‘Vai ser como a mãe?’
Duda ficou sabendo da história dos pais com o vôlei ainda pequena. “Eles contavam histórias, principalmente sobre Olimpíada. Meu pai, uma vez, me mostrou um vídeo de jogo da minha mãe em Atlanta. Passei a gostar ainda mais de vôlei. Não penso em ser como minha mãe, mas quero ser uma boa jogadora e quero chegar à Olimpíada.”
Além do desafio da quadra, Duda diz que o mais difícil é estudar. “Tenho de conciliar a escola com o esporte. Mas tem dado certo. Nunca tomei bomba.”
Fábrica de talentos
São quatro filhos, todos esportistas. Gersinho, de 33, chegou a disputar o Campeonato Brasileiro, mas acabou optando pela nova modalidade desse esporte, o 3 x 3. A filha mais velha, Joyce, de 30, jogou vôlei no Mackenzie, Minas e São Caetano. Mas, ao se casar, acabou abandonando as quadras. Areta, de 18, estuda e joga vôlei na Saint Benedict Preparatory School, nos EUA, onde ganhou uma bolsa por causa do esporte. Bryan, o mais novo, com 12, segue os passos do início de carreira do pai. Está no Ginástico e também é pivô.
“Foi o Bryan quem pediu para jogar. Não tive dúvidas em trazê-lo para o Ginástico. Tenho medo, pois sei que a cobrança será grande”, conta Gersão. Bryan diz que desde pequeno escutava a mãe, Jandira, contar histórias sobre o pai. “A primeira história foi do Pan. Ganharam dos EUA dentro da casa deles. Quero estudar, estou no 7º ano, mas também quero jogar. Estou na equipe Sub-13 do Ginástico. Jogo pra ganhar, sempre. Quero ser campeão com meu clube, e quero chegar à Seleção Brasileira e à Olimpíada.” O menino tem 1,85m, apesar de ter 12 anos. Gersão tem 2,05m.
Pressão e prazer na água
“Desde os 10 anos estou na equipe de competição do Minas. No início queria ser como meu pai. Sabia que era uma escada muito longa que tinha de subir para chegar ao mesmo patamar. Hoje, vejo diferente. Procuro melhorar a cada dia. Existe, sim, uma pressão, por carregar o nome do meu pai. Eu me cobro muito, mas tenho um prazer muito grande quando nado”, conta Rafael.
Marcos conta que o fato de levar o filho para a natação foi para que ele praticasse um esporte, o que para ele faz parte da educação. “Não a ambição de que fosse nadador. Mas, quando resolveu, confesso que não tinha ideia da carga que ele teria de carregar. Uma competição gera grande expectativa nele e em mim também. Os amigos cobram resultados. Quero meu filho feliz. Por isso, sou ansioso até hoje”.
Espelho no futebol
Segundo Rafael, o pai dá a maior força. “Ele me apoia. Sempre que está aqui vai aos jogos. Quando está fora, como agora, no Coritiba, pergunta como foi o jogo, se joguei bem, se fiz gol. Quando vê os jogos, fala dos erros que cometi. É bom, ajuda muito”.
Mas a sombra do pai está sempre por perto, afinal de contas, Marcelo se destacou jogando pelo Atlético e pela Seleção Brasileira. “Sempre que as pessoas ficam sabendo quem é meu pai, vêm contar histórias de quando ele jogava. Querem saber se não vou tentar o futebol de campo também. Não sei. Mas isso não importa”.
O pai, coruja, gosta que o filho jogue futsal. “É importante praticar um esporte. Isso ajuda na formação do cidadão. É bom que ele tenha essa atividade. O esporte ajuda no convívio com outras pessoas. Ali você aprende que tem de ajudar os companheiros.”