Do total de 108 medalhas conquistadas pelo Brasil – desde Antuérpia'1920 –, os mineiros participaram de 13 conquistas, que correspondem a 11,71%Os Jogos de Atenas'2004 e Pequim'2008 registraram o maior número de nascidos em Minas por edição: 21Em Londres, foram 19Média que deve ser mantida na Rio'2016O menor número se deu em Berlim'1936 e Londres'1948, com apenas um presente.
“Os Jogos Olímpicos eram desconhecidos do grande públicoMuita gente chegava a dizer que eram bobagemMas quem lidava com o esporte sabia o seu significado
Pavan era até mais conhecido como jogador de vôlei, esporte que não integrava o cardápio olímpico – isso só viria a acontecer em Tóquio'1964Mas, como se destacava também nas piscinas, acabou indicado pelo Minas para a “Tentativa Olímpica de Natação”, no Clube Guanabara de Remo, no Rio“Eles diziam que o equipamento (piscina) era favorável para atingir os índices”, conta ele, que buscava o índice nos 100m costas“O índice era de 1min09s01Cada nadador podia tentar a marca três vezesNão fui bem nem na primeira nem na segundaMas mentalizei que poderia conseguir e fiz 1min08s05Era excepcional.”
Vaga assegurada, Pavan nem voltou a Belo Horizonte
A chegada à Finlândia foi um tanto quanto complicada“Para nós, brasileiros, era como se fosse um evento esportivo pós-guerra, que ainda estava muito presenteHavia uma apreensão no arComeçamos a ver as coisas, perceber e sentir o ambientePensávamos que veríamos as coisas todas destruídasMas nãoAlém disso, os russos não estavam no evento nem seus aliadosA política se fazia presenteTambém não estava a AlemanhaMas o que importava é que a gente estava e iria competir.”
O grande nome da Olimpíada foi o velocista tcheco Emil Zatopek, a “locomotiva humana”O brasileiro que mais se destacou foi Adhemar Ferreira da Silva, medalha de ouro no salto triplo – feito que repetiria quatro anos depois, em Melbourne“Na minha prova, éramos eu e João GonçalvesParticularmente, estranhei muito a piscina, principalmente porque a água batia na beirada e provocava marolaHavia também o problema da mudança de regrasA virada tinha mudado e a grande preocupação era não errarNão fui bemAcabei desclassificadoPenso até que fui um dos últimosJoão se classificou, mas também não chegou à final, terminou em nono ou décimoAté hoje me cobro pelo resultado ruimDepois, viajamos pela Itália, França e Alemanha e venci várias provasPodia ter ido melhor na Finlândia.”
Depois de jogar vôlei e nadar pelo Minas e competir no basquete pelo América, Pavan se tornou diretor de vôlei minas-tenista, cargo que ocupou por mais de 10 anosHoje é presidente do Conselho Deliberativo do Minas Náutico e jogador de golfe do Morro do Chapéu, seu hobby.
GARRAFÃO ROMANO O primeiro mineiro medalhista foi Moysés Blas, no basquete, em Roma'1960Mas a segunda medalha teve sabor mais heroico: veio da piscina, com Marcus Matiolli, bronze no 4x100m livre, ao lado de Djan Madruga, Jorge Fernandes e Cyro DelgadoDestaque em competições de masters, dono de academia de natação com o seu nome em Belo Horizonte, ele enfrentou forte concorrência de cariocas e paulistas para se garantir na equipeNa manhã da final, uma das primeiras providências do libriano Matiolli foi consultar o horóscopoOnde leu que o dia era propício para praticar esportes“Não tinha dúvidas de que nos sairíamos bemNa eliminatória, ficamos em oitavo e tivemos de baixar o nosso tempo em seis segundos para sonhar com o pódio.”
A presença maciça nas seleções de vôlei ajudou os atletas mineiros a enriquecer o retrospecto de medalhas brasileirasO Minas é um dos seus maiores celeiros nessa modalidadeE nas quadras, piscinas, tatames e pistas do Rio, dentro de poucos meses, dezenas deles (a maioria ainda em busca de vagas) lutarão para manter a tradição iniciada há mais de oito décadas.