O dia 7 de março de 1976 foi histórico para o futebol brasileiro. Naquela data, o Cruzeiro venceu o Internacional por 5 a 4, na estreia na Copa Libertadores, sob os olhares de 65 mil torcedores no Mineirão. Mais de 40 anos depois, os clubes - que fizeram, para muitos, o maior confronto da história do estádio - se reencontrarão em Belo Horizonte para mais uma partida decisiva. Desta vez pela semifinal da Copa do Brasil.
Quem é o favorito? O Cruzeiro conseguirá superar o mau momento dentro e fora de campo para avançar à decisão? O Inter de Odair Hellmann enfim se aproximará de um título importante no cenário nacional? O Superesportes fez essas perguntas aos protagonistas daquele duelo de 1976. E eles projetaram a partida desta quarta-feira, às 21h30, pela ida da semifinal.
Autor do gol de pênalti que garantiu a vitória celeste em 1976, Nelinho não ficou em cima do muro. Para o ex-lateral-direito, o Internacional é favorito. “Às vezes não tem favorito, quando equipes estão bem e se equivalem. Mas na maioria das vezes, tem. O favorito é o Internacional. Está em melhor momento, mas não significa nada. Só significa que está em melhor momento. Daí a dizer que vai ganhar, é um longo caminho. O Cruzeiro pode, com os jogadores que tem, ter um recomeço”, disse.
Nelinho se refere à má fase vivida pelo Cruzeiro, que venceu apenas um dos últimos 17 jogos. São sete partidas seguidas sem fazer gol. O desempenho coloca o time celeste na 18ª colocação do Campeonato Brasileiro, já na zona de rebaixamento. Por outro lado, o Internacional vive situação bem mais tranquila. Na sexta posição da Série A, a equipe colorada está viva também na Copa Libertadores - competição em que os mineiros foram eliminados nas oitavas de final pelo River Plate-ARG.
Apesar do aparente desequilíbrio no momento dos dois times, o ex-ponta-direita Valdomiro, autor de um dos gols do Inter em 1976, não entende que há favorito. “Cruzeiro e Inter, nos anos 1970, era um dos maiores clássicos do futebol brasileiro. Nunca terminou 0 a 0. Por isso, não tem favorito. Tanto faz jogar em Minas Gerais ou em Porto Alegre. Claro que estou torcendo pelo meu time de coração, que é o Inter. Mas não tem favorito”, disse.
Reação celeste?
Dentro e fora de campo, o Cruzeiro passa por turbulências. Bicampeão mineiro e da Copa do Brasil pelo clube, o técnico Mano Menezes tem sido criticado com mais frequência, em especial pelo estilo de jogo mais defensivo - que contradiz a história celeste, marcada por equipes ofensivas. O comandante revelou, inclusive, que colocou o cargo à disposição da diretoria, que optou por mantê-lo.
Para Joãozinho, ex-ponta-esquerda e ídolo do Cruzeiro, a culpa da má fase não é apenas de Mano Menezes, mas também dos jogadores. “É um plantel maravilhoso hoje, todos os jogadores estão no Cruzeiro não à toa. O Mano tem o jeito dele de jogar, mas dentro do campo os jogadores também têm que corresponder. É um processo coletivo, todos são responsáveis”, avaliou.
Joãozinho também falou da crise política e administrativa do Cruzeiro. Para ele, os problemas fora de campo não interferem no rendimento do time “Não tem que falar de crise fora de campo. Não tem nada a ver com dentro de campo”. Nelinho concorda: “Eu acho que não tem nada a ver. Já teve outros exemplos que, não convém citar, de clubes passarem por momentos difíceis fora de campo, mas dentro de campo o time estar lá bem. Jogadores não pensam nisso”, frisou.
‘Profecia’
De Boston, nos Estados Unidos, Joãozinho acompanha o clube pelo qual torce. Depois da entrevista, voltou a ligar para o Superesportes para fazer uma ‘profecia’. “É dos momentos ruins de um clube que saem os grandes campeões. O Cruzeiro vai ser campeão”.