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JUDÔ

Participação ruim do judô brasileiro no Rio'2016 levanta discussão sobre desempenho em Tóquio

Técnicos acredita que modalidade precisa passar por renovação para 2020

Ivan Drummond
Treinador do Minas acredita que a boa posição dos atletas no ranking influenciou na alta expectativa - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

O judô virou motivo de discussão depois dos Jogos Olímpicos Rio’2016, muito em função de a modalidade não ter cumprido uma suposta meta do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), que estimava em seis o número de pódios – foram apenas três, um a menos que em Londres’2012O que se questiona é se o esporte, o que mais conquistou medalhas olímpicas para o Brasil (22), estaria em crise no país ou se a equipe nacional ainda está entre as cinco melhores do mundoNa opinião de técnicos e atletas de Minas Gerais, o judô continua sendo o carro-chefe brasileiro em termos de Olimpíada, mas era necessário ter iniciado o processo de renovação para Tóquio’2020 antes mesmo da Rio’2016.

Floriano Almeida, treinador do Minas Tênis Clube, que teve três atletas nos Jogos – a meio-leve Érika Miranda e os meios-médios Alex Pombo e Mariana Silva –, admite a grande expectativa em torno da modalidade no Rio, mas não considera que houve decepção“Esperava-se mais pela equipe que o Brasil tem, pela posição dos atletas no ranking, ainda mais no femininoMas os Jogos Olímpicos são uma competição atípicaVários fatores influenciam, entre eles, o sorteio de chavesO Rafael Silva caiu na chave do bicampeão olímpico Teddy RinnerEnfrentar um adversário desses numa quarta de final é uma coisa, na disputa do ouro, outraNuma final, você sabe que precisa de um golpeNas quartas, pensa em não levar o golpeA circunstância muda.”

O treinador lembra que em muitas categorias os favoritos não chegaram, citando o grego Ilias Iliadis, o cubano Asley González e o búlgaro Boris Borisov, na categoria médio
“O resultado das mulheres poderia ser melhor, pois além da Rafaela, tínhamos a Mayra, que medalhou, mas foi bronze; a Sarah Menezes, a Érika Miranda e a Maria Suellen.” Ele destaca a necessidade de acelerar a renovação: “Apenas dois lutadores, o Buzacarini e o Victor Penalber eram estreantes em OlimpíadaPoderíamos ter equipe já para o próximo cicloSó agora vão dar chance aos integrantes das seleções Sub-21 e Sub-23, que serão os atletas dos Grand Prix de Talin, na Estônia, e de Glasgow, na Escócia”.

BASE Geraldo Brandão, da Academia de Judô São Geraldo, entende que, apesar de o investimento feito para a Rio’2016 ter sido o maior até hoje, foi pouco“Existe a necessidade de uma mudança de métodosÉ muito fácil pegar um atleta pronto, num clubeÉ preciso investir na base, fazer judô nas escolas”, comenta, reclamando do abandono do projeto de massificação do esporte“Ainda pensamos pequeno.”

Para ele, não adianta esperar resultados da noite para o dia: “Não é uma solução para curto prazoO maior exemplo é o Japão, que chegou para a Rio’2016 com a equipe renovada e foi quem mais ganhou medalhasAlém disso, no Brasil, não há judocas de ponta em quantidade por categoriaO ideal é que fossem cinco, no mínimo, brigando para ser o número um
Nos falta quantidade com qualidade”.

De fora da Olimpíada por apenas três pontos em relação ao seu concorrente, Rafael Buzacarini, Luciano Corrêa vislumbra evolução“Os técnicos estão conversando entre si e essa troca de informações é crucialA experiência é fundamental para orientar os mais novosOs atletas mais tarimbados não podem se afastarNeste momento, são fundamentais no papel de orientadores.”