Se falhar, será a terceira vez nas últimas quatro edições que a seleção não conseguirá lugar no Mundial de Juniores. Cenário surreal para um país que, em 28 edições do Sul-Americano, só não foi campeão ou vice em dez oportunidades.
Os tempos, porém, são outros. Desde 2011, quando o time de Neymar e Lucas Moura deu show no torneio sediado no Peru, o Brasil empacou na categoria, enquanto o sub-17, por outro lado, continua sobrando no continente - é o atual bicampeão e ganhou seis das últimas sete edições. Ou seja, é no último passo antes da seleção profissional que está o problema.
Mas qual seria, então, tal problema? Na opinião de quem treinou a última equipe vitoriosa, há vários.
Ney Franco também vê evolução nos rivais. "Há 20, 25 anos, alguns países não tinham cultura nenhuma no futebol. Na Venezuela, era o quarto, quinto esporte", diz. Os venezuelanos, atuais vice-campeões mundiais, ocupam a quarta posição no Sul-Americano, com quatro pontos, a dois de Argentina e Equador, e três atrás do Uruguai. Colômbia e Brasil têm um.
MENOS TALENTO? - Mesmo que não tenha surgido um novo Neymar, gerações talentosas têm fracassado. Em 2017, por exemplo, o time que ficou em quinto no Sul-Americano contava com Richarlison, que vem sendo convocado por Tite, e Lucas Paquetá, vendido ao Milan nesta janela por 35 milhões de euros (R$ 146,6 milhões). Em 2015, quando se classificou ao Mundial com a última vaga, o Brasil tinha Gabigol e Malcom (hoje no Barcelona).
Na atual edição, as ausências de Vinicius Júnior e Paulinho, vetados, respectivamente, por Real Madrid e Bayer Leverkusen (o torneio não é em Data Fifa, logo, os clubes não são obrigados a liberá-los), são significativas, mas não explicam tudo. A Argentina também teve gente importante barrada (Garré, do Manchester City), assim como Colômbia ("Cucho" Hernánez, do Huesca, da Espanha) e Equador (Stiven Plaza, do Valladolid)..