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De BH para Flórida: Rodrigo 'Zé Colmeia' estreia no UFC neste sábado

Revelado em programa de novos talentos, peso pesado abre evento

Vicente Ribeiro
Rodrigo 'Zé Colmeia' terá primeira chance no UFC em Jacksonville - Foto: Reprodução/Instagram
O terceiro evento consecutivo do Ultimate Fighting Championship na VyStar Memorial Arena, em Jacksonville, na Flórida, terá a presença de um mineiro no card preliminar. Nascido em BH, Rodrigo Nascimento, o Zé Colmeia, estreia na organização e abrirá o evento deste sábado diante do norte-americano Don’Tale Mayes, pela divisão peso pesado (até 120kg).



Rodrigo Nascimento, de 27 anos, foi revelado pelo Dana White’s Contender Series, criado pelo presidente do UFC para descobrir novos talentos no MMA. O mineiro assinou contrato com o Ultimate ao bater o checo Michal Martinek, por finalização com katagatame, em julho do ano passado, em Las Vegas. Profissional desde 2012, o lutador de BH está invicto, com sete vitórias em igual número de lutas na carreira.

Uma lesão no joelho atrasou a estreia de Rodrigo no UFC. Ele já morava nos EUA, em um alojamento para atletas na conceituada academia American Top Team (ATT), na Flórida, e teve longa recuperação até voltar a treinar e aguardar a esperada primeira luta nos pesados da organização. Com a pandemia do novo coronavírus, a ansiedade foi ainda maior, já que o mineiro não sabia quando poderia subir ao octógono. 

Com a liberação das autoridades da Flórida para receber o UFC, Zé Colmeia foi confirmado diante do também estreante Don’Tale Mayes, o Kong, de 28 anos e outro revelado pelo Contender Series. Especialista em jiu-jítsu – venceu cinco vezes por finalização e duas na trocação em pé – o lutador de BH garantiu estar com o boxe afiado para começar bem a trajetória na principal organização de MMA.



Em entrevista ao SUPERESPORTES, Rodrigo Zé Colmeia comentou sobre a preparação em meio à pandemia e disse confiar plenamente no protocolo de segurança do UFC para os lutadores no evento deste sábado. Ele avisou que usará sua principal característica, a eficiência no jiu-jítsu, para buscar a finalização. E projetou entrada no Top 15 do ranking dos pesos pesados, a divisão mais valorizada, para depois alçar voos maiores. 

Zé Colmeia finalizou checo no Contender Series e vai realizar sonho - Foto: Reprodução/UFC

Entrevista com Rodrigo Zé Colmeia 


Depois de despertar a atenção de Dana White no Contender Series, você viveu longa espera até finalmente estrear no UFC. Como foi essa ansiedade?
 
Eu tive uns contratempos, tive que fazer uma cirurgia no menisco do joelho direito assim que cheguei nos EUA. Foi complicado, mas eu vi que era a melhor escolha para tratar a lesão e me tornar um atleta mais polido lá na frente. Eu estou bem tranquilo, bem focado, vai ser uma boa estreia
 
Você ficou um bom tempo treinando nos EUA, até ter a estreia confirmada. Como foi o camp de preparação durante uma pandemia mundial como esta?
 
Ficamos um pouco limitados, pois eu só podia treinar com um parceiro de treinos e tinha que tomar todas as precauções. Mas tomei todos os cuidados que deveria. Eu moro no alojamento da academia, a ATT, e não podiam ficar mais do que 10 pessoas ali dentro e só quem tinha luta marcada tinha acesso
 
A quarentena enfrentada pelos atletas atrapalhou até que ponto a preparação para este evento?
 
A minha preparação em si não prejudicou, continuei treinando, tinha luta marcada. Mas acredito que os atletas de outros eventos podem ter saído prejudicados por não terem data para lutar. É difícil se manter motivado sem saber quando você vai lutar
 
Creio que você nunca pensaria em estrear no UFC em um momento de grave crise mundial. O que pensa sobre isso?
 
É bem louco. E eu fiquei pensando se isso iria acontecer ou não, pois a luta já havia sido cancelada. Mas dessa vez vai. Eu conversei muito com meus amigos que me deram uma injeção de motivação. E eu estou com a cabeça totalmente focada
 
Como você acha que vai se sentir quando deixar o vestiário rumo ao octógono, mas sem a presença de público na arena?
 
É complicado, né? Eu vivi isso quando participei do Contender Series, que não tem público, nem torcida. Acredito que vai ser algo bem parecido. Mas vai ser bom porque vou conseguir escutar meus treinadores. Mas ainda quero poder viver a experiência de ter a torcida vibrando por mim
 
Você se sente confortável em lutar neste momento de pandemia mundial? Ou acha que o protocolo de saúde do UFC para o evento dará toda tranquilidade para pensar só no adversário?
 
Sem sombra de dúvida. Tenho Certeza de que o que o UFC vai proteger todo mundo. Estão testando todo mundo, montaram estruturas individuais de preparação para cada atleta. Tenho certeza de que teremos todo o suporte.  
 
O peso pesado é uma divisão muito valorizada, com bons nomes surgindo no UFC, inclusive o Jairzinho Rozentruik. Quais os planos na categoria?
 
Meu plano é, primeiro, entrar no Top 15 da categoria. Quando eu chegar lá, penso nos próximos
 
Borrachinha vem alcançando sucesso e mostrando que Minas tem grandes lutadores, como no caso do Glover Teixeira, que já disputou cinturão. O que os mineiros podem esperar do Rodrigo Zé Colmeia?
 
Um lutador bem técnico e bem tático. Eu sou um cara que luta assim, de forma consciente. Gosto de calcular as coisas. E quando o adversário dá brecha, eu finalizo
 
Você estudou bem o jogo de Don'Tale Mayers, mas pode haver alguma surpresa na luta? No Contender Series vc emplacou vitória por finalização. Como é o estilo do Zé Colmeia?
 
Eu sou mais voltado para o jiu-jitsu, mas sei boxear, tenho uma trocação muito boa. Mas sempre vou tentar levar a luta onde é mais tranquilo para mim. Vou finalizar
 
Como é a dificuldade de um atleta de MMA em formação no Brasil? Falta de apoio, estrutura....sparrings...o que muda aí nos EUA?
 
Acredito que viver só para treinar já torna tudo diferente. No Brasil, muitas vezes a gente precisa fazer isso e aquilo para conseguir se manter. Aqui eu só treino e fico por conta disso. Não preciso correr atrás das lutas, do patrocínio. Estou em uma grande equipe, tenho tudo no mesmo lugar. A qualidade dos pesos-pesados aqui é incrível, treino com Oleinik, Cigano, Greg Hardy, Philipe Lins, só fera

UFC on ESPN: Overeem x Harris


Neste sábado (16)
Horário: a partir de 19h20 (de Brasília)
Local: VyStar Memorial Arena, em Jacksonville (EUA)

Card principal 

Alistair Overeem x Walt Harris – peso pesado
Cláudia Gadelha x Angela Hill – peso palha
Dan Ige x Edson Barboza – peso pena
Eryk Anders x Krzysztof Jotko – peso médio
Song Yadong x Marlon Vera – peso pena

Card preliminar

Matt Brown x Miguel Baeza - meio-médios
Anthony Hernandez x Kevin Holland – peso médio
Mike Davis x Giga Chikadze – peso pena
Darren Elkins x Nate Landwehr – peso pena
Cortney Casey x Mara Romero Borella – peso mosca
Rodrigo Zé Colmeia x Don'Tale Mayes – peso pesado