Ao final da Copa, o ex-presidente da Fifa, Joseph Blatter, anunciou a criação de um fundo para ajudar o futebol brasileiro, com recursos que iriam para os estados que não tinham recebido os jogos e para a construção de centros de treinamentoDepois de uma liberação inicial de US$ 8,7 milhões, toda a transferência foi suspensa em razão da prisão de José Maria Marin e do indiciamento de Marco Polo Del Nero, que continua na presidência da CBF.
Em diversas reuniões e negociações, a Fifa deixou claro que apenas voltaria a autorizar o repasse se soubesse exatamente como seria usado o fundo, quais critérios seriam utilizados para comprar terrenos e como seria o controle de gastosA CBF prometeu, ainda no ano passado, aprimorar os planosMas, durante o Congresso da Fifa na semana passada no México, a constatação dos auditores era de que pouco havia sido realizado e que a liberação dos recursos não se justificaria.
Os auditores da Fifa autorizaram a liberação de cerca de US$ 10 milhões para a Concacaf, dinheiro que também estava bloqueado até que a entidade desse demonstrações de que estava passando por uma reforma, depois da onda de prisões de seus dirigentesMas a autorização não foi dada à ConmebolPara a Fifa, nenhuma reforma que garanta maior transparência da forma que o dinheiro será usado foi aprovadaPortanto, a remessa de US$ 10 milhões continuou bloqueada.
O congelamento levou o presidente da Conmebol, Alejandro Domingues, a lançar uma dura crítica contra o ex-auditor chefe da Fifa, Domenico ScalaPara o paraguaio, o bloqueio era de sua responsabilidade.
No fim de semana, Scala renunciou em protesto contra a manobra do novo presidente da Fifa, Gianni Infantino, de enterrar as reformas na entidadeNa sexta-feira, no congresso anual da Fifa no México, Infantino acabou com a independência das investigações e, por 186 votos a favor e apenas um contra, a entidade aprovou mudanças no estatuto, dando à cúpula poderes que Joseph Blatter jamais imaginou ter.
Pelas novas regras, Scala, assim como o juiz independente Hans-Joachim Eckert e o investigador independente Cornel Borbely poderão ser simplesmente demitidos pela direção da entidade, sem qualquer justificativaForam eles quem conseguiram limpar de uma certa forma a Fifa de personalidades suspeitas, com decisões que desagradaram muitos
Para Scala, um investigador poderia ser ameaçado de demissão se optasse por abrir um inquérito contra um cartola"Isso impede investigação", disse"Isso mina o pilar central da boa governança da Fifa e destrói o centro das reformas", declarouFoi Scala quem de fato presidiu a Fifa por quase um ano, entre a queda de Joseph Blatter e a eleição de InfantinoFoi ele também quem desenhou as reformas e colocou limites aos dirigentes, inclusive estabelecendo regras para o uso do avião oficial da entidade.
Scala renunciou por considerar que as investigações e os comitês tiveram sua "independência terminada"Em resposta, a Fifa acusou Scala de estar fazendo declarações "sem base".