Futebol Nacional
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OPINIÃO

Coluna de Fred Figueiroa: 'O processo que retarda o trabalho de reconstrução do Sport"

Colunista do Superesporte comenta os bastidores do time rubro-negro

postado em 11/12/2018 17:30

Leo Malafaia e Paulo Paiva/DP
O processo eleitoral que só terá fim no dia 18, inevitavelmente, retarda o trabalho (que deveria ser urgente) de reconstrução do elenco do Sport. O que é ainda mais grave com a drástica redução financeira gerada pelo rebaixamento justamente no primeiro ano em que não existe a cláusula de proteção das cotas da TV para os 18 clubes que tinham contrato fixo com a Globo. Os candidatos à presidência sequer têm a informação precisa do quanto terão à disposição na próxima temporada. Neste cenário, perder tempo pode ter um efeito negativo significativo para 2019. Existem urgências para serem equacionadas. E só a partir delas será possível traçar um quadro minimamente sólido dos caminhos da equipe para o próximo ano.

Negociações urgentes 

Das urgências, a maior é regularizar os salários ao menos dos jogadores que despertam um maior interesse do mercado dos clubes da Série A. São três: Sander, Jair e Mateus Gonçalves. Todos com contrato para 2019 - no caso do atacante, até maio apenas. Porém, com três meses em aberto, qualquer jogador pode entrar na justiça para ganhar seu direito econômico e, assim, negociar com outro clube sem que o Sport receba um centavo. Existe uma espécie de “pacto” entre os clubes do país para não usar esta forma de negociação - e os empresários acabam respeitando. Mas uma eventual proposta de outro país, por exemplo, pode romper essa “linha imaginária” de conduta. Ou seja, para evitar qualquer risco - e esta vulnerabilidade já se arrasta há semanas - o clube rubro-negro tem que pagar os salários deste trio. Jair e Mateus, aliás, não ganharam nada em quatro meses. Uma das maiores irresponsabilidades administrativas da história recente do Sport. E, para deixar claro, esta movimentação que defini como urgente já é tardia. Mas, ao menos, pode garantir que o clube receba compensações financeiras razoáveis com as saídas dos dois jogadores em questão. Jair, por exemplo, está sendo especulado no São Paulo. Sander, por ora, tem uma possibilidade mais concreta de permanecer. E seria muito importante que o lateral seguisse na Ilha.

O quinteto de R$ 1 milhão 

Depois de definir o futuro desses jogadores mais valorizados no mercado, o passo seguinte - ou mesmo simultâneo - é tirar peso da folha salarial. Cinco jogadores, juntos, custam mais de R$ 1 milhão por mês: Magrão, Ronaldo Alves, Rithely, Rogério e Lenis. Destes, o volante é o que tem o destino mais encaminhado. Fora de ação depois da cirurgia no tornozelo, Rithely deve permanecer mais um ano no Inter. O clube gaúcho quer prorrogar o empréstimo, mas há um impasse na questão salarial. Na realidade atual, parece fora do contexto o Sport pagar o salário do jogador para ele atuar em outro clube. Dependendo dos rumos da negociação, aliás, pode surgir uma possibilidade de facilitar a permanência do zagueiro Ernando na Ilha. Um dos melhores nomes rubro-negros na Série A de 2018 seria um reforço enorme para a segunda divisão. Para viabilizar esta permanência, a negociação de Ronaldo Alves é imprescindível. Há rumores de uma nova proposta do futebol turco. E mesmo que não venha, Ronaldo tem mercado para a Série A e pode ser emprestado sem custo. Situação parecida com a de Rogério, que já tem proposta do Fortaleza e sondagem do Bahia. No caso de Magrão e Lenis, sem interesse do mercado, devem seguir no elenco.

Consequência do atraso 

Até aqui citei oito jogadores com contrato para o ano que vem, que poderiam formar uma base de qualidade técnica acima da média para a Série B. Mas a conta não fecha no orçamento. E o desempenho recente dos últimos cinco citados também acaba induzindo para o caminho da tentativa de negociação. O x da questão é que, seja qual for o caminho, é fundamental que seja definido nos próximos dias. Não há como traçar qualquer planejamento financeiro ou técnico sem ter a resposta de quantos e quais desses oito jogadores permanecerão para 2019. Não há como prever sequer o tamanho da reconstrução. Assim a tendência em curso, já assimilando o atraso em todo este processo, é que realmente o Sport considere este atraso como parte inevitável do planejamento e coloque o Sub 23 em ação nos primeiros jogos do ano. E, particularmente, considero o melhor a fazer. Até para se ter uma noção mais clara do potencial dos jogadores recém-saídos da base. Em um ano de orçamento reduzido, os garotos tornam-se peças fundamentais. Dois deles, na verdade, começam 2019 consolidados e titulares absolutos: Mailson e Adryelson.