2

'Caso' Vitor Roque: Cruzeiro buscará valor correto na Justiça, diz Martins

Diretor de futebol diz que clube celeste está tranquilo com relação aos argumentos para requerer uma quantia acima de R$ 24 milhões pelo atacante de 17 anos

14/04/2022 19:40 / atualizado em 14/04/2022 21:09
compartilhe
Pedro Martins disse que Cruzeiro buscará na Justiça um valor maior que os R$ 24 milhões depositados pelo Athletico-PR por Vitor Roque
foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Pedro Martins disse que Cruzeiro buscará na Justiça um valor maior que os R$ 24 milhões depositados pelo Athletico-PR por Vitor Roque


O Cruzeiro pleiteia na Justiça um valor acima dos R$ 24 milhões pagos pelo Athletico-PR pelos direitos econômicos do atacante Vitor Roque. A quantia corresponde à cláusula indenizatória baseada no salário de R$ 12 mil do atleta multiplicado por 2 mil.

Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, o diretor executivo Pedro Martins afirmou que o clube está “tranquilo” com os argumentos para requerer uma multa maior pelo jovem de 17 anos, destaque no início da temporada, com seis gols em 11 partidas, e visto com potencial para, no futuro, atuar no futebol europeu e na Seleção Brasileira.



Segundo Martins, todos os esforços foram feitos pelo Cruzeiro para manter Vitor Roque. Ele citou como exemplo as tratativas com os laterais Geovane e Rafael Santos, que prorrogaram os vínculos, respectivamente, até 2024 e 2025.

“Como falei no início, foram 139 negociações. Posso citar dois exemplos que estavam acontecendo ao mesmo tempo da negociação com o Vitor Roque: o Geovane e o Rafael Santos”.

“Negociação você se senta à mesa, e um lado defende os valores e o que é pretendido pelo atleta, e o outro lado defende o que a instituição quer. E normalmente chegamos a um acordo com muita ética e respeito entre as partes.

“Foi assim que aconteceu. O Geovane renovou o seu contrato, o Rafael Santos renovou o seu contrato, e vejo que eles estão felizes e satisfeitos com o que o clube ofereceu em termos de projeção de carreira”.

No caso de Roque, Pedro explicou que um plano de carreira atrelado à evolução esportiva foi apresentado ao adolescente, porém o desfecho favorável ficou complicado em razão da postura de seus representantes e de outras pessoas ligadas à negociação.



“Ficou claro que, desde o início, com a postura de seu representante e de outras pessoas que participaram da negociação que seria difícil e extremamente complicado”.

Na visão do dirigente, Roque optou por sair do Cruzeiro “pela porta dos fundos”. “Não tem problema se está insatisfeito e quer sair. O que pedimos é uma postura ética, correta e que seja adotada uma postura frontal. Infelizmente isso não aconteceu”.

Uma das teses que provavelmente serão utilizadas pelo Cruzeiro na esfera judicial é o artigo 29, parágrafo 11, da Lei Pelé.

“Caso a entidade de prática desportiva formadora oferte as mesmas condições, e, ainda assim, o atleta se oponha à renovação do primeiro contrato especial de trabalho desportivo, ela poderá exigir da nova entidade de prática desportiva contratante o valor indenizatório correspondente a, no máximo, 200 (duzentas) vezes o valor do salário mensal constante da proposta”.

Sob essa ótica, o clube poderia exigir uma indenização 200 vezes superior ao salário pago pelo Athletico a Vitor Roque. Não há informação sobre quanto o atacante receberá na nova equipe.



Pedro Martins não deu detalhes sobre a remuneração ofertada pelo Cruzeiro a Vitor Roque. Diferentemente de André Cury, empresário do atleta, que emitiu comunicado oficial na madrugada de quarta-feira (13) com sua versão a respeito do episódio.

  • No dia 07/03/2022, um representante de André Cury compareceu à Toca da Raposa para tratar exclusivamente sobre o aumento salarial de Roque. Naquela ocasião foi apresentado como proposta ao Cruzeiro o valor de R$ 60 mil.

  • Em 18/03/2022, o diretor de futebol do Cruzeiro, Pedro Martins, encaminhou mensagem pelo WhatsApp dizendo que "a demanda Roque pode ser que ande".

  • Em 23/02/2022, o Cruzeiro encaminhou mensagem manifestando o aceite do valor solicitado, mas dizendo que isso só seria aceito em caso de novo contrato de trabalho. O que não foi aceito pelo estafe de Roque.

  • Em 25/03/2022, o jurídico do Cruzeiro fez contato com a advogada de Cury e encaminhou novo contrato com o valor de salário de R$ 50.000,00, abaixo daquele acordado. Cury mostra um print da conversa na nota divulgada.

  • Em 30/03/2022, Pedro Martins entrou em contato com André Cury e afirmou que o Cruzeiro somente aceitaria praticar o aumento de salário com a rescisão do contrato vigente e celebração de um novo contrato. Isso não teria sido aceito pelo estafe do jogador.

Cury sugeriu ao Cruzeiro aumentar o salário de Roque por meio de um aditivo, e não por novo contrato de trabalho. Se isso fosse feito, em teoria, o atacante passaria a ganhar R$ 60 mil por mês e sua multa rescisória subiria a R$ 120 milhões.

Já o CEO de negócios do futebol do Athletico-PR, Alexandre Mattos, revelou ter sido procurado por Ronaldo, investidor da SAF do Cruzeiro, e por Paulo André, líder do departamento de futebol. Os dois ofereceram Roque por R$ 40 milhões, além de solicitarem os empréstimos do zagueiro Zé Ivaldo e do atacante Jajá.

Ao contactar André Cury, Mattos soube que a multa rescisória de Roque era, na verdade, de R$ 24 milhões. O próprio presidente do CAP, Mário Celso Petraglia, disse que não poderia ofertar um valor superior à cláusula indenizatória. O anúncio oficial do jovem atacante pelo Furacão ocorreu nessa quarta-feira (13).

No fim das contas, Zé Ivaldo e Jajá foram emprestados ao Cruzeiro, e os R$ 24 milhões estão depositados em juízo. Clube pelo qual Roque fez formação até os 14 anos, o América enviou notificação requisitando 35% do valor (R$ 8,4 milhões). O restante pertence à família do jogador (R$ 3,6 milhões).




Compartilhe