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Em BH, Lais Souza apoia projeto 'Experimentando Diferenças' e mantém sonho de voltar ao esporte

Ex-atleta, de 29 anos, ficou tetraplégica em 2014 ao sofrer acidente nos EUA

postado em 21/03/2018 20:45 / atualizado em 21/03/2018 21:50

Gladyston Rodrigures/EM/D.A. Press
Com a presença de Lais Souza, foi lançado nesta quarta-feira, no Boulevard Shopping, em Belo Horizonte, o projeto “Experimentando Diferenças”. A ex-atleta, de 29 anos, prestigiou o evento, que permite ao público vivenciar, de graça, cinco modalidades paralímpicas (futebol de cinco, basquete em cadeira de rodas, corrida em cadeira de rodas, bocha e games virtuais com handbike). Ao Superesportes, Lais falou sobre sua recuperação após sofrer um grave acidente, em 2014, que a deixou tetraplégica. Exemplo de perseverança, ela falou do futuro e analisou o esporte olímpico e paralímpico brasileiro.

Lais começou a carreira no esporte como ginasta e participou das Olimpíadas de 2004 (Atenas) e 2008 (Pequim). Em 2013, começou a praticar o esqui aéreo e conseguiu uma vaga para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 (Sochi). Após sofrer um grave acidente no início daquele ano, durante um treino nos Estados Unidos, ela perdeu os movimentos dos braços e das pernas. Em BH, atendeu os fãs mineiros com um sorriso no rosto e palavras positivas. 

Apesar da difícil reabilitação, Lais Souza alimenta o sonho de se enquadrar em alguma modalidade paralímpica no futuro. “Eu sou meio aventureira, se eu vejo uma oportunidade de algum esporte ou algo que dê para eu encaixar, com certeza vou me empolgar para fazer, acho muito legal fazer diferente. Porque eu já estou parada, imagine se eu simplesmente não querer... acho que eu vou acabar na cama. Mas prefiro continuar sonhando. Eu tenho meus momentos. Não é sempre fácil, não é sempre legal, lindo, é muito difícil. Eu preciso ter uma pessoa pra fazer meus movimentos todos os dias e para tudo, literalmente… até pra tomar banho, fica complicado. Mas eu tento acordar tentando fazer diferente, com que eu salve o dia”.

A força para acreditar na recuperação dos movimentos vem de dentro e também dos fãs.  “Eu vejo as pessoas, sinto o carinho, tudo que chega pra mim nas redes sociais, as pessoas falam e tal, mas não sei. Para mim é normal, acho que meu problema só é um pouco diferente dos das outras pessoas, só um pouco diferente”.
Como se não bastasse seu exemplo de força, Lais Souza ajudou quem passava pelo shopping. A estudante Cristiane Santos, de 36 anos, expôs à atleta um problema de saúde de uma prima, Alice, de um ano, que precisa de uma cirurgia para tratar uma hipoplasia femoral. Lais aderiu à campanha que tenta arrecadar fundos e fez um vídeo pedindo apoio para a causa. 

“Tenho uma prima na Bahia e seu nome é Alice. Ela tem hipoplasia femoral, é uma criança de um ano e 11 meses. Precisa fazer uma cirurgia que custa R$ 150 mil. Não é feito pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e os pais delas fazem uma campanha há mais de um ano em prol dessa cirurgia. Se ela não a fizer até os dois anos e três meses, ela não vai conseguir andar. Então fui pedir pra ela (Lais Souza) me ajudar a divulgar a campanha. Aí passo para os pais para que eles divulguem nas redes sociais. Vamos ver se com esse apoio dela alavanca essa campanha”, disse a estudante.

O projeto “Experimentando Diferenças”, inaugurado em 2013, passa pela segunda vez em Belo Horizonte. A participação no circuito das cinco modalidades é gratuita e estará disponível no Boulevard Shopping desta quarta-feira até a próxima segunda-feira (26). 

Neste primeiro dia, o público foi variado e contou com adolescentes, crianças e adultos que passavam no local. Quem experimentou o futebol de cinco, por exemplo, praticado na Paralimpíada por deficientes visuais, teve a sensação de ser conduzido apenas pelo som dos guizos contidos na bola. 

Lais Souza elogiou o projeto, que está em sua 53ª edição no país. “Eu acho uma atitude muito legal da Caixa, porque eles sempre tiveram esse olho clínico para o esporte, deficientes… sempre abriram muito as portas, isso eu acho legal. E a atitude de ter o evento, acho que eu continuo batendo na mesma tecla: é desconhecido para todo mundo a partir do momento que você começa a olhar um pouco, conhecer um pouco mais. Aquele bicho estranho já não fica tão estranho. Você já fica mais próximo, consegue entender e ver que a cadeira de rodas não é um bicho estranho, ou a deficiência… alguém com braço torto, perna torta ou espasmo. Isso para mim já é normal, mas para quem não conhece acho que ter essa vivência é muito importante para entender o esporte, deficiência, o tipo de a adaptação e as dificuldades”.

Lais Souza também analisou o momento do esporte brasileiro. Segundo ela, o país avançou com a realização da Olimpíada e da Paralimpíada no Rio, em 2016, que serviram de incentivo para muitas pessoas conhecerem novas modalidades. Mas, em relação aos atletas de elite, é preciso mais apoio. “Depois da Olimpíada enriqueceu muito o nosso conhecimento com esporte. Os cadeirantes, que nunca tinham visto uma Paralimpíada, conseguiram se inspirar e talvez começar um esporte. Do meu ramo, conheço dois caras que começaram no rúgbi por conta da Paralimpíada. Então, acho que enriqueceu muito, a gente conseguiu crescer. Agora, o esporte mesmo, depois que passou a Olimpíada, deu uma acalmada, tudo ficou um pouco meio que largado. Mas espero que o Brasil consiga recuperar de novo e começar a crescer, porque daqui a pouco já vem outra Olimpíada, uma outra fase. Então, provavelmente, a gente vai estar um pouco mais preparado do que foi no Rio de Janeiro”.

SERVIÇO: EXPERIMENTANDO DIFERENÇAS

Local: Praça de Eventos, Piso 1 do Boulevard Shopping
Endereço: Av. dos Andradas, 2.000, Santa Efigênia, BH/MG
Data: 21 a 26 de março de 2018
Horário: Segunda a sábado, das 10h às 22h / Domingo, das 14h às 20h
Evento Gratuito
Informações: www.boulevardshopping.com.br / 2538-7438/ 2538-7439
Modalidades Oferecidas:
Futebol de cinco
Basquete em cadeira de rodas
Corrida em cadeira de rodas
Bocha
Games Virtuais com Handbike 

Tags: Lais Souza maisesportes paralimpíadas