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Os 12 trabalhos de Mancini: desafios hercúleos do treinador para permanecer no Atlético em 2020

Treinador tem contrato até o fim do ano, mas sonha em continuar no clube

postado em 19/10/2019 06:00 / atualizado em 19/10/2019 09:54

<i>(Foto: Bruno Cantini / Atlético)</i>

Vagner Mancini não é Hércules, o personagem da mitologia greco-romana, mas terá desafios extraordinários pela frente para permanecer no Atlético em 2020. Como o herói, o treinador precisará passar por provações e comprovar o seu valor. O Superesportes elencou 12 trabalhos que o comandante alvinegro deverá cumprir em 12 rodadas do Campeonato Brasileiro para receber seu prêmio em dezembro: a renovação contratual com o Galo.

<i>(Foto: Reprodução/Walt Disney Pictures)</i>

1) Terminar o Brasileiro na parte de cima da tabela


O Atlético está na 12ª colocação do Campeonato Brasileiro, com 32 pontos. São 10 a menos em relação ao Internacional, clube que abre o G-6. Por outro lado, são seis pontos do CSA, primeira equipe do Z-4. Embora o momento seja de crise no clube, o treinador terá que alcançar com o Galo a parte de cima da tabela. “Nós temos que pensar em tudo, porque o campeonato ainda está em aberto. A gente tem um time liderando o campeonato com certa margem. O resto está tudo indefinido ainda”, disse o treinador.


2) Encontrar um esquema ideal


Logo no primeiro jogo, Mancini escalou o Atlético com três zagueiros: Leo Silva, Igor Rabello e Réver. O último, contudo, atuou mais adiantado, como primeiro volante. Mancini não adiantou se continuará com esse esquema, mas disse que pretende fazer o Galo ser mais combativo: “Quero que o Atlético volte a ter o seu DNA. DNA de agressividade, DNA de intensidade, principalmente quando joga dentro do Independência”.


3) Melhorar a defesa

<i>(Foto: Bruno Cantini / Atlético)</i>

O treinador precisa, com urgência, melhorar o sistema defensivo. O Atlético leva gols há 17 partidas consecutivas, contando todas as competições. A última vez que a zaga alvinegra passou ilesa foi na vitória sobre o Cruzeiro por 2 a 0, em 4 de agosto, no Independência, pela 13ª rodada do Campeonato Brasileiro. Levando em consideração apenas a Série A, o Galo tem a terceira pior defesa, com 37 gols sofridos. Apenas Avaí (39) e Chapecoense (40) sofreram mais gols.


4) Fazer o time evoluir coletivamente


O Atlético já viveu bom momento na temporada. Sob o comando de Rodrigo Santana, o Galo atingiu a 4ª posição da Série A, na 14ª rodada. Até então, o time tinha perdido apenas três jogos. A equipe apresentava consistência coletiva e sonhava alto. Contudo, as coisas desandaram. Mancini tentará recuperar esse bom momento para que o Atlético volte a ser um time forte no Campeonato Brasileiro.


5) Resgatar jogadores importantes


Atletas experientes, como Fábio Santos, Elias e Ricardo Oliveira, estão em baixa no clube. O lateral-esquerdo tem enfrentado dificuldade na marcação e não tem subido ao ataque com a mesma qualidade do passado. Já o volante repetiu em poucos momentos as atuações que o levaram à Seleção Brasileira quando vestia a camisa do Corinthians. Por sua vez, o atacante viveu dias de glórias – no início do ano chegou a marcar nove vezes em cinco jogos – e hoje, contudo, enfrenta uma longa seca de gols. Não balança as redes desde 10 de agosto. Mancini quer recuperar a autoestima dos jogadores. “Acho que hoje o grande x da questão é devolver ao atleta sua autoestima. É fazer que ele possa entrar em campo de uma forma confortável”, frisou.

6) Valorizar a base

<i>(Foto: Bruno Cantini / Atletico)</i>


Nomes como Vitor Mendes, Hulk, Bruninho e Alerrandro podem ganhar mais chances com Vagner Mancini. O treinador disse que sabe aproveitar bem os jovens atletas. “Eu sempre olhei para a base. Tenho uma lista de jogadores que foram lançados durante a minha participação nas equipes. Eu olho com muito carinho para a base, porque acho que é a salvação, a reestruturação do futebol brasileiro. Mas com coerência, não é ir na base e buscar um jogador e colocar no time titular. Tem que dar um tempo para ele se ambientar. E o Atlético tem uma base de qualidade”.


7) Aproveitar estrangeiros que chegaram


O diretor de futebol do Atlético, Rui Costa, contratou quatro jogadores e nenhum deles conseguiu se destacar com o ex-comandante Rodrigo Santana. Chegaram ao clube o lateral uruguaio Lucas Hernández (R$ 12 milhões), o volante paraguaio Ramón Martínez (R$ 8 milhões) e o atacante argentino Franco Di Santo (estava sem clube). Uma das missões de Mancini será elevar o rendimento desses atletas. Apenas Di Santo está no time titular.


8) Conquistar a torcida do Atlético


Vagner Mancini ficou conhecido em Minas Gerais por ser o treinador que salvou o Cruzeiro do rebaixamento em 2011, com direito a goleada sobre o Atlético por 6 a 1, em partida disputada na Arena do Jacaré, pela última rodada do Campeonato Brasileiro. Portanto, ele não traz boas lembranças ao torcedor atleticano. Para piorar, o técnico paulista coleciona rebaixamentos. Ele reconhece que a rejeição acontece: “Você tem que respeitar a opinião das pessoas. Eu tive dois rebaixamentos na minha vida, mas já tive acessos, título de Copa do Brasil, vários estaduais ganhos”, frisou Mancini. “Estou aqui sentado porque já fiz bons trabalhos, por isso o Atlético me escolheu”, acrescentou.


9) Voltar a fazer o Galo forte no Horto

<i>(Foto: Bruno Cantini/Atlético)</i>


Neste Campeonato Brasileiro, o Atlético somou apenas 20 pontos jogando em casa – aproveitamento de 51,28%. O rendimento está longe de causar temor nos adversários, que já nem se lembram do 'Caiu no Horto, tá morto', expressão que se popularizou quando o Galo vencia quase todas em seus domínios. Mancini espera resgatar essa força do Independência. “Já enfrentei o Atlético várias vezes aqui em BH e era muito difícil jogar contra, era muito difícil você superar uma equipe com o apoio do torcedor. Você não tem ideia do que é vir jogar e enfrentar a torcida do Atlético”, destacou o treinador.


10) Driblar o problema financeiro do clube


O Atlético admitiu que não pagou a última folha salarial e o direito de imagem dos jogadores, que venceram nos últimos dias. O clube passa por dificuldades financeiras que podem afetar o rendimento dos atletas em campo. Mancini tentou minimizar o assunto ao dizer que a maioria dos clubes brasileiros vive situação similar. “O atraso de salário não pertence somente ao atleta, ele está inserido na sociedade brasileira. Futebol fica exposto quando você tem a nota de que o time deve, mas isso hoje é muito comum na maioria da sociedade brasileira. Eu acho que nós no esporte estamos mais expostos, mas não é só no Atlético. Fica até fácil de falar sobre isso vendo que do lado todo mundo passa por isso. É um momento de reestruturação do futebol brasileiro, como a Inglaterra passou na década de 1970, que hoje é o futebol mais forte do mundo”.


11) Conseguir fazer de Cazares um atleta regular


O equatoriano é o atleta mais talentoso do elenco do Atlético. Isso é quase uma unanimidade. Mas o armador precisa ser mais regular em campo e comprometido com o clube. Nesta temporada, ele disputou 42 jogos e marcou nove gols. Recentemente, o Cazares descartou a possibilidade de ser mais efetivo. “São quase 70 jogos num ano. Se eu conseguisse manter 70 jogos no mesmo nível, eu estaria no Real Madrid”, disse. Mancini pode ser um catalisador para o camisa 10 render mais e em muitos jogos.


12) Provar que pode ser um técnico de time de ponta


Mancini venceu a Copa do Brasil em 2005 com o modesto Paulista, do interior de São Paulo. Parecia o início de carreira de um grande treinador. Isso, contudo, não se confirmou. Mancini nunca se firmou na prateleira de cima dos grandes técnicos. Ele teve a oportunidade de dirigir grandes clubes, como Cruzeiro, Grêmio, Santos, Vasco e Botafogo, mas nunca se firmou. Talvez seja a última chance do paulista mostrar do que é capaz em uma equipe gigante do futebol brasileiro.

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