Nas últimas semanas, a Europa vive o ápice de uma intensa crise migratória. Dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) mostram que, apenas no mês de julho, 438 mil refugiados solicitaram asilo no continente. A título de comparação, foram 571 mil pedidos em 2014.
Na tentativa de colaborar com a solução da crise, alguns clubes europeus estão abrindo as portas para ajudar os recém-chegados. O Bayern de Munique divulgou uma nota oficial nesta quinta-feira informando que doará a quantia de 1 milhão de euros (cerca de R$ 4,5 milhões) a projetos de suporte aos refugiados. Paralelamente, o clube criará um “acampamento de treino” para jovens refugiados durante as próximas semanas. Crianças e adolescentes receberão aulas de alemão, alimentação, kits de futebol e passarão por treinamento.
Além dessas medidas, na próxima partida do Bayern, contra Augsburg FC, em 12 de setembro, cada jogador entrará no campo de mãos dadas com uma criança alemã e uma refugiada. Com essa ação, o clube quer demonstrar seu apoio à integração dessas pessoas. “Nós do Bayern FC consideramos que é nossa responsabilidade sócio-política de ajudar crianças, mulheres e homens deslocados e necessitados, dando suporte e assistência a eles na Alemanha”, comentou o presidente Karl-Heinz Rummenigge.
Outros clubes também têm se solidarizado com a causa, propondo medidas de suporte aos refugiados. O Borussia Dortmund criou um projeto chamado “Chegaram em Dortmund”. Na semana passada, sua direção disponibilizou 220 ingressos a refugiados para a partida contra o Odds, pela Liga da Europa. Na Escócia, o Celtic também se dispôs a oferecer ajuda, doando parte da renda de um jogo beneficente que será realizado no próximo sábado.
As ações tomadas pelos clubes refletem o anseio dos próprios torcedores dessas equipes, que se posicionaram diante da situação. Em alguns jogos da Bundesliga, por exemplo, torcedores levaram às arquibancadas faixas com dizeres de boas-vindas aos refugiados.
Saiba mais sobre a crise
Muitos dos refugiados fogem de seus países devido a circunstâncias de guerra e violência. De acordo com o Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat), a maioria deles vem da Síria, país que passa por uma guerra civil e que sofre ataques recentes do Estado Islâmico.
Milhares de pessoas também partem de Afeganistão, Kosovo, Eritreia, Sérvia, Paquistão, Iraque, Irã, Nigéria e Rússia. Na tentativa de viver em segurança, muitos atravessam o Mar Mediterrâneo por meios precários, como barcos e botes superlotados e até mesmo a nado.
Diante da situação, a União Europeia tem buscado medidas para enfrentar a crise. A Alemanha é o principal país procurado pelos refugiados e, de acordo com a chanceler Angela Merkel, está disposto a receber 800 mil pessoas este ano. Outras nações têm demonstrado resistência. A Hungria, por exemplo, construiu uma cerca de arame farpado de 175 quilômetros de extensão na tentativa de impedir que “imigrantes ilegais” cruzem a fronteira com a Sérvia. O Reino Unido, por sua vez, recebeu oficialmente pouco mais de duzentas pessoas este ano.