além do Urubu, o grupo estrelado eliminou Rio Branco-ES, Corinthians-AL, Vila Nova-GO, Vasco e Goiás.

Na sequência da temporada, o Cruzeiro continuou em alta e encerrou o Brasileiro com 100 pontos e 102 gols marcados.
O título foi conquistado com 13 de vantagem sobre o vice-campeão Santos.

Há de se ressaltar que nenhum outro clube conseguiu levantar os dois troféus nacionais na mesma temporada.

Em 2014, o Cruzeiro esteve perto de repetir o feito de 2003. Líder absoluto do Brasileiro, o time tinha o Atlético como oponente na final da Copa do Brasil. No dia 23 de novembro, os comandados do técnico Marcelo Oliveira confirmaram o quarto título da Série A ao vencerem o Goiás no Mineirão por 2 a 1, pela 36ª rodada. Na Copa, porém, não houve a mesma competência na briga pela taça: o clube celeste foi derrotado por 1 a 0, em 26 de novembro, também no Gigante da Pampulha. O alvinegro já tinha ganhado o jogo de ida por 2 a 0, no Independência.

Cruzeiro tetracampeão da Copa do Brasil (2003): em pé: Luisão, Gladstone, Wendel, Gomes e Jardel. Agachados: Augusto Recife, Leandro, Deivid, Maurinho, Aristizábal e Alex - Foto: Arquivo Estado de Minas

Cenário de 2017

Antes de ser campeão da Copa do Brasil em 2017, o Cruzeiro já estabelecia o objetivo de fazer boa campanha no Brasileiro. Afinal, não havia a certeza de título na competição eliminatória, e a presença entre os seis primeiros colocados no torneio de pontos corridos garantiria uma vaga na Copa Libertadores de 2018.

Depois de empatar o primeiro jogo da final contra o Flamengo (7/9), o Cruzeiro emplacou série de três vitórias no Brasileiro: Chapecoense (2 a 1), Bahia (1 a 0) e Atlético-GO (2 a 1). Com a confiança elevada, o time reencontrou o rubro-negro no segundo jogo (27/9), empatou sem gols no tempo normal e ganhou nos pênaltis por 5 a 3. 

Já com a taça garantida, a Raposa empatou com o Corinthians por 1 a 1 e venceu a Ponte Preta por 2 a 1. Os dois jogos aconteceram no Mineirão.

Há sete jogos sem perder no Brasileiro, o Cruzeiro conquistou 17 pontos no returno e registra 70,83% de aproveitamento (tem uma partida a mais, pois o duelo com a Ponte, pela 28ª rodada, foi antecipado). Com a arrancada, a equipe de Mano pulou do sétimo lugar, com 24 pontos (47,37%), para o quarto, com 44 (54,3%).

Histórico em Copas do Brasil/Brasileiros

1993

Campeão da Copa do Brasil
10 jogos - 5 vitórias, 4 empates e 1 derrota (63,33%)
Artilheiro: Cleison (6 gols)

12º lugar no Brasileiro (eliminado na fase de grupos)
14 jogos - 6 vitórias, 2 empates e 6 derrotas
Artilheiro: Ronaldo (12 gols)

1996

Campeão da Copa do Brasil
10 jogos - 4 vitórias, 5 empates e 1 derrota (56,67%)
Artilheiro: Marcelo Ramos (7 gols)

5º lugar no Brasileiro (eliminado nas quartas de final)
25 jogos - 14 vitórias, 5 empates e 6 derrotas
Artilheiro: Palhinha (10 gols)

1998

Finalista da Copa do Brasil (perdeu para o Palmeiras)
9 jogos - 5 vitórias, 2 empates e 2 derrotas (62,96%)
Artilheiros: Bentinho, Alex Alves e Marcelo Ramos (3 gols)

Finalista do Brasileiro (perdeu para o Corinthians)
32 jogos - 14 vitórias, 9 empates e 9 derrotas
Artilheiro: Fábio Júnior (18 gols)

2000

Campeão da Copa do Brasil
13 jogos - 8 vitórias e 5 empates (74,36%)
Artilheiro: Oséas (10 gols)

3º lugar no Brasileiro (eliminado na semifinal)
30 jogos - 14 vitórias, 12 empates e 4 derrotas
Artilheiro: Oséas (13 gols)

2003

Campeão da Copa do Brasil
11 jogos - 8 vitórias e 3 empates (81,82%)
Artilheiro: Deivid (7 gols)

Campeão Brasileiro
46 jogos - 31 vitórias, 7 empates e 8 derrotas
Artilheiro: Alex (23 gols)

2014

Finalista da Copa do Brasil (perdeu para o Atlético)
8 jogos - 4 vitórias, 1 empate e 3 derrotas (54,17%)
Artilheiros: Marcelo Moreno e Willian (4 gols)

Campeão Brasileiro
38 jogos - 24 vitórias, 8 empates e 6 derrotas
Artilheiros: Ricardo Goulart e Marcelo Moreno (15 gols)

2017

Campeão da Copa do Brasil
14 jogos - 7 vitórias, 5 empates e 2 derrotas (61,9%)
Artilheiro: Rafael Sobis (5 gols)

4º lugar no Brasileiro (em andamento)
27 jogos - 12 vitórias, 8 empates e 7 derrotas
Artilheiro: Thiago Neves (7 gols)
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