A opção pelo Esporte Interativo, feita por oito clubes da Série A, foi motivada principalmente pelos valores financeirosA oferta do canal controlado pelo grupo Turner, multinacional da área de comunicação e entretenimento, é cinco vezes maior do que foi oferecido pelo SporTVSão R$ 560 milhões de um lado contra R$ 100 milhões do outroVale lembrar que todas as informações se referem à TV fechadaAs transmissões pelos canais abertos continuam sob o domínio da Rede GloboTodos os acordos são válidos de 2019 a 2024.
O Esporte Interativo aproveitou um pequeno “vacilo” da Rede Globo, proprietária do SporTV, para entrar no jogoOs acordos anteriores entre a Globo e os clubes envolviam o pacote completo: canais fechados, canais abertos e pay-per-viewNeste bolo, os canais por assinatura ofereciam um valor menor em relação aos canais abertos.
Em 2014, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e encarregado de fiscalizar o mercado em busca de possíveis infrações à livre concorrência, exigiu que as propostas fossem desmembradasFoi a brecha para a entrada do Esporte Interativo, que ofereceu valores mais atraentes apenas para o sinal fechado.
Em março, o Santos se tornou o primeiro grande clube a fechar o acordo e recebeu R$ 40 milhões de luvas pelo pioneirismo
Além da questão financeira, o Palmeiras foi atraído por alguns diferenciaisO principal deles foi o uso do nome Allianz Parque nas transmissões - os canais Globo usam a nomenclatura Arena PalmeirasAlém disso, o Esporte Interativo oferece uma promoção para estimular o programa de sócio-torcedor, a possibilidade de torneios contra grandes europeus e direitos sobre replay dos jogosCom isso, o Palmeiras se tornou o carro-chefe do novo canal.
Pelo acerto, o Palmeiras receberá luvas de R$ 100 milhõesDo total, o clube já recebeu R$ 50 milhões e o restante será pago no começo de 2017“A força da Turner pode contribuir substancialmente para tornar o nosso Alviverde ainda mais forte”, disse o então presidente do clube, Paulo Nobre.
RECEIO
Pelo acordo, os clubes vão dividir o montante inteiro pelo seguinte critério: 50% igualmente, 25% de acordo com a posição do campeonato e 25% por audiência do IbopeProvavelmente, o time alviverde ficará com a maior cota em função da maior torcida e da estrutura do clubeEm função da concorrência, a Rede Globo está revendo a divisão de suas cotas, que oferece fatias maiores para Flamengo e Corinthians.
Dirigentes ouvidos afirmam que alguns clubes ainda mostram certo receio com a novidadeArgumentam que já conhecem “o padrão Globo de qualidade”, normalmente seguida pelo SporTV, mas que não conseguem avaliar a concorrênciaAlém disso, destacam que a receita de TV ainda é a principal fonte para a maioria dos clubes
Pedro Daniel, gerente de Esportes da consultoria BDO, não enxerga na batalha um enfraquecimento da Rede Globo, mas uma sinalização de que as negociações podem mudar a longo prazo“Não vejo a Globo enfraquecidaEla possui uma entrega, um padrão consolidado e reconhecido no mercadoPor outro lado, essa nova configuração pode motivar mudanças no relacionamento entre os clubes e as emissoras”, opinou.