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Técnico do Boa admite ter de lidar com ódio e põe em dúvida titularidade de Bruno

Julinho Camargo disse ainda que não foi consultado sobre contratação

João Vítor Marques
Julinho Camargos comentou pela primeira vez a contratação do goleiro Bruno pelo Boa Esporte - Foto: Reprodução/FacebookA contratação de Bruno pelo Boa Esporte atinge diversas pessoas. Torcedores, patrocinadores, administração pública, clube e ativistas se manifestaram sobre o retorno do jogador ao futebol. Entretanto, a pessoa que mais terá contato com o goleiro nos próximos meses será Julinho Camargo.
Em entrevista exclusiva ao Superesportes, o técnico do clube de Varginha comentou a polêmica contratação de Bruno. Entre os principais assuntos, Julinho, de 46 anos, revelou não ter sido consultado pela diretoria do Boa Esporte sobre a negociação, não garantiu a titularidade do goleiro e respondeu como lidará com o possível “ódio” de torcidas rivais.

O treinador também se mostrou cauteloso quanto ao retorno de Bruno aos gol em partidas oficiais e não quis comentar perda de patrocinadores.

Leia, na íntegra, a entrevista de Julinho Camargo

Como foi a recepção a Bruno?

“Na verdade, foi normal. A gente sabe que o Bruno, por todo contexto, acaba trazendo muita assédio da mídia. Mas a gente tem que recebê-lo da melhor forma possível e ter os olhos no Bruno como temos em qualquer outro atleta. Vamos propiciar um alto nível de treinamento e vamos torcer para que ele retome o bom futebol. Ainda não tive contato mais próximo com ele, porque estamos na véspera de um jogo, e eu estou preocupado com isso. Sou um treinador com 27 anos de trajetória. Tenho formação acadêmica, pós, mestrado. E uma das premissas do educador é olhar para o aluno sem distinção. A gente vai aos poucos estreitando a relação de uma forma natural.”

Quando você pretende contar com o Bruno?

“Depois que tivermos todo o desenho do quadro do Bruno em relação à parte física, a gente vai poder traçar um norte de treinamento para poder evoluir. Sem os dados, não temos como precisar o tempo, que pode ser de 30, 40, 60 dias. Depende muito. Têm que ser feitas as avaliações fisiológicas, que vamos considerar. Hoje, se eu te falar algo, não estaria dando uma resposta fidedigna. O presidente tem uma ideia . Mas eu analiso uma área um pouco mais científica e gosto de ter os dados.”

Bruno será titular do Boa Esporte?

“Acho que o Bruno tem uma possibilidade de aparecer como titular, assim como nosso goleiro, o Luan, tem possibilidade de permanecer. Luan está fazendo bons jogos, tem potencial. O Kewin, nosso outro goleiro, também tem feito bom trabalho. Mas o Bruno vem de uma base no Atlético, passou por Corinthians, Flamengo. É um jogador de alto nível. Se ele vai conseguir retomar a performance, só o tempo dirá. Espero que sim, que o rapaz consiga fazer um bom trabalho com a gente.”

"Não é uma Boa": mulheres protestam contra a contratação e pedem oportunidade para atletas locais - Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press
Você foi consultado antes de a diretoria concretizar a contratação?


“Não, não fui consultado. Estávamos fazendo dois jogos fora de Varginha, ficamos seis dias fora da cidade. Foi nesse momento que eles fizeram a contratação. Já é minha segunda temporada no Boa. Desde o primeiro momento, fui contratado para treinar o time, não para contratar. O clube tem dono, e eu sou funcionário. O dono não tem que consultar quando contrata um funcionário. O futebol brasileiro, em alguns momentos, supervaloriza a condição do técnico.”

O Boa perdeu todos os patrocinadores após a contratação. Alguns deles traziam benefícios diretos ao time, como exames médicos e produtos de suplementação alimentar. De que forma isso altera seu trabalho?

“Eu acho que essa pergunta tem que ser feita aos donos, não ao treinador. Respondo pelo campo. Quando contrataram Ramon, Felipe Mattioni, eu recebi o atleta, treinei e dei a possibilidade de jogar. Farei o mesmo com o Bruno.”

Qual sua análise da reação dos torcedores? Você acredita que, atualmente, o Boa é odiado?


“Eu respeito toda e qualquer opinião do torcedor. Entendo que nosso país é democrático, que algumas pessoas torcem para um ou para outro. Uns são de uma religião, outros de outra. Isso faz parte do nosso país, da democracia. Vou respeitar. Trabalho há 27 anos com futebol e entendo que todas as ações do torcedor são pertinentes ao jogo e podem ajudar ou atrapalhar. Mas acho que temos que estar preparados o suficiente para fazer o jogo independentemente do que o torcedor nos propõe. Falei sobre esse contexto da contratação do Bruno de forma especial. Pretendo não falar mais sobre esse assunto”