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SÉRIE B

Cruzeiro x América: clássico pela Série B opõe equipe em construção e base consolidada

Entenda como resultado pode impactar na situação dos times na Série B

postado em 28/08/2020 06:00 / atualizado em 28/08/2020 11:42

(Foto: Marco Ferraz/Cruzeiro e João Zebral/América)
Seis meses depois do empate por 1 a 1, pela primeira fase do Campeonato Mineiro, Cruzeiro e América voltam a se enfrentar no Mineirão, desta vez pela sexta rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. O clássico deste sábado, às 19h, coloca frente a frente dois times com o propósito de brigar pelo acesso à elite nacional, porém em estágios diferentes de desenvolvimento. De um lado, a Raposa ainda busca a construção de um padrão considerado ideal pelo técnico Enderson Moreira e que agrade sua exigente torcida. Do outro, o Coelho tenta manter a boa base que quase subiu à Série A no ano passado, com Felipe Conceição, e vem apresentando bom repertório sob o comando de Lisca.

Time em construção no Cruzeiro


Enderson Moreira iniciou sua trajetória no Cruzeiro com vitórias nos seis primeiros jogos - duas no Campeonato Mineiro, uma no Troféu Inconfidência e três na Série B. Apesar do começo fantástico, o técnico sempre alertou para o fato de que a equipe ainda não estava pronta. Na quinta-feira, 20 de agosto, a Raposa sofreu o primeiro revés na segunda divisão, para a Chapecoense, por 1 a 0, no Mineirão. No último domingo (23), empatou por 1 a 1 com o Confiança, em Sergipe, pela quinta rodada. Já na quarta (26), despediu-se na terceira fase da Copa do Brasil ao ficar no 1 a 1 com o CRB, em Maceió (os alagoanos ganharam na ida por 2 a 0, no Mineirão, em 11 de março).

Nesses três jogos sem vencer, o Cruzeiro foi um time com muita posse de bola, mas pouco eficaz nas conclusões. A maior parte da troca de passes ocorreu entre defensores e na intermediária de ataque. Os centroavantes Marcelo Moreno e Thiago praticamente não tiveram oportunidades claras para finalizar e melhorar suas marcas. Enquanto o boliviano balançou a rede uma vez em dez partidas na temporada, o jovem de 19 anos anotou três gols em 13 apresentações.

(Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

Enderson Moreira reconheceu a necessidade de o Cruzeiro aumentar sua produtividade. “A gente está sempre atento a isso, em poder ter um rendimento cada vez melhor. Por mais que a gente possa dominar o jogo e criar algumas situações, acho que a gente precisa fazer mais”. Como não encontrou até o momento a melhor composição, o técnico pediu paciência aos cruzeirenses que esperavam uma evolução mais acelerada. “Estamos ainda em um processo muito complicado de poder reestruturar o time durante a competição. Não tínhamos outro caminho, até porque as oportunidades de mercado aconteceram muito em cima do reinício do futebol”.

Para o clássico de sábado, Enderson poderá contar com peças que não enfrentaram o CRB por já terem participado da Copa do Brasil por outros clubes: o lateral-esquerdo Patrick Brey (que também estava machucado), o volante Henrique, os meias Régis e Claudinho e o atacante Arthur Caike. Outra novidade deve ser Marcelo Moreno, recuperado de trauma na cabeça. O treinador deve promover ainda a volta de Cacá, poupado em Alagoas por causa da rotina de jogos em sequência.

Peso do resultado


Apesar do aproveitamento de 66,66% na Série B (três vitórias, um empate e uma derrota), o Cruzeiro aparece em 11º lugar, com quatro pontos, já que iniciou a competição com seis pontos negativos devido a uma punição aplicada pela Fifa. Neste momento, a equipe se encontra mais perto da zona de rebaixamento - que tem o Brasil de Pelotas em 17º, com três - que do G4 - fechado pelo Operário-PR, com nove.

Ainda que possa alcançar no máximo a nona posição - ocupada pelo Vitória, com sete pontos -, o Cruzeiro conseguiria frear o América (7º, com 8) em um eventual triunfo no clássico. Por outro lado, o revés faria o time correr o risco de despencar para o 16º lugar, aumentando as cobranças em cima do trabalho de Enderson Moreira e uma possível pressão por mudanças.

Destaque


(Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro)

O destaque no Cruzeiro na Série B é o lateral-direito Raúl Cáceres, que alia boa postura defensiva, com desarmes e antecipações, e participação no ataque com cruzamentos precisos. Ele deu assistências para os gols de Cacá, diante do Botafogo-SP (vitória por 2 a 1, no Mineirão), e Leo, contra o Guarani (triunfo por 3 a 2, no Brinco de Ouro, em Campinas). Já no empate com o Confiança (1 a 1), o paraguaio apareceu de surpresa na segunda trave e anotou, de cabeça, seu primeiro gol pelo clube, após lançamento de Régis. No ataque, o recém-contratado Airton, ex-Palmeiras e Inter de Limeira, deixou boa impressão ao entrar no segundo tempo diante do CRB. Opção de drible e velocidade, ele pode ser a surpresa no fim de semana.

Base consolidada no América


O América tem uma base consolidada desde 2019, quando esteve perto de subir à primeira divisão ao terminar a Série B em quinto lugar, com 61 pontos. O acesso só não veio em razão do revés no Independência para o já rebaixado São Bento, por 2 a 1, em tarde de infelicidade do sistema defensivo. Mesmo assim, o feito ganhou destaque pela campanha de recuperação do time, que saiu da lanterna, na 10ª rodada, e contabilizou 55 pontos em 28 jogos, com aproveitamento de 65,4%.

O técnico Lisca deu sequência ao bom trabalho de Felipe Conceição, mantendo o esquema tático no 4-3-3 com variação para o 4-3-1-2. A escalação habitual não é mistério para os torcedores: Matheus Cavichioli no gol; Messias e Eduardo Bauermann na zaga; Daniel Borges e João Paulo nas laterais. No meio-campo, Zé Ricardo faz a função de cabeça-de-área, Juninho fica aberto pela direita e Alê funciona como meia-esquerda. Na frente, Matheusinho, Rodolfo e Léo Passos formam o trio de ataque. O banco de reservas dispõe de boas opções, como o ágil Neto Berola, o dinâmico Geovane e o organizador Marcelo Toscano, notabilizado pelos chutes de média distância. E a diretoria contratou recentemente o meia Guilherme, conhecido pelas boas passagens por Cruzeiro e Atlético.

(Foto: Mourão Panda/América)

“É um grande jogo, um clássico local. O Cruzeiro teve essa dificuldade de começar com menos seis pontos, largou bem, mas nas últimas duas rodadas não conseguiu vencer. O América também teve duas ou três rodadas que não venceu, mas recuperou, a gente conseguiu chegar próximo ao G4”, avaliou Lisca, que vê o clássico como oportunidade para o Coelho vencer e se manter perto do pelotão de acesso. “Nós estamos encarando como um jogo decisivo para a gente, talvez, entrar no G4, mas o mais importante é nessas 10 ou 15 primeiras rodadas estar ali próximo”, complementou.

Peso do resultado


Conforme destacado por Lisca, o América (7º colocado, com 8 pontos) tem boa chance de entrar no G4 caso vença o Cruzeiro. O vice-líder Cuiabá e a terceira colocada Chapecoense, ambos com 10 pontos, enfrentam-se nesta sexta-feira, às 20h30, na Arena Pantanal, em Cuiabá-MT. No sábado, às 21h, a Ponte Preta (5ª, com 8) visitará o Sampaio Corrêa, no Castelão, em São Luís-MA. Já no domingo, às 19h, o Operário (4º, com 9) receberá o Brasil de Pelotas, no Germano Krüger, em Ponta Grossa-PR, enquanto o CRB (6º, com 8) fará clássico com o CSA, no Rei Pelé, em Maceió. Além de torcer por combinação favorável, o Coelho quer impedir a ascensão de um concorrente direto no torneio, como é o caso da Raposa.

Destaque


(Foto: Daniel Hott/América)


Embora pouco apareça para chutar a gol ou dar assistências, o volante Zé Ricardo é um dos atletas mais regulares do América. Segundo dados do SofaScore, ele é o quarto jogador que mais desarmou na Série B, com 17 intervenções, e tem uma média de 40 passes certos por jogo. A capacidade do camisa 5 de tomar a bola do adversário garante a segurança necessária à defesa e proporciona liberdade maior aos homens de criação no meio-campo. Outra peça a ser destacada no Coelho é o atacante Rodolfo, que, mesmo tendo perfil de atuar pelas beiradas, adaptou-se bem à função de 9 e marcou oito gols em 17 jogos.

Retrospecto


Cruzeiro e América farão neste sábado o clássico número 371. O retrospecto aponta 157 vitórias celestes, 112 empates e 101 triunfos alviverdes. A Raposa marcou 658 gols, enquanto o Coelho contabilizou 526. O último triunfo americano ocorreu há mais de quatro anos, em 16 de abril de 2016, pela ida da semifinal do Campeonato Mineiro: 2 a 0, gols de Adalberto e Victor Rangel. Desde então, foram realizados 13 duelos, com oito vitórias cruzeirenses e cinco empates.

Números em 2020


Cruzeiro

Jogos: 21
Vitórias: 10
Empates: 6
Derrotas: 5
Gols marcados: 30
Gols sofridos: 21
Aproveitamento: 57,14%

América

Jogos: 22
Vitórias: 11
Empates: 8
Derrotas: 3
Gols marcados: 28
Gols sofridos: 16
Aproveitamento: 62,12%

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