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SÃO PAULO

Leco dispara contra oposição, relata "tapinhas" em invasão ao CT e promete ir à luta

Presidente do São Paulo minimizou violência da torcida, que agrediu jogadores

Gazeta Press

Presidente do São Paulo exibiu um semblante sério e foi firme nas respostas em coletiva realizada neste sábado - Foto: Igor Amorim - saopaulofc.net


O presidente do Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, convocou a imprensa na tarde deste sábado para se pronunciar e responder as questões dos jornalistas após o protesto violento que alguns torcedores promoveram no Centro de Treinamento do clube, na Barra Funda, pela manhãCom o semblante fechado, Leco foi firme em todas suas respostasNa maior parte do tempo, se dirigiu com repulsa a pessoas ligadas a oposição política do São Paulo, confirmou as agressões a Wesley, Carlinhos e Michel Bastos, mas minimizou dizendo que foram apenas "tapinhas".

"Os idealizadores não querem o bem do São PauloApostam no quanto pior melhorNão vão triunfarQuem pagou ônibus para a torcida vir ao CT? Quem incitou atos contra jogadores e funcionários?", esbravejou Leco, jogando toda a responsabilidade pelos atos de violência sobre seus opositores, mas sempre com o cuidado de não citar nomes.

"Isso é tudo o que eles queremTem gente que torce contra, deseja revés e insucessoNão querem o bem do São Paulo, infelizmenteDirei isso a vida todaVai para o jogo democrático e ganha quem tiver mais razão e forçaPor enquanto, somos nós", disse, exaltado, alegando até uma espécie de perseguição contra sua atual condição.

"É o clube que se prejudica
Daqui a pouco vou emboraTenho a glória, nas poucas conquistas da minha vida, de estar aqui, mas amo como todos amamNão precisam me atingirEstão atingindo o São Paulo", reforçou.

Apesar de exaltar a gravidade do ocorrido, o mandatário tentou enaltecer a postura e as atitudes do clube diante do que denominou como "caos"Segundo Leco, o protesto poderia ter acabado de forma pior e garantiu que não irá ceder a pressão de reatar com as torcidas organizadas depois do último rompimento.

"Mantemos nossa posiçãoQuando tomamos a iniciativa de romper, éramos cientes do que aconteceria", avisou, antes de tentar minimizar os reflexos das agressões aos atletas"Os jogadores não fizeram queixas pessoais, porque as agressões foram empurrões, tapinhas e chutinhos, mais para demonstrar inconformismo", explicou.

Quando perguntado sobre quais serão os passos a serem dados pelo clube a partir disso para que os atos de vandalismo não fiquem impunes, até porque bolas, camisas e outros objetos foram roubados e furtados de dentro do CT, Leco mais uma vez se utilizou de palavras fortes.

"Já tomamos providências, envolvemos a polícia, o Ministério Público, a Federação Paulista de FutebolAbrimos um Boletim de Ocorrência imediatamente e apresentamos uma representação na polícia para que haja um instrumento de identificação e abordagem plenaTemos imagens de tudo e de todos", avisou, já cobrando as autoridades para alguma ação prática"A responsabilidade é do Estado, das autoridades, do Ministério Público, de um juiz que venha a julgar".

Confira a entrevista coletiva de Leco na íntegra:

Pronunciamento do presidente Leco


"O que assistimos hoje foi deplorável
Deplorável sob vários aspectosAs dependências do nosso CT foram invadidas, jogadores foram intimidados em seu ambiente de trabalho, alguns foram agredidos fisicamente e objetos pessoais e do clube foram furtadosO São Paulo foi vítima de vandalismo, atos criminosos, que serão apurados com todo vigorAs providências para isso já foram tomadasPrimeiro quero prestar minha solidariedade ao elenco, à comissão técnica e aos profissionais que aqui trabalhamAs cobranças são legítimas e necessárias, mas o que aconteceu aqui foi outra coisa, que não vamos aceitarSegundo, quero dizer aos autores e idealizadores deste ato, que não me intimidam mesmoMuito pelo contrárioUma coisa é a insatisfação da torcida pela situação no campeonato ou por uma derrota que todos sabem ser inaceitável (Juventude)Outra é uma ação política arquitetada para abarcar a administração do clubeOs idealizadores não querem o bem do São PauloApostam no quanto pior melhorNão vão triunfarQuem pagou ônibus para a torcida vir ao CT? Quem incitou atos contra jogadores e funcionários? Vocês da imprensa devem investigarComo presidente, quero reiterar que sei da insatisfação da imensa nação são-paulina com o desempenho do campeonato neste momentoÉ minha tambémMas sei também que nossa nação não apoia e nem tolera atos de vandalismo como os de hojeNão tenho dúvida de que havia torcedor bem intencionado, gente com vontade genuína de expor seu amor pelo São PauloEsses eu respeito e conversoOs gestores da baderna, porém, não toleroSão figuras menores, que tentam usar a torcida organizada como massa de manobraVamos responder dentro de campo, com uma gestão responsável e correta, de forma transparente e dentro da leiAssim se posiciona o São Paulo diante desse quadro lamentável".

Entrar ou não entrar em campo

"Completamente fora de cogitação não entrar em campoVamos, simEmbora tenha estado com os jogadores, foi individualmenteEstava em Cotia mais cedo, na inauguração do busto para Juvenal Juvêncio, uma festa lindaQuando cheguei a coisa já tinha acontecido e falei espontaneamente com algunsQuem teve conversa mais íntima foi o Ricardo Gomes e ele acha que o episódio será superado no campo".

Possível envolvimento da oposição do clube

"O cunho político é nítido porque, lamentavalmente, encontramos manifestações de figuras da oposição por criticar a administração e tentar desestabilizarReferências de apoio, de que foi certo, foi bom, o que é algo impensável e inacreditável que o São Paulo tenha pessoas em seu seio que aplaudam isso".

Decisões do clube após tomar ciência do protesto

"Em nenhum momento passou pela cabeça cancelar ou mudar o treinamentoSeriam estratégias que não seriam as melhores para nossa estruturaE quem quer fazer o mal, faz em qualquer lugarFicamos aqui fazendo nosso trabalho, mas infelizmente houve excessosTenho que ressaltar, e faço olhando os outros lados dos fatos, que não aconteceu nada mais graveEstivemos perto de algo mais grave, como confronto da polícia com a torcida ou uma agressão mais severa a atletas ou funcionáriosNão houve tanta violência, mas mais agressividade".

Medidas que o clube vai adotar agora

"Já tomamos providências, envolvemos a polícia, o Ministério Público, a Federação Paulista de FutebolAbrimos um Boletim de Ocorrência imediatamente e apresentamos uma representação na polícia para que haja um instrumento de identificação e abordagem plenaTemos imagens de tudo e de todosE as forças policiais e autoridades terão, naturalmente, esses elementos a mais para verificar o que aconteceu e a razão".

Rompimento com as torcidas organizadas

"Mantemos nossa posiçãoQuando tomamos a iniciativa de romper, éramos cientes do que aconteceria".

Reflexo em campo

"Cada um tem uma particularidade diante dos acontecimentosEsperamos que, dentro de um contexto maior, eles se sintam perfeitamente confortáveis e seguros no São Paulo pelo profissional que sãoAdmitimos críticas e ponderações, desde que sejam respeitosas e jamais atinjam as raias da violênciaRicardo pediu que eu ficasse tranquilo e está sossegado, até treinando agora para descontrair um pouco a tensãoE que resulte amanhã em uma boa performancePrecisamos disso".

Consequências das agressões a jogadores

"Acredito que nãoInfelizmente, esse fenômeno não é incomum e nem exclusivo do São PauloTivemos episódios recentes com times até de São PauloNão é um fatorOs jogadores não fizeram queixas pessoais, porque as agressões foram empurrões, tapinhas e chutinhos, mais para demonstrar inconformismoUns foram mais visados que outrosO São Paulo tomou uma iniciativa de caráter geral, com as agressões documentadas, mas não realçadas como tema centralO fato todo é grave".

Punições que podem acontecer

"Não tenho autoridade e conhecimento para responder isso, mas no mínimo uma punição que iniba comportamentos como esseQue nunca chegue às raias de ameaças, vandalismo e etcQuando digo tapinhas e empurrões, é porque foram mesmoGraças a Deus não foi nada graveE só não houve porque não teve reação maior, senão estaríamos lamentando uma tragédiaA responsabilidade é do Estado, das autoridades, do Ministério Público, de um juiz que venha a julgarA única coisa que digo é que não ficamos inertes".

Ação de Lugano e Maicon em conversarem com a torcida

"PositivoHá 12 anos, como diretor de futebol, eu tive de receber líderes de torcidas e considero que o resultado foi bomE é sempre melhor enfrentar e conversar, se for possível em questão de respeitoO que temos de considerar nisso tudo é que lideranças emergem e são reconhecidas por todos, são necessárias para dar uma palavra e mostrar que atos de irracionalidade e agressões não cabem nessa horaSabe o que aconteceu depois? Teve gente que tentou tirar selfieDepois, roubaram 14 bolas nossasVários entraram na invasão e ficaram jogando bola no outro campoTodos estavam movidos por uma organização de protesto contra o estado do São Paulo, mas cada um tinha um objetivo específico de como agiriaDe gritar conta mim, contra o Michel, de jogar bola, pegar o boné do Pintado? Aquele momento atemoriza as pessoas, você não sabe como se comportar, mas sei que o São Paulo teve grandeza e tranquilidade para reduzir o fatoFomos magníficosAmanhã, se Deus quiser, se nós ganharmos, os ânimos estarão mais calmosDepois, nossa comunidade, em grande parte, condenará tudo".

Relação entre situação e oposição

"Não posso responder por elaEnquanto presidente, tento cuidar do clube, de ter uma equipe que atenda os requisitos de todosMas há pessoas inconformadas de não ter cargosÉ uma oposição injusta, construída por desvios não verdadeiros do que estamos fazendo, que se aproveita de um momento difícil que vivemosUma oposição construtiva e respeitosa pode ser importante".

Conversa com jogadores agredidos

"Pretendo, sem dúvidaPara transmitir nosso apoio, a segurança de que eles poderão trabalhar e exercer a profissão com tranquilidadeNão existe uma receita específica, mas uma conduta, um procedimento que o São Paulo tem para tranquilizar o grupo de trabalhoAs piores experiências não foram nossas, foram de outros clubes, e mesmo assim as coisas se controlam".

Como controlar a guerra política

"Não sei, mas isso é tudo o que eles queremTem gente que torce contra, deseja revés e insucessoNão querem o bem do São Paulo, infelizmenteDirei isso a vida todaVai para o jogo democrático e ganha quem tiver mais razão e forçaPor enquanto, somos nós".

Mais sobre a política do clube

"Há uma orquestração política de algumas pessoas, não necessariamente de dentro, mas que ficam o tempo todo municiando e até financiando, querendo perturbar a administração do São PauloE quando eles fazem isso e imaginam que estão me afetando, sinceramente não me sinto assimÉ o clube que se prejudicaDaqui a pouco vou emboraTenho a glória, nas poucas conquistas da minha vida, de estar aqui, mas amo como todos amamNão precisam me atingirEstão atingindo o São PauloE o São Paulo fala mais alto em mim do que eu mesmo".