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LUTO

Morre, em BH, o jornalista esportivo Luiz Carlos Alves, ex-Rádio Guarani

Mineiro de Belo Horizonte, Luiz Carlos estava com 70 anos

Ivan Drummond
Luiz Carlos Alves era comentarista do Programa Rádio Vivo, da Rádio Itatiaia, desde 2008 - Foto: Reprodução/FacebookFaleceu no início da manhã desta quinta-feira, vítima de câncer no pâncreas, o jornalista Luiz Carlos Alves, de 70 anos. Ele foi um dos grandes nomes do rádio mineiro, além de ter trabalhado em televisão. Luiz morre dois depois do falecimento de outro jornalista esportivo, o ex-locutor Willy Gonser. Mineiro de Belo Horizonte, Luiz Carlos Alves começou a sua carreira na extinta Rádio Minas. De lá, em 1966, foi para a Rádio Itatiaia, trabalhar como repórter. Em seguida, em 1976, foi para a Rádio Guarani, a convite de Tancredo Naves, chefe da equipe de esportes, trabalhando junto com Walter Luiz, Paulo Celso, Dirceu Pereira, Jota Júnior e Lúcio dos Santos.
Na Guarani, pouco tempo depois, deixou de ser repórter para ser o coordenador de esportes. Nessa época passou a trabalhar, também, como debatedor de programas de esportes da extinta TV Itacolomi. Nesse tempo, fez amizade com várias expressões dos gramados mineiros, tornando-se amigo pessoal de Cincunegui, ex-lateral-esquerdo do Atlético, falecido em outubro de 2016. Por conta dessa amizade, ia constantemente a Montevidéu, capital do Uruguai, onde vivia o ex-jogador.

Em 1982, deixa a Guarani e volta à Rádio Itatiaia, tendo participado da cobertura da Copa do México'86. Trabalhou também, por dois períodos diferentes, na Rádio Inconfidência, onde foi chefe de Esportes, e ainda como comentaria da TV Bandeirantes. Em meados dos anos 90, dirigiu o Programa Manchete Esportiva Minas, na extinta TV Manchete. Participou da cobertura de seis Copas do Mundo.

Sua última atividade no rádio mineiro foi como debatedor do Programa Rádio Vivo, comandado por José Lino Souza Barros, que vai ao ar na Rádio Itatiaia todas as manhãs. Exercia essa atividade desde 2008.

Luiz Carlos descobriu a doença há pouco mais de um mês. Desde então estava internado no Hospital Felício Roxo, tendo sido acompanhado pelos filhos e amigos de sua vida profissional. Foi também presidente da AMCE (Associação Mineira dos Cronistas Esportivos), no final dos anos 80, início dos 90. O velório do corpo de Luiz Carlos Alves será de 14h às 19h desta quinta-feira, no Funeral House, na Avenida Afonso Pena, 2158, Funcionários, em Belo Horizonte. A cerimônia de despedida será às 18h30 e, em seguida, o corpo seguirá para cremação.

Lembranças

(por Ivan Drummond)

Em alguns momentos da vida da gente paramos para relembrar histórias com amigos, principalmente num momento como esse, do adeus a Luiz Carlos Alves, pessoa, repórter que fez parte da minha vida pessoal e profissional.

Você se lembra Luiz, quando cheguei ao jornal? Num encontro que tivemos na AMCE, logo depois da morte de meu pai, Felippe Drummond, também jornalista e que está aí, com você, nessa nova morada, o que você me falou? Para mim, foram suas boas vindas.

“Sabe, seu pai foi um dos grandes amigos que tive. Foi meu professor no jornalismo, quando estava começando, lá na Rádio Guarani. Me dava muitos conselhos”, disse em 1979.

O tempo passou e sempre me tratou com muito carinho e respeito. Um dia, fiquei sabendo que Cincunegui, ex-lateral-esquerdo do Atlético, aquele que travou grandes duelos com Natal, ex-ponta-direita do Cruzeiro, viria a BH. Tive a ideia de juntá-los para uma matéria. Natal era fácil de encontrar. Vive em BH. Mas e Cincunegui? Dificilmente, alguém o conheceria no Uruguai, pois já havia parado há muito tempo. Procurei, falei com várias pessoas, mas nada.

Mas eis que, ao encontrar-me com você, me colocou Cincunegui na minha frente. Me contou que eram amigos. Fiz a matéria. Promovi o encontro que balançava o Mineirão nos clássicos.

Não sabia que todas as vezes que Cincunegui vinha a BH ficava na sua casa e nem que, quando você ia a Montevidéu, ficava na dele. A partir desse dia, todas as vezes que o ex-lateral vinha a BH, me ligava. Íamos tomar cerveja, no Bar Salomão, na Serra. E lá, Cincunegui contava suas histórias, muitas aventuras em BH, quando vestia a camisa do Galo.

Mas você me surpreendeu uma vez. Foi depois de ter escrito uma série sobre Hilda Furacão, que encontrei morando em Buenos Aires. Me ligou para marcar um encontro, e me contou de seu encontro, no México, com Hilda e com seu marido, Paulinho Valentim.

Foi uma história triste. Você estava cobrindo o Atlético numa excursão à América do Norte e que você, Telê Santana e Dario foram visitar o casal. Lá estava porque Paulinho Valentim, que tinha sido contratado para jogar por lá. Mas tudo tinha dado errado e o ex-jogador era, naquela época, estivador, no cais do porto, em Acapulco. Mais triste ainda, que viviam, com o filho deles, num quartinho de pensão.

E a pouco tempo, nos encontramos no barbeiro, no Centro. Outra grata surpresa. O Toninho, meu barbeiro, era também o seu. E lá, a gente conversava, lembrava de casos do passado, de nossos times de nossos companheiros de imprensa. Pois é, agora vou ao barbeiro e você não estará mais lá.