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DIREITOS DE TRANSMISSÃO

Com novas opções, clubes brasileiros se dividem na hora de fechar contratos de TV

Palmeiras fechou contrato com Esporte Interativo para transmissões na TV fechada

Agência Estado
Globo e Esporte Interativo travam disputa nos bastidores - Foto: Reprodução
A assinatura de contrato com o Palmeiras foi comemorada como um gol pelos profissionais do canal de TV por assinatura Esporte InterativoO acordo, divulgado nesta semana, foi uma conquista simbólica na disputa com o SporTV pela transmissão dos jogos do Campeonato Brasileiro pela TV fechadaEmbora seja válido apenas a partir de 2019, o novo contrato pode impulsionar outros clubes e até gerar mudanças na transmissão pela TV aberta, apontam os especialistas.

A opção pelo Esporte Interativo, feita por oito clubes da Série A, foi motivada principalmente pelos valores financeirosA oferta do canal controlado pelo grupo Turner, multinacional da área de comunicação e entretenimento, é cinco vezes maior do que foi oferecido pelo SporTVSão R$ 560 milhões de um lado contra R$ 100 milhões do outroVale lembrar que todas as informações se referem à TV fechadaAs transmissões pelos canais abertos continuam sob o domínio da Rede GloboTodos os acordos são válidos de 2019 a 2024.

O Esporte Interativo aproveitou um pequeno “vacilo” da Rede Globo, proprietária do SporTV, para entrar no jogoOs acordos anteriores entre a Globo e os clubes envolviam o pacote completo: canais fechados, canais abertos e pay-per-viewNeste bolo, os canais por assinatura ofereciam um valor menor em relação aos canais abertos.

Em 2014, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e encarregado de fiscalizar o mercado em busca de possíveis infrações à livre concorrência, exigiu que as propostas fossem desmembradasFoi a brecha para a entrada do Esporte Interativo, que ofereceu valores mais atraentes apenas para o sinal fechado.

Em março, o Santos se tornou o primeiro grande clube a fechar o acordo e recebeu R$ 40 milhões de luvas pelo pioneirismo
“Vamos oferecer aos sócios e torcedores opções de escolha para acompanhar o Santos Futebol Clube”, disse o presidente Modesto Roma Junior.

Além da questão financeira, o Palmeiras foi atraído por alguns diferenciaisO principal deles foi o uso do nome Allianz Parque nas transmissões - os canais Globo usam a nomenclatura Arena PalmeirasAlém disso, o Esporte Interativo oferece uma promoção para estimular o programa de sócio-torcedor, a possibilidade de torneios contra grandes europeus e direitos sobre replay dos jogosCom isso, o Palmeiras se tornou o carro-chefe do novo canal.

Pelo acerto, o Palmeiras receberá luvas de R$ 100 milhõesDo total, o clube já recebeu R$ 50 milhões e o restante será pago no começo de 2017“A força da Turner pode contribuir substancialmente para tornar o nosso Alviverde ainda mais forte”, disse o então presidente do clube, Paulo Nobre.

RECEIO

Pelo acordo, os clubes vão dividir o montante inteiro pelo seguinte critério: 50% igualmente, 25% de acordo com a posição do campeonato e 25% por audiência do IbopeProvavelmente, o time alviverde ficará com a maior cota em função da maior torcida e da estrutura do clubeEm função da concorrência, a Rede Globo está revendo a divisão de suas cotas, que oferece fatias maiores para Flamengo e Corinthians.

Dirigentes ouvidos afirmam que alguns clubes ainda mostram certo receio com a novidadeArgumentam que já conhecem “o padrão Globo de qualidade”, normalmente seguida pelo SporTV, mas que não conseguem avaliar a concorrênciaAlém disso, destacam que a receita de TV ainda é a principal fonte para a maioria dos clubes
Eles preferem não se identificar por causa das negociações que estão em curso e eventuais retaliações dos dois lados.

Pedro Daniel, gerente de Esportes da consultoria BDO, não enxerga na batalha um enfraquecimento da Rede Globo, mas uma sinalização de que as negociações podem mudar a longo prazo“Não vejo a Globo enfraquecidaEla possui uma entrega, um padrão consolidado e reconhecido no mercadoPor outro lado, essa nova configuração pode motivar mudanças no relacionamento entre os clubes e as emissoras”, opinou.