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GINÁSTICA

Ginasta mineira luta para conseguir dinheiro para representar Brasil no Sul-Americano

Vitória Guerra, de 15 anos, batalha para conseguir representar o Brasil no Campeonato Sul-Americano de Ginástica, em Ciudad de Pipa, na Colômbia

Ivan Drummond
Com a ajuda dos pais e padrinhos, Vitória conseguiu a vaga com muito esforço na seletiva em Manaus - Foto:
Há 41 dias era realizada a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos Rio'2016, o maior evento esportivo do planeta, sediado pela primeira vez em um país sul-americanoMuito se discutiu sobre o investimento que deve ser feito nos atletas brasileiros para alcançar um melhor desempenho no número de medalhas conquistadas

Em Belo Horizonte, a ginasta Vitória Guerra, de 15 anos, batalha para conseguir representar o Brasil no Campeonato Sul-Americano de Ginástica, em Ciudad de Pipa, na Colômbia, de 4 a 10 de outubroCom a ajuda dos pais e padrinhos, Vitória conseguiu a vaga com muito esforço na seletiva em Manaus.

Para realizar o sonho da filha e jovem promessa da ginástica brasileira, os pais Ricardo Andrade e Simone Guerra, além dos padrinhos da menina, Marco Antônio e Karina Mourão, conseguiram um patrocinador e têm também a ajuda de amigosNo entanto, ela embarcará na segunda-feira e ainda falta muito dinheiro para estada e hospedagem Para tentar conseguir o total da viagem foi aberta uma caderneta de poupança em nome de Vitória, sua única chance para viajar.

A luta de Vitória para estar no Sul-Americano começou em janeiro, quando a família recebeu um duro golpe, com a demissão do pai, Ricardo, que é analista de TINa época, segundo a mãe, Simone, estava tudo certo para que a jovem ginasta fosse fazer um estágio na Bulgária: “Já tínhamos até comprado a passagem, no final de 2015Essa compra foi parceladaO problema da viagem estava resolvido, mas era preciso mais R$ 3.500 para despesas de Vitória láPegamos todas as nossas economias e compramos eurosMas não era o suficiente”.

A solução, então, segundo Simone, era cancelar a viagem
No entanto, havia o sonho da menina em jogo“Ligamos para a treinadora da Bulgária, a Nina, que foi muito compreensivaExplicamos o problema e pedimos para que ela nos ajudasse a resolver a questão da hospedagem e da alimentação da Vitória, que enviaríamos, no máximo até o final de março, o dinheiro necessário”, conta Simone.

A ginasta viajou, mas ficou envolvida com o problema dos pais e a viagem não surtiu o efeito desejado“Ela foi afetada psicologicamente”, conta a mãeMas viria um outro problema a seguir: a disputa do Brasileiro de Manaus, que era a seletiva para a ColômbiaA passagem já estava comprada, novamente em parcelasMas faltava ainda o dinheiro da hospedagemRicardo e Simone pensaram em cancelar tudo e tirar Vitória do esporte.

Vitória entre a mãe, Simone, e a madrinha, Karina - Foto: EM DA PRESSFoi quando os padrinhos Marco Antônio e Karina entraram na históriaPassaram a ajudar, a sair pedindo para empresas e amigosVitória viajou e conseguiu uma das três vagas individuais – as outras são de uma catarinense e uma paranaense
Mas a classificação criava novamente o problema da falta de recursos financeiros para a viagem à ColômbiaE, agora, não era só VitóriaSua treinadora, Maria Inês Salles, teria de ir juntoEram duas passagens, no valor de R$ 4,5 milAlém disso, mais R$ 3,5 mil de hospedagem, alimentação e transporte na Colômbia.

A primeira parte do problema, as passagens aéreas, foi resolvida com a ajuda dos padrinhos Marco e KarinaEles conseguiram a ajuda de um amigo, Adílson dos Santos, proprietário da Adílson Mecânica Diesel, que bancou os bilhetes

Para resolver a segunda parte – o dinheiro para estada, alimentação e transporte na Colômbia –, Marco e Karina decidiram, então, abrir uma conta poupança para conseguir os recursos necessários e divulgaram para os amigos pedindo ajudaAté quarta-feira, tinham conseguido R$ 1,2 milMas eles não desistem, segundo Karina “Temos mais alguns dias e vamos tentar conseguir o restante.”

Sonho e realidade
Vitória começou a praticar ginástica aos 8 anos“Eu queria fazer uma abertura de pernas, sem arquearEra tudo o que pensavaNão sabia, sequer, o que era competirAgora, que cheguei aqui, quero ir à Olimpíada de Tóquio'2020 e vou fazer de tudo para conseguir.”

Forte como o nome, Vitória treina, normalmente, de sete a oito horas por dia, mas, com a proximidade do Sul-Americano, está treinando 12 horas diáriasEla conta sobre as dificuldades que passou, como, por exemplo, enfrentar o calor de Manaus, local da seletiva nacional em maio último: “Era demaisPensava que não conseguiria competirO calor era tanto que a gente dava dois passos e começava a suar”.

E na caminhada de Vitória, a sua treinadora, Maria Inês, se torna uma pessoa fundamental, pois foi quem a incentivou e quem viu potencial naquela menina de 8 anosAliás, Maria Inês tem uma história esportiva impressionanteEla era baliza do Colégio Anchieta, na abertura dos extintos Jogos da Primavera – competição escolar que era realizada em Belo Horizonte até meados dos anos 70Depois, abraçou a ginástica artística e chegou à Seleção Brasileira, defendendo o país em várias competições internacionaisFoi Maria Inês quem descobriu e treinou a ginasta Daniela Leite, que integrou a equipe brasileira medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos Rio'2007.

É ela quem incentiva e estimula Vitória, que diz não pensar muito no futuro“Estou no primeiro ano do ensino médioVou terminar essa fase dos meus estudosNão sei o que vou fazer depoisO certo é que quero, muito, estar nos Jogos Olímpicos”, afirma, com a certeza de que irá vencer a batalha.

PARA AJUDAR
Conta poupança
Banco: Caixa Econômica Federal
Agência: 3311
Operação: 013
Conta: 2399-0