Mais Esportes
None

HIPISMO PARALÍMPICO

Brasiliense tenta manter bom desempenho do DF no hipismo paralímpico

As quatro medalhas da modalidade nos Jogos Olímpicos são de Brasília. Flávia Rocha sonha em representar o Brasil na competição

postado em 16/01/2018 15:06 / atualizado em 16/01/2018 15:39

Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press
Inspirações para nascer outro talento do hipismo paralímpico na capital não faltam. As quatro medalhas da modalidade nos Jogos são de Brasília. Marcos Alves, o Joca, é dono de dois bronzes e Sérgio Oliva, de mais dois. As conquistas são o estímulo de Flávia Rocha, paratleta do hipismo que sonha em representar o país em uma Paralimpíada. Aos 40 anos, ela está no segundo ano de competições e espera repetir os bons resultados de 2017. 

No ano passado, primeiro ano em que competiu no adestramento paraequestre, os resultados foram expressivos. Flávia venceu os principais torneios. O principal deles, o Campeonato Brasileiro de Adestramento Paraequestre. A fisioterapeuta conquistou a prova da série de novatos, dedicada a cavaleiros que nunca participaram da competição principal. Flávia também foi campeã brasiliense e faturou o primeiro lugar do ranking do DF de sua categoria, grau V, dedicada a pessoas com deficiência visual. 

O caminho até o pódio da modalidade não foi fácil. Aos 11 anos, Flávia descobriu a doença de Stargardt, que causa perda de visão progressiva. Hoje, de acordo com os médicos, ela tem menos de 10% da visão.Mesmo com as dificuldades, ela se formou em fisioterapia. Exerceu a profissão, mas largou após o agravamento da doença. 

O amor pelo hipismo surgiu mais tarde. “Eu nunca pratiquei nenhum esporte por conta do problema com a visão”, conta. Em 2012, com a compra de Frieske, um cavalo da raça friesian, o interesse pelo hipismo aumentou. “Sempre gostei de cavalo, desde criança, porque meu pai criava, mas nunca tinha feito hipismo e montava só na fazenda”, relembra. A raça de Frieske é indicada para o adestramento, única modalidade paralímpica do hipismo. Com a coincidência e a vontade de aprender, Flávia começou a praticar o esporte.
 
No início,um acidente no meio do caminho quase a fez desistir da modalidade. Em 2013, primeiro ano de prática junto com Frieske, ela sofreu uma queda enquanto treinava com o cavalo. O acidente quase deixou Flávia paraplégica. “Quebrei a coluna, fiz cirurgias e tive que colocar pinos e placa. Fiquei um ano e meio sem montar”, conta, após superar o trauma. “Como em qualquer relacionamento, a gente se entende muito, mas brigamos de vez em quando”, brinca. 

Parceria 

Barbara Cabral/Esp. CB/D.A Press
O técnico Guilherme Magalhães conta que a relação de Flávia com o animal é um dos pontos que garantiu a evolução rápida no esporte. “Geralmente, uma pessoa que é inexperiente e monta um cavalo muito novo tem muita dificuldade para desenvolver um trabalho com ele”, analisa o treinador. Guilherme treina Flávia há cinco anos. 

“Ela conhece o Frieske como a palma da mão, mesmo com a deficiência visual. Ela chega perto e sabe como ele se sente”, testemunha. Guilherme dá aulas de hipismo desde os 17 anos e ressalta que o conhecimento do cavaleiro sobre o animal é essencial na prova. “Nem sempre o melhor competidor vence. O envolvimento com o cavalo e conhecer os bastidores podem fazer a diferença no torneio”, defende.

Treinamento para o Campeonato Brasileiro

A programação para o início do ano é ganhar ritmo. Flávia e Frieske fazem treinos mais leves visando evitar lesões ao longo das competições. Neste ano, o primeiro torneio é o Campeonato Brasileiro de Adestramento Paraequestre, em março. O objetivo é melhorar os índices e resultados. Guilherme lembra que competir internacionalmente também é um deles. “Queremos ir primeiro para a América do Sul e depois chegar na Europa, que é mais forte”, analisa. 

Para chegar lá, a atleta conta com a ajuda de várias pessoas. A equipe multidisciplinar é formada pelo treinador, tratador de cavalos, marido e pela sobrinha. Todos têm papel fundamental no desempenho final. “É impressionante como o Frieske muda quando o Ronaldo, tratador dele, não pode nos acompanhar na prova. Eu sinto falta da família, que sempre me acompanha”, relata. 

Flávia também conta com o auxílio do campeão paralímpico Sérgio Oliva. “Conheço o Sérgio e ele é um exemplo para mim. Dá dicas sobre como correr atrás de patrocínio e indica pessoas que podem nos ajudar”. O brasiliense participou de sua terceira Paralimpíada no Rio, em 2016, e voltou para casa com duas medalhas inéditas.

Medalhas brasilienses no hipismo paralímpico

> Marcos Alves (Joca) 
Bronze em Pequim-2008 no adestramento livre
Bronze em Pequim-2008 no adestramento individual

> Sérgio Oliva
Bronze no Rio-2016 no adestramento
Bronze no Rio-2016 no campeonato individual misto