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TRAGÉDIA NO NINHO

Tragédia no Ninho do Urubu completa um ano com dor e divergências

Em fevereiro do ano passado, dez atletas do Flamengo morreram em um incêndio no centro de treinamento

Gazeta Press
Ninho do Urubu, centro de treinamento do Flamengo, local da tragédia - Foto: Adriano Fontes/AFPO capítulo mais triste da história do Flamengo completa um ano neste sábado. No dia 8 de fevereiro de 2019, dez jovens promessas da equipe perderam suas vidas em um incêndio no CT Ninho do Urubu, levando o mundo do futebol à comoção.


Naquele dia, jogadores da base rubro-negra, que tinham entre 14 e 16 anos, estavam dormindo em um dos contêineres utilizados para o alojamento dos garotos, quando um curto-circuito em um ar-condicionado provocou um incêndio no local. Dos 23 que estavam lá, dez tiveram suas vidas interrompidas pelas chamas.

São eles: Athila Paixão, Arthur Vinícius, Bernardo Pisseta, Christian Esmério, Gedson Santos, Jorge Eduardo Santos, Pablo Henrique, Rykelmo Viana, Samuel Thomas e Vitor Isaías. O incêndio ainda deixou feridos Cauan Emanuel Gomes Nunes, Francisco Diogo Bento Alves e Jhonatan Cruz Ventura, mas todos se recuperaram.

Desde o ocorrido, as famílias das vítimas tentam entrar em acordo com o Flamengo em meio à dor pela perda de seus entes queridos, mas as conversas estão longe de um desfecho. Os culpados não foram apontados, os dirigentes dialogam pouco sobre o assunto e apenas três famílias se acertaram com o time rubro-negro (os parentes de Athila Paixão, Gedson Santos e Vitor Isaías, além de José Lopes Viana, pai de Rykelmo).


"Eu entreguei meu filho são e recebi ele em um caixão lacrado. Nem pude ver o rosto dele. Eu não estaria lutando por nada se o Flamengo colocasse meu filho no avião, dispensasse e o mandasse para casa", afirmou Rosana Souza, mãe de Rykelmo, em entrevista à TV Gazeta.

Em vídeo divulgado pelo clube, o presidente Rodolfo Landim se pronunciou sobre o incêndio. "Essa foi a maior tragédia da história do Flamengo. Vamos conviver com isso ainda por muito tempo em nossa memória, de todos aqueles que trabalham e os torcedores também. Por mais que vá sendo curado com o tempo, vão ficar as cicatrizes".

Neste ano, o Flamengo dispensou cinco atletas que estavam presentes no incêndio: Caike Duarte, Felipe Cardoso, João Victor Gasparín, Naydjel Calleb e Wendel Alves. Landim declarou que a ação "foi simplesmente um critério técnico da comissão do clube e que não cabia a ele intervir na decisão". Em seu Instagram, Felipe fez uma publicação com uma foto toda preta, destacando os mortos na tragédia como irmãos, informando que foi dispensado por telefone e escrevendo que "após refletir muito, cheguei à conclusão que somos apenas números para muitos".


Depois de um ano, as famílias ainda tentam juntar os cacos e seguir em frente, mas a dor deixada pela catástrofe jamais será esquecida. "Quando lembro do jeito dele, da alegria de viver que ele tinha, dói meu coração. A gente tenta seguir, mas sabemos que a felicidade nunca mais será completa", declarou à TV Gazeta Marília Barros, mãe de Arthur Vinícius, que recebe apenas uma pensão mensal do clube.

"Toda vez que esse dinheiro entra, meu coração dói. Eu não queria dinheiro nenhum se pudesse ter meu filho aqui", concluiu Marília.

Apesar dos problemas judiciais, os parentes seguem unidos na tentativa de reconstruir a vida e superar a tragédia. O fogo pode ter interrompido a vida dos jovens garotos que corriam atrás de seus sonhos, mas eles sempre viverão dentro dos corações de suas famílias.