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SELEÇÃO BRASILEIRA

Fifa pode punir Seleção Brasileira por gritos homofóbicos da torcida no Itaquerão

Instituição já multou 13 seleções por atitudes homofóbicas da torcida

Agência Estado
CBF vai tentar explicar que tem feito campanhas nos estádios e pedido que os gritos não se repitam - Foto: Lucas Figueiredo/CBF
Investigado pela terceira vez nestas Eliminatórias da Copa do Mundo, por conta de gritos de "bicha" por parte da torcida, a seleção brasileira corre o risco de ser impedida de voltar a jogar no Itaquerão. A Fifa confirmou nesta terça-feira que abriu um procedimento contra o Brasil por causa das ofensas no jogo contra o Paraguai, no mês passado, e, se optar por uma punição, poderá recorrer não apenas a multas, mas também s proibição de jogos em certos estádios.
Adotando uma postura dura contra gritos homofóbicos, a Fifa já multou as seleções sul-americanas em 13 ocasiões, o que resultou em multas de 550 mil francos suíços por parte da Fifa - cerca de R$ 1,8 milhão.

No caso da CBF, ela foi multada pelos incidentes que ocorreram na partida contra a Bolívia, no dia 6 de outubro. A multa aplicada foi de 25 mil francos suíços (R$ 78 mil), além de um alerta. Em setembro, a entidade já havia sido alvo de uma punição, depois dos gritos homofóbicos dos torcedores em Manaus num jogo contra a Colômbia, também válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. Naquele momento, a multa imposta foi de 20 mil francos (R$ 62 mil).

Se o ritmo de punições continuar, a Fifa avisou que o Brasil pode ser obrigado a mudar o local de partidas ou impedir que jogos voltem a ocorrer nos lugares onde os problemas foram registrados.

Um exemplo dado pela Fifa é o que ocorre com o Chile. Ao ser multado pela terceira vez, foi impedido de disputar o jogo do dia 28 de março contra a Venezuela no Estádio Nacional Julio Martínez Prádanos, em Santiago.

A CBF vai tentar explicar que tem feito campanhas nos estádios e pedido que os gritos não se repitam. Mas a nova investigação ao Brasil ainda foi uma resposta clara à CBF e à Conmebol diante da tentativa dos cartolas sul-americanos, em outubro do ano passado, de convencer a Fifa de que os gritos de "bicha" eram "culturais". Wilmar Valdez, presidente da Federação Uruguaia de Futebol, confirmou que reuniões foram mantidas para explicar que o uso de certas palavras para ofender os adversários não tem o caráter de homofobia.

A Fifa rejeitou a tese e promete que vai continuar sancionando a região. Questionada no final do ano passado se o argumento "cultural" era válido, a secretária-geral da Fifa, Fatma Samoura, rebateu: "É uma questão de educação e não pode ser autorizada".

"O que posso dizer é que precisamos que as pessoas sejam educadas, mesmo que esteja na sua história, na sua cultura, usar palavras não amigáveis contra o adversário. Isso tem de parar. Para a Fifa, a tolerância é zero em relação à homofobia, discriminação racial e discriminação de gênero", respondeu a delegada da Fifa, que é africana, negra, mulher e muçulmana.