A conquista da medalha de ouro no Mundial de Judô do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira, é uma espécie de redenção para Rafaela Silva, depois da traumática eliminação na Olimpíada de Londres. No ano passado, ela perdeu a chance de ganhar a medalha olímpica, ao ser desclassificada de sua luta por um golpe ilegal e chorou bastante ainda no tatame.
Por conta da eliminação, Rafaela Silva ganhou evidência com ofensas racistas sofridas em redes sociais, notícia divulgada pelo repórter Ivan Drummond, do Estado de Minas, no Superesportes. Na época, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) repudiou as agressões sofridas pela atleta. Além disso, ficou à disposição para prestar qualquer auxílio jurídico a Rafaela Silva.
A brasileira lutou em Londres na categoria até 57kg do judô. No segundo combate, acabou eliminada para a húngara Hedvig Karakas em função de um golpe considerado irregular pelos árbitros.
O relato do repórter Ivan Drummond
Não me esqueço de Rosicléia Campos, a treinadora da equipe brasileira, chamando-me para mostrar, em seu celular, os xingamentos de um certo "Urubu Palheta" - era como assinava -, dirigidos a Rafaela Silva. Numa rede social, ele a chamava de "macaco". Isso aconteceu nos Jogos Olímpicos de Londres’2012, ou seja, há praticamente um ano, já que a competição de judô terminou em 7 de agosto. De imediato, lembro que assentei e mandei uma matéria para o portal Superesportes. Foi um furo mundial. Lembro, que lá em Londres, repórteres de outros jornais, que acompanhavam os sites, vieram até mim e reclamaram porque não havia passado a eles a informação, para que pudessem dar juntos a notícia. Rosicléia foi então assediada. Ao mesmo tempo, fiquei de longe com Rafaela e Geraldo Bernardi, seu treinador. Todos estavam revoltados. Resolvi, então, conversar com representantes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que decidiu perdir uma investigação à Polícia Federal. Guardei essa informação para o Jornal ESTADO DE MINAS, que no dia seguinte, deu outro furo. Fico feliz em ver que Rafaela deu a volta por cima.