Superesportes

ENTREVISTA

Bruno Soares: tenista mineiro conta como chegou ao auge de sua carreira aos 34 anos

Bruno Soares ganhou três Grand Slams no ano e ainda tem dois desafios em 2016

Renan Damasceno
Bruno é tietado por grupo de crianças em quadra no Belvedere, em Belo Horizonte - Foto: Sidney Lopes/EM/D.A Press
Dono de três troféus de Grand Slam na temporada, o mineiro Bruno Soares precisou se reinventar para chegar ao melhor momento da carreira aos 34 anosCom fôlego invejável, o campeão de duplas do US Open no mês passado desembarcou em Belo Horizonte nesta semana e, na próxima quarta-feira, parte para a última etapa do circuito profissional, com torneios na Ásia e o ATP Finals, principal objetivo do mineiro ao lado do britânico Jamie Murray Em breve passagem pela capital, Bruno falou com o Estado de Minas sobre o título, aprendizado com os Jogos Olímpicos e planos.

MUDANÇAS NO JOGO
Estou jogando meu melhor tênis, sem dúvidaEu e o Hugo fizemos uma mudança no meu saque e, a cada semana, estou colhendo mais frutosQuem conhece tênis sabe que mudar golpe é complicado, você leva seis meses, um ano, só para adaptar, tornar isso uma coisa naturalForam muitas horas de vídeos e acertos antes de começar o anoEu mudei meu posicionamento para ter mais rotação de quadril e de ombro e ganhar mais potênciaComo eu não salto muito para sacar, passei a focar nesses dois outros aspectos e deu certoDo meio da temporada pra frente já estava completamente adaptado.

DERROTA NA OLIMPÍADA
Olimpíada é muito intensaA gente vive aquela expectativa por dois anos, que é quando as pessoas começam a se preocupar, a falarPor ser em casa, criou pressão, expectativa, ansiedade
Mas Olimpíada é um tiroSe você acorda mais ou menos, acabouFizemos boa campanhaBatemos na trave, ficou aquele gostinho, mas foi uma grande liçãoFoi especial vencer o Djokovic e o Nenad Zimonjic, que é um dos maiores da históriaMas, com certeza, levamos essa lição positivaTanto que o Marcelo (Melo, tenista mineiro parceiro de Bruno nos Jogos) foi campeão em Cincinatti, na semana seguinte, e eu do US Open.

PREPARAÇÃO FÍSICA
A parte física também foi fundamentalA gente sabia que seria um ano puxado, por causa da OlimpíadaO ano fica muito apertado, com pouco tempo de descansoO Hugo e o Chris puxaram muito na pré-temporada
E o resultado é isso: cheguei em setembro bem, com fôlego para os últimos dois meses.

IMPRESSÕES
Todo tenista estrangeiro com quem conversei, gostou demais dos Jogos OlímpicosA gente sabe que nosso país não é perfeito, mas sabemos o quanto o brasileiro gosta do país e de receberTodo lugar a que eles foram, sentiram essa energiaIsso marcou demais todos os tenistas do circuito.

TÍTULOS EM SLAMS
Foi uma gratificação diferente (em relação aos títulos de duplas mistas, em 2012 e 2014), pois todo mundo sabe que meu foco são as duplas masculinasSer campeão nas mistas foi importante por dois motivos: por ser meu primeiro troféu de Slam, em 2012, e por me dar tranquilidade para chegar à Austrália sem peso, em janeiroEu conquistei meu primeiro título em duplas masculinas com confiança, sem aquela pressão, porque já havia conquistado título em mistasO mesmo ocorreu nos Estados Unidos.

DERROTA NA DAVIS
É o glamour do tênisEm uma semana você ganha um slam e na outra toma porrada na Bélgica (risos)Mas foi mérito total delesÉ a beleza do esporte(Ao lado de Marcelo Melo, Bruno Soares foi surpreendido pela dupla Ruben Bemelmans e Joris de Loore por 3 a 2, o que fez o Brasil cair novamente para o zonal americano.)

OBJETIVOS E METAS
Vencer o ATP Finals se tornou uma meta, tanto minha quanto do MarceloEu já fiz duas semis, o Marcelo foi finalistaBatemos na traveO Finals é um torneio especialVocê não participa, você tem que se classificar, tem que estar entre os oito melhores, senão não jogaO fato de ser em Londres, vira um espetáculoÉ um objetivo, ainda mais jogando com o Jamie, que estará em casa.