Seedorf esteve em São Paulo para participar de um congresso que o Palmeiras promoveu para discutir as ciências do futebol. Ele discursou por cerca de uma hora e falou brevemente sobre a traumática derrota por 7 a 1 da Seleção para a Alemanha, nas semifinais da Copa do Mundo de 2014. Para o ex-jogador, os atletas não souberam lidar com a pressão que antecedeu a partida. “Talvez eles não estivessem preparados para um evento desses”, disse. “O (zagueiro) David Luiz queria subir toda a hora para o ataque, mas ele sabe jogar muito melhor do que isso. São seres humanos e estavam com o psicológico muito pressionado por jogarem dentro de casa”.
Sem ter visto a derrota para o Chile, no meio da semana, Seedorf preferiu não comentar sobre o rendimento da equipe dirigida por Dunga. Mas ressaltou que dificilmente haverá mudanças na Seleção se os presidentes dos clubes nacionais continuarem demitindo treinadores a cada sequência negativa de resultados. O holandês acredita que a prática prejudica a formação técnica dos atletas e afeta a qualidade do Campeonato Brasileiro.
“Treinadores são trocados a cada dois meses. É preciso haver uma lógica e um planejamento. Seria importante para o futebol brasileiro se os técnicos tivessem tempo para desenvolver suas ideias. Às vezes é melhor trocar se um time não dá retorno por muito tempo, mas quase todas as situações que vi no passado não mudaram muito (com as demissões). Os resultados seguem iguais e os atletas que poderiam ir para a Seleção deixam de render, porque o sistema de jogo muda e alguém que estava bem é trocado de posição. Manter os treinadores no lugar poderia ajudar”, opinou.
O ex-jogador, que se aposentou no início de 2014 para dirigir o Milan, também sofreu com a falta de paciência de dirigentes e foi dispensado de suas funções com menos de cinco meses. Ele possui um vínculo de mais sete meses com os rossoneros e estaria disposto a ouvir ofertas de clubes brasileiros após esse período. “Eu joguei aqui, né. Sou um cara que vive no mundo. Tenho esse final de contrato, depois vamos ver”.