Tradicionalmente os vencedores são apontados na Cerimônia de Gala da IAAF, em Mônaco, mas neste ano o evento foi cancelado porque não há muitos motivos para festa no atletismo. O ex-presidente da IAAF Lamine Diack chegou a ser preso por corrupção, o atual presidente Sebastian Coe tem sido bombardeado por denúncias contra si e a Rússia, potência da modalidade, está suspensa por doping sistemático.
Restou à IAAF, então, publicar os vencedores no seu site oficial. No masculino, o prêmio volta aos Estados Unidos depois de 16 anos, uma vez que o último a vencer havia sido Michael Johnson, recordista mundial dos 400m, em 1999.
Nunca um atleta do decatlo havia vencido o prêmio, mas Ashton Eaton este ano quebrou o tabu ao bater o recorde mundial da prova no Mundial, com 9.045 pontos. Curiosamente, ele também bateu o recorde mundial dos 400m, mas no decatlo.
A indicação de Eaton impede o "hexacampeonato" de Usain Bolt. Desde que venceu os 100m, os 200m e o revezamento 4x100m nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, o jamaicano só não foi escolhido Atleta do Ano em duas oportunidades: em 2010 e 2014, exatamente nos anos 'vazios' do atletismo, sem disputa de Mundial ou Olimpíada.
Em Pequim, Bolt levou os 100m, os 200m e o revezamento 4x100m, apesar de ter tido uma temporada de pouquíssimas provas e tempos muito abaixo do que ele está acostumado. O outro finalista do prêmio da IAAF era Christian Taylor, dos EUA, que fez o segundo melhor salto da história no triplo para ganhar o ouro no Mundial. Das oito melhores marcas de todos os tempos, três foram feitas pelo norte-americano nesta temporada.
ENFIM, DIBABA - No feminino, pela primeira vez o prêmio foi para a família Dibaba. Apesar de toda a tradição do clã, nenhuma delas nunca havia sido eleita como Atleta do Ano para a IAAF. Em 2008, quando venceu o ouro olímpico nos 10.000m e nos 5.000m, Tirunesh Dibaba perdeu o prêmio para a russa Yelena Ysinbayeva.
Agora, Genzebe já aparecia como favorita ao prêmio, uma vez que, em 2015, venceu os 1.500m no Mundial de Pequim (China), foi prata nos 5.000m e bateu o recorde mundial dos 1.500m (ao ar livre) e dos 5.000m (indoor).
Ela superou a holandesa Schippers, que recentemente migrou do heptatlo para as provas de velocidade e, em Pequim, ganhou o ouro nos 200m e a prata nos 100m, e também a polonesa Anita Wlodarczyk, que neste ano se tornou a primeira mulher a superar os 80 metros no lançamento do martelo, estipulando o novo recorde mundial em 81,08m. Wlodarczyk é tão soberana na modalidade que venceu as 11 provas que disputou ao longo da temporada.