Futebol Nacional
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ENTREVISTA

Hora de passar a bola

Maior zagueiro artilheiro do Atlético elogia Réver e diz que está perto de perder o posto

postado em 22/03/2013 08:50 / atualizado em 22/03/2013 08:58

Arquivo/Estado de Minas
Para muitos torcedores, principalmente atleticanos, Luiz Carlos Ferreira, o Luizinho, é o maior zagueiro do Atlético de todos os tempos. Nascido em Nova Lima, em 1958, começou em 1975, no Villa Nova, e voltou para encerrá-la, em 1996, como um dos zagueiros mais respeitados do Brasil. Foi no Galo que ele mostrou mais eficiência, com um futebol técnico e vistoso, de 78 a 89. Depois foi desfilar seu futebol no Sporting, de Portugal, até 92, e ainda vestiu a camisa do Cruzeiro, de 92 a 94. Fez parte da célebre Seleção Brasileira de Telê Santana, na Copa de 82, na Espanha, time que foi derrotado pela Itália por 3 a 2, dando adeus nas quartas de final. Esse time, 30 anos depois, ainda é considerado um dos maiores da história. Se ganhasse aquele Mundial, Luizinho certamente estaria entre os 10 maiores zagueiros do mundo. Mas o destino lhe reservou críticas. Como as feitas pelo ex-companheiro e agora comentarista Edinho. Luizinho tentou ser técnico e não conseguiu. Pelo que fez no futebol, poderia estar à frente de altos investimentos para o esporte, mas se conforma e se realiza com sua vida atual: “Sou o embaixador de Nova Lima para o Mundial de 2014”. Sua opção foi pela política, atuando os últimos oito anos como secretário municipal de Esportes de Nova Lima, onde vive. Com uma situação financeira bem definida, graças aos investimentos imobiliários na cidade, o jogador, que marcou 21 gols pelo Atlético, está com a família em Trancoso, na Bahia, de onde falou com o Estado de Minas pelo telefone, sobre a possibilidade de Réver, com 19 gols, superá-lo nos próximos jogos e se tornar o maior zagueiro artilheiro da história do Galo.

Réver poderá superá-lo já contra o Nacional, domingo, em Patos de Minas?

Poderá sim. Está sabendo usar muito bem sua postura, a estatura (1,92m), o aproveitamento tático. É um jogador com muitos recursos técnicos, de Seleção Brasileira.

Você o considera completo?
Um baita zagueiro. Sabe se colocar. Quando joga com seriedade, corresponde às expectativas, principalmente de quem jogou na posição. Não pode é querer fazer firulas. Aí pode colocar tudo a perder, principalmente contra times que sabem aproveitar as oportunidades.

Então tem lugar na Seleção Brasileira de Luiz Felipe Scolari?
Tem. Apenas o Thiago Silva já se garantiu. Os demais têm de passar pelas experiências e carimbar o lugar. É uma rota natural para o Réver.

Você aprovou a troca de Mano Menezes por Felipão?

Aprovei, porque é um técnico experiente, que ganhou um Mundial e vai colocar o Brasil para jogar à moda brasileira, explorando a técnica de nossos jogadores. Foi uma mudança certa.

E o Atlético, tem tudo para ter um 2013 vitorioso?

Tenho acompanhado os jogos e vejo o time muito forte. Se mantiver o foco, com certeza, vai chegar lá e numa situação muito boa, porque ainda não o consideram um time de ponta do Brasil. Falam no Ronaldinho, às vezes dos gols do Réver, e não destacam o time. Isso mexe com o jogador. É bom.

O Cruzeiro vai crescer com Marcelo Oliveira?
Vai, porque o Marcelo conhece e a diretoria lhe deu uma linha de frente poderosa. Se esses atacantes mostrarem futebol, sai de baixo.

O Edinho ainda diz que você é o culpado pelos três gols do Paulo Rossi no Sarriá, da Itália, na Copa de 82, e que ficou devendo no futebol. Só tinha fama de bom zagueiro?

Olha, isso é papo para quem nunca jogou. O papo de quem jogou é outro. Deixe-o falar.

Por que você não fez opção por continuar no futebol?
Tentei como técnico e não deu. É difícil você tentar ensinar um jogador e aos 15 anos ele já se acha.

E como dirigente?
Também não deu. A experiência no Villa Nova (como presidente), por falta de recursos, ficou no meio do caminho.

E o Villa Nova (3º, com 12 pontos) vai disputar este título mineiro?
Tem time, com destaque para o lateral-direito Rodrigo, o Tchô, que foi meu jogador na base do Atlético, e o goleiro Thiago Braga. Está sabendo jogar bem fora de casa. Em Nova Lima, devido às dificuldades do campo, não consegue o mesmo rendimento. Vai chegar entre os quatro.