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O DIA EM QUE FOMOS ATROPELADOS

Histórico 7 a 1 mantém alemães na rota do Mineirão, mas projeto pós-Copa não sai do papel

Camisa doada ao museu simboliza passagem avassaladora da Alemanha no Mundial

Luiz Martini
Estudante Alexander Eggers realizou sonho de conhecer palco da histórica goleada da Alemanha sobre Brasil - Foto: Arquivo Pessoal
O dia 8 de julho de 2014 se tornou histórico para o futebol mundial. A goleada de 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil, pela semifinal da Copa do Mundo, ganhou um endereço inesquecível: o Mineirão. Passado um ano da vitória humilhante dos europeus sobre os donos da casa, o estádio recebe turistas alemães com frequência.
O estudante alemão Alexander Eggers atravessou o Atlântico após a Copa do Mundo para conhecer o Mineirão. Ele esteve na capital mineira em março do ano passado e ficou impressionado ao pisar no gramado em que os germânicos humilharam a Seleção Brasileira.

Alexander ao lado da camisa no museu - Foto: Arquivo pessoal“A visita ao Mineirão foi inesquecível para mim. Eu sou grande fã da Seleção Alemã e do Hannover 96, um time daqui. Logo depois da vitória especial contra o Brasil, eu queria conhecer o estádio onde isso aconteceu. Eu tenho uma prima em Belo Horizonte. Ela foi comigo. Aproveitei a visita e fui a um jogo do Atlético contra o Cruzeiro. Posso dizer que a atmosfera é bem diferente dos estádios alemães. Eu gostei muito da partida”.

O Superesportes conversou com a Minas Arena, administradora do estádio, que informou não ter contabilizado o número de turistas estrangeiros que foram ao Mineirão neste período, pois a ficha de registro é opcional e muitos não preenchem. A assessoria de comunicação apenas informou que houve um aumento considerável de alemães depois do Mundial.

Projeto que não vingou

A curiosidade dos visitantes chegou a incentivar um estudo para a criação de um roteiro turístico para a arena, com a intenção de promover Belo Horizonte no Velho Continente. Porém, as ideias do antigo governo (houve eleição e mudança no comando em outubro do ano passado) não saíram do papel e o projeto ficou só na promessa.

O ex-secretário de Turismo e Esportes, Tiago Lacerda, quando as duas secretarias atuavam em conjunto, ainda em 2014, chegou a mencionar os motivos que incentivaram o estudo para o projeto, que nunca saiu do papel.

“Quando há um sentimento muito forte (goleada histórica da Alemanha), vende-se mais e muitos turistas são atraídos”, disse, à época.

De oficial da passagem avassaladora da Alemanha pelo Mineirão ficou a camisa autografada pelos jogadores. O objeto foi doado pelo consulado alemão e está exposto no Museu Brasileiro do Futebol, localizado no estádio.

"Esta camisa é uma lembrança para o estádio. Aqui vimos uma partida que entrou para a história do futebol e colocou BH no mapa para todos os alemães. Temos um enorme carinho com o povo de Minas e aqui deixamos um pouco da nossa história também", disse o Cônsul alemão, Harald Klein.

Neste um ano após a goleada, pouca coisa mudou em relação aos problemas de estrutura, financeiros e políticos no futebol brasileiro. O discurso de que o placar elástico seria responsável por uma reformulação foi mais breve que os cinco gols da Alemanha em 29 minutos do jogo, no dia do fatídico 7 a 1. O termo “gol da Alemanha” se tornou sinônimo de falhas internas na administração do Brasil. Possíveis atos de corrupção do ex-presidente da CBF, José Maria Marin, mancham ainda mais a credibilidade do esporte no país.

Camisa doada com autógrafos dos tetracampeões mundiais ao museu do futebol, localizado no Mineirão - Foto: Divulgação/Agência Minas