Para a disputa da Florida Cup, o São Paulo optou por fazer a sua pré-temporada nos Estados Unidos, longe dos holofotes. E foi assim que Rogério Ceni começou a testar o time com três zagueiros (pode utilizar a tática nesta quinta-feira) e passou a fazer treinamentos muito pouco difundidos no futebol brasileiro.
Ao lado dos auxiliares Michael Beale e Charles Hembert, ele tratou de buscar atividades que fossem pouco conhecidas dos brasileiros e partiu de um princípio fundamental: o treinamento tem de ser interessante para o atleta, intenso e que tenha a ver com o que pretende buscar de aprimoramento no jogador. Com isso, ele tem feito exercícios com um ritmo forte, mas de pouco tempo de duração. Esta talvez seja a primeira grande mudança no clube.
Rogério Ceni não se cansa de dizer que o São Paulo não consegue competir com outros clubes na hora de brigar pela contratação de jogadores. Por isso, a diretoria optou por economizar na busca de reforços e incumbiu o treinador de montar um time competitivo. Pelos primeiros contatos com os atletas, Ceni garante que a sua equipe poderá enfrentar de igual para igual qualquer rival, mesmo os de maiores investimentos.
A receita está em colocar na cabeça do jogador que é possível vencer grandes equipes e ser competitivo se atuar com inteligência e determinação. Na montagem do elenco, por exemplo, ele preferiu contar com atletas que já demonstraram interesse em atuar no clube e revela que a diretoria gastou apenas R$ 300 mil em contratações (com o goleiro Sidão). Os outros reforços vieram de trocas ou negociações que não envolveram dinheiro entre as partes.
Mesmo sem gastança, o São Paulo consegue ter um time competitivo, com disputa por vaga no time titular em quase todas as posições. Outra ideia de Rogério Ceni é utilizar mais os jovens formados nas categorias de base em Cotia (SP). O lateral-esquerdo Junior Tavares e o meia Shaylon, por exemplo, estão sendo boas surpresas na Flórida.
Os dois tiveram boas participações nos jogos-treino do São Paulo antes da estreia oficial - 9 a 1 contra o Sarasota e 9 a 2 contra o Boca Ratón. A possibilidade de nova goleada nesta quinta-feira é bem remota, até porque o adversário é bem mais forte, mas Rogério Ceni acha que as brigas por posições vão ajudar o time.
Por último, o treinador conta com algo que nenhum outro teve recentemente: o carinho absoluto da torcida. Ele tem boa margem para erros e sabe que os fãs terão mais paciência com seu trabalho, que não precisa necessariamente engrenar logo de cara. Assim, longe dos holofotes e com apoio incondicional dos são-paulinos, Rogério Ceni inicia a sua trajetória de treinador. Obcecado por resultados, quer dar o primeiro passo com vitória.