“Desde pequeno eu via o Robert Scheidt e esse pessoal mais velho, e sempre me imaginava na Olimpíada. De alguns anos para cá, esse não é mais um sonho, se tornou um objetivo”, diz Gustavo Nascimento, 24 anos. O carioca, que começou a velejar aos oito anos por influência do pai e do avô, disputou o primeiro Campeonato Brasileiro dele justamente em Brasília, aos 11 anos. “Fiquei na 98º posição, lembro até hoje”. Desta vez, aos 24 anos, volta à cidade direto de Ilhabela, no litoral paulista, onde se sagrou campeão mundial de Snipe, há apenas três dias, ao lado de Henrique Haddad.
Os dois, aliás, estão na capital federal para dar mais um passo na caminhada olímpica, que percorrem em classes diferentes. Henrique disputa a 470 e Gustavo vai na Laser, a mesma em que o ídolo Robert Scheidt ganhou dois ouros e uma prata olímpica. “Chego aqui muito feliz, leve e com a faca nos dentes para conseguir um bom resultado”, prometeu.
Para o velejador, ao mesmo tempo que tem de aproveitar o momento único na carreira, é preciso ter cuidado para não se afobar. “Virar a chave, depois de vir de um título tão significativo, para um modo de nova competição, é o que tem de acontecer para manter o foco e executar o trabalho do dia a dia”.
O espírito competitivo se mantém vivo. Diante da oportunidade de integrar a equipe olímpica, ano que vem, Gustavo é categórico. “É fazer ou morrer. E é dessa parte que gostamos”, brinca. Apesar da empolgação, a meta de Gustavo é o ciclo olímpico seguinte ao de Tóquio, o de Paris, em 2024.
Assim como o carioca campeão mundial na classe Sniper, outras revelações da vela brasileira vão deslizar pelo Lago Paranoá durante esta semana. E pelo nível que vêm apresentando, a expectativa é de manterem a modalidade na lista dos esportes que mais rendem pódio ao Brasil. O velejadores com vaga assegurada em Tóquio não competem em Brasília.
Serão disputadas oito classes na Copa Brasil: RS:X, Laser Standard, Laser Radial, Finn, 470, 49er, 29er e 420. Na mesma raia, e nos mesmos dias e horários, também será realizada a competição da categoria até 18 anos.
Prata da casa em raia difícil
Formado no Iate Clube de Brasília, Ricardo Paranhos há dois anos mudou-se para Porto Alegre para conviver e disputar com a nata brasileira da classe 470. Percebeu que se quisesse realmente ser um competidor de verdade nas embarcações de 470 cm de comprimento, tinha que fazer esse esforço.
“Quando se entra numa classe olímpica, a brincadeira fica séria”, explicou Ricardo, que segue como representante do Iate. Ano passado, a dupla que forma com Rodolfo Binz Streibel ficou na terceira posição na Copa Brasil, disputada em Florianópolis.
A preparação dos dois foi feita com foco no torneio. A dupla buscou locais na capital gaúcha com condições parecidas com as que irá encontrar no Lago Paranoá. Ricardo, por sinal, é o trunfo da parelha.
A raia do Paranoá é considerada uma das mais difíceis do país. “Por mais que sejam ventos fracos, é extremamente técnica”, descreve Ricardo.
Apesar de parecer estranho uma cidade com essas características sediar um torneio da magnitude da Copa Brasil, Ricardo defende a escolha e considera que faz muito sentido “Trabalha a toda a parte tática e estratégica importantes a qualquer velejador”, explica.
Programe-se
Copa Brasil de Vela e Copa Brasil de Vela Jovem
Quando: de hoje a sábado
Largada: 9h
Onde: Iate Clube de Brasília
Transmissão: no canal da CBVela no Youtube ou no site do Iate Clube de Brasília