Futebol Internacional

Joseph Blatter resiste a escândalo e é reeleito após desistência de príncipe jordaniano

Com caminho livre, suíço se elege para quinto mandato na presidência da entidade

Gazeta Press

Joseph Blatter recebe cumprimentos de Michel Platini,opositor, após anúncio da vitória, em Zurique

Mesmo em meio a um escândalo de corrupção na Fifa, o suíço Joseph Blatter foi reeleito para a presidência da entidade nesta sexta-feira, vencendo o príncipe jordaniano Ali Bin Al Hussein. Depois do triunfo do suíço por 133 votos a 73 no primeiro turno, o opositor desistiu da disputa de segundo.


A votação foi realizada em primeiro turno e, mesmo com apenas dois candidatos, precisaria de uma segunda rodada de cédulas, por Blatter não ter obtido dois terços dos votos. Porém, o opositor se retirou da disputa depois da derrota, fazendo com que Blatter fosse reeleito.

Considerado favorito desde o início do processo eleitoral, Blatter chegou a ter ameaçada sua permanência no cargo, depois que uma operação do FBI com autoridades suíças resultou na prisão de sete dirigentes, na quarta-feira, entre eles o brasileiro José Maria Marin, ex-mandatário da CBF.

Mesmo assim, Blatter conquistou a vitória, devendo atingir assim 21 anos no poder da principal entidade do futebol mundial. Sucessor do brasileiro João Havelange em 1998, o suíço assegurou o novo mandato, que se estenderá até 2019.

Depois que o caso de corrupção veio à tona, Blatter disse que um presidente é responsável pela entidade, mas não tem como saber de tudo. No discurso anterior à votação, o mandatário reforçou a defesa à gestão.

“Não precisamos de revoluções, mas sempre de evoluções. Estou sendo responsabilizado pelo estado atual. Então ok, vou assumir isso, aceitarei esta responsabilidade para corrigir a Fifa junto com vocês”, afirmou o dirigente, que foi aplaudido.

Por conta da polêmica, Blatter viu aumentar a resistência ao seu nome, principalmente na Europa. O presidente da Uefa, Michel Platini, chegou a pedir para Blatter deixar a presidência e declarou que a maior parte das federações do continente votaria no Ali Bin Al Hussein. Os europeus tinham direito a 53 votos. Já o maior colégio eleitoral da Fifa é a África, com 54 detentores de cédulas, à frente de Ásia (46), Concacaf (35), Oceania (11) e América do Sul (10).

O príncipe da Jordânia tentou aproveitar o escândalo para triunfar, inclusive durante seu discurso. “Hoje (sexta) é um dia para dar o primeiro passo do processo de mudanças, sobre honrar a confiança investida em cada um de nós. É preciso um líder comprometido para consertar toda essa bagunça. Não vou me esconder quando as coisas estão ruins, vou inverter a pirâmide. Pelo bem do futebol e da Fifa”, declarou o opositor, que acabou derrotado.

Mesmo com as críticas que recebeu nos últimos dias, Blatter manteve o apoio conquistado de grande parte das federações para triunfar. A eleição ficou com apenas dois candidatos somente na reta final, pois o português Luis Figo e o holandês Michael van Praag anunciaram na semana passada a desistência do pleito.

O ex-jogador, eleito melhor do mundo em 2001, criticou o processo como é realizada a eleição da Fifa e, por isso, retirou sua candidatura. O presidente da Federação Holandesa seguiu o caminho de Figo, deixando seu apoio para Ali bin Al-Hussein. Sem os outros dois opositores, Blatter enfrentou apenas o jordaniano, que estava na vice-presidência da Fifa há quatro anos, representando a Ásia.

A cerimônia desta sexta-feira foi marcada por protestos. Do lado de fora do teatro, houve manifestações em prol dos palestinos e também contra as condições de trabalho nas obras para a Copa do Mundo de 2022, no Catar. Uma ativista da causa palestina chegou a conseguir entrar no local e interrompeu discurso de Blatter, que pediu para que a segurança a retirasse.

Depois, o clima foi de apreensão durante o intervalo para o almoço dos participantes do congresso, pois a polícia suíça recebeu uma ameaça de bomba, que acabou não se confirmando. Os representantes puderam então voltar ao auditório para a eleição que deu mais um mandato a Joseph Blatter.