Futebol Nacional
None

PESQUISA

Pesquisadora lança livro mostrando perfil inédito da torcida feminina em Pernambuco

Soraya Barreto reuniu um total de 500 entrevistas durante o Pernambucano de 2018; resultados revelam mudança histórica na autonomia feminina

postado em 24/05/2019 22:00 / atualizado em 25/05/2019 00:45

<i>(Foto: Arte/Divulgação)</i>
Foi percebendo o ambiente machista dos estádios pernambucanos e a pouca visibilidade dada às mulheres no esporte, que a professora de Publicidade e Propaganda da Universidade Federal de Pernambuco, Soraya Barreto, teve a iniciativa de encabeçar uma pesquisa reveladora: traçar o perfil das torcedoras de Náutico, Santa Cruz e Sport em Pernambuco. E o resultado trouxe dados inéditos, publicados no livro “Mulheres em campo: o ethos da torcedora pernambucana”. O lançamento do projeto acontecerá no próximo dia 27, às 19h, no espaço Sinspire, Rua da Guia, 237, na Praça do Arsenal. 

O trabalho trouxe números relevantes acerca da modificação protagonizada pelas mulheres no cenário futebolístico local. Das 500 torcedoras que responderam o questionário semiestruturado, cerca de 22% afirmaram que o gosto pelo futebol foi influenciado por figuras maternas, como mães e avós. E não mais pela tradicional presença masculina neste quesito - embora tenha sido constatado que os homens ainda exercem maior predomínio.  

Dentro deste universo, o projeto da pesquisadora da UFPE também conseguiu identificar o surgimento de movimentos femininos no Trio de Ferro em prol da maior participação das torcedoras nos estádios. O Elas e o Sport, o Movimento Coralinas, do Santa Cruz e as Timbuzeiras, pelo Náutico, foram uma “grata surpresa”, segundo Soraya. 

“A mulher não é vista como protagonista dentro do estádio, porque sofre muito assédio, não é considerada uma pessoa que entende, que pode opinar sobre futebol. O que a gente percebe nesses movimentos é a recuperação e a conquista de um espaço que sempre foi negado às torcedoras. Foi uma grata surpresa. Pois mostra que as mulheres não querem somente ir ao estádio assistir ao jogo. Mostra que elas podem ir, podem entender, porque aquele espaço também é delas.”, finalizou.

O livro também trouxe outro número relevante para entender as modificações protagonizadas pelas mulheres. Cerca de 33% das entrevistadas afirmaram que começaram a torcer pelos seus times e gostar de futebol acompanhando os campeonatos, e não mais pela tradicional influência direta de homens.