O Brasil entra em campo nesta terça-feira para o seu último amistoso de 2014, ano que vai terminar permeado por fortes emoções, grandes esperanças e o maior vexame de todos os tempos da Seleção. Se o resultado na Copa do Mundo jamais será apagado, o time que enfrenta a Áustria, no estádio Ernst-Happel, em Viena a partir das 16 horas (de Brasília), atravessa atualmente um processo de reconstrução interna em sua longa busca para voltar a ter respeito internacional.
Neste clima, o técnico Dunga deixa claro que só um resultado interessa contra os austríacos: a vitória. A estratégia é vencer todas as partidas que disputar para voltar a dar confiança aos jogadores, reconquistar a torcida e até a credibilidade de patrocinadores.
Sob o comando do treinador, foram cinco jogos, cinco vitórias, 12 gols marcados e nenhum sofrido. Para garantir 100% de aproveitamento, o time que entra em campo é o mesmo da goleada por 4 a 0 sobre a Turquia, na semana passada. “Quanto mais confiança um jogador tem, mais ele vai render", justificou o treinador.
Marin também defende uma “renovação paulatina", para não queimar os mais jovens.
O trabalho de reconstrução do time passa por um novo comportamento dentro de campo e no vestiário. Nos últimos dias, em Viena, Dunga promoveu uma reviravolta no ritmo dos treinos, o que chegou a deixar os mais experientes sem fôlego. Adotou um sistema de treinos acelerados, com inovações: o uso de mais de dois goleiros, configurações variadas de campo e sempre com a meta de conseguir um time compacto, rápido e em que todos marquem.
“Esse é o futebol moderno", afirmou. “Temos de treinar como se fosse um jogo, no mesmo ritmo e pressão". Ele diz que a vontade dos jogadores de superar a mancha da Copa é tão grande que é obrigado a retirá-los do campo de treinamento. Outra marca dessa nova fase é a decisão de Dunga de alertar a todos que não existe vaga garantida. “As opções são muitas".
CICATRIZES
Apesar das vitórias e do discurso dos jogadores de que o grupo é unido, Dunga internamente enfrenta sérios desafios como o protagonizado por Thiago Silva. O ex-capitão atacou a falta de diálogo com ele após perder a braçadeira e o lugar no time. Também mandou alertas de que a renovação não pode significar um abandono dos “mais experientes".
Dunga respondeu e deixou claro que quer respeito pela hierarquia. Ou seja, não é o jogador que se convoca. “Estamos fazendo uma renovação".
No contexto internacional, a Seleção tem um longo percurso para recuperar a credibilidade. Os 7 a 1 sofridos no jogo contra a Alemanha ainda são parte de qualquer conversa sobre futebol e os jogadores sabem disso. “Não fizemos nada ainda", admitiu o lateral-esquerdo Filipe Luis. “Temos de ter os pés no chão", confirmou o zagueiro David Luiz.