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FÓRMULA 1

Temporada 2020 da 'nova' Fórmula 1 começa, ainda em adaptação à pandemia de Covid-19

Com oito etapas confirmadas, briga por títulos de pilotos e construtoras pode provocar surpresas, mas Lewis Hamilton e Mercedes seguem como favoritos

postado em 04/07/2020 09:00 / atualizado em 03/07/2020 20:40

(Foto: Divulgação/F1)
Neste domingo, às 10h10 no horário de Brasília, enfim os carros poderão largar para a temporada 2020 da Fórmula 1, no GP da Áustria. Será o início de um disputa bastante diferente da que os fãs da principal categoria do automobilismo mundial estão acostumados a acompanhar. Com um número bem reduzido de corridas em relação a 2019, sendo todas as oito concentradas na Europa - ainda há estudos e negociações para outros países -, a briga pelos títulos mundiais de pilotos e construtoras pode ficar mais propensa a surpresas e oferecer risco às hegemonias de Lewis Hamilton e da Mercedes.

A conta soma exatos 113 dias desde 14 de março, quando estava tudo praticamente pronto para a realização do treino de classificação do Grande Prêmio de Melbourne, na Austrália.. Porém, enquanto torcedores aguardavam do lado de fora do autódromo, a informação do cancelamento veio à tona. Era um dos primeiros grandes eventos esportivos adiados pela pandemia de Covid-19. Entraram em foco então as negociações entre equipes, patrocinadores e pilotos, regulamento, e as inúmeras especulações e reuniões sobre o calendário.

Principais acontecimentos dos 113 dias de 'pausa'
  • Anúncios de problemas financeiros na McLaren
  • Williams foi posta à venda, perdeu apoio da Rokit, e mudou de patrocinador master
  • Ferrari descarta Sebastian Vettel e assina contrato com Carlos Sainz
  • No mesmo dia, McLaren acerta com Daniel Ricciardo como substituto
  • Mudanças dos carros adiadas para 2022
  • Estabelecimento de teto de gastos em U$ 145 milhões por equipe
Definidas apenas no começo do mês passado, as datas trazem como inéditas as realizações de duas etapas consecutivas em um mesmo circuito, no Red Bull Ring, que além do GP da Áustria sediará o GP da Estíria - estado austríaco -, e em Silverstone, na Inglaterra, sede do GP da Grã-Bretanha e o GP do Aniversário de 70 anos da Fórmula 1, em agosto. Campeonato enxuto, porém ainda indefinido, que pode trazer provas em Portugal e na Itália, e ainda no Brasil, que não foi descartado, mas tem situação dificultada pelos altos números de infecções e mortes pelo coronavírus.

Corridas do ano (confirmadas até aqui)

05/07 – GP da Áustria (Red Bull Ring)
12/07 – GP da Estíria (Red Bull Ring)
19/07 – GP da Hungria (Hungaroring)
02/08 – GP da Grã-Bretanha (Silverstone)
09/08 – GP dos 70 anos da Fórmula 1 (Silverstone)
16/08 – GP da Espanha (Barcelona)
30/08 – GP da Bélgica (Spa-Francorchamps)
06/09 – GP da Itália (Monza)

O campeonato

Entre as definições que persistiram do período pré-pandemia, a manutenção da Mercedes como grande favorita ao sétimo título consecutivo é inquestionável, assim como o favoritismo de Hamilton a se consolidar de vez como o piloto mais vitorioso em números na Fórmula 1. Ainda mais pela melhoria da resistência do motor alemão em altas temperaturas, além da implementação do sistema de direção em duplo eixo (DAS). Porém, a configuração das pistas garantidas dá à Red Bull o status de ‘carta na manga’, contando com a melhoria do motor Honda, além dos arrojados pilotos Max Verstappen e Alexander Albon, surpresa da última temporada.
(Foto: Divulgação/F1)

Já a Ferrari, perdeu mais espaço na briga pelo título, largando atrás novamente no desenvolvimento do carro, embora prometa “uma mudança significativa de direção em termos de desenvolvimento” a partir do GP da Hungria. A Racing Point - futura Aston Martin em 2021 -, pelos bons resultados nos testes do início do ano, merece uma atenção especial sobre o desempenho na estreia, mas McLaren e Renault, apesar dos problemas, seguem polarizando a briga pelo destaque do “segundo pelotão” da F1.

O que esperar do GP da Áustria?

O Red Bull Ring é considerado como uma pista que exige força, sobretudo dos motores, o que afeta no rendimento do carro da própria Red Bull, que jamais registrou uma pole no circuito. Com isso, a Mercedes, pole com Hamilton (2015 e 2016) e Valtteri Bottas (2017 e 2018) têm o caminho livre para mais uma fila dupla na largada, uma vez que a Ferrari de Leclerc, pole no ano passado, não projeta um fim de semana vitorioso.
 

Porém, na corrida, o desempenho de Max Verstappen no circuito se mostra invejável até mesmo para os campeões na ativa. Em uma corrida extraordinária no ano passado, o holandês realizou manobras arrojadas em ultrapassagens que lhe renderam a vitória, empurrado por uma massa de torcedores compatriotas - que desta vez não estarão nas arquibancadas.

Mudanças de conceitos. E para melhor

(Foto: Divulgação/F1)
Pelo alto poder financeiro, a Fórmula 1 sempre foi um esporte voltado para atender as elites econômicas, desde os pilotos, até os maiores investidores em anúncios e construção de peças e automóveis em si. Aspecto que sempre deu à categoria uma conotação de distanciamento das questões sociais. Porém as mudanças de conceitos sociais enfim chegaram à F1.

O programa "We Race as One", "Nós Corremos como Um", em português, anunciado no último mês de junho, busca inserir pessoas de diferentes etnias, gênero e orientação sexual, com oportunidades de participar da categoria nas mais variadas funções, inclusive para pilotos nas categorias de base, como o kart.

Maior exemplo entre os pilotos de engajamento social, Lewis Hamilton vai além da figura representativa de homem negro como o maior vencedor da história da categoria. Participa ativamente das causas pelo meio ambiente, e esteve presente em passeatas de protesto contra o assassinato de George Floyd por um policial branco nos Estados Unidos. Inclusive, a própria Mercedes jogou a segundo plano o conceito “silver arrow” (flecha de prata, no português), que acompanha a história da equipe nas competições de automobilismo, para adotar um carro de cor preta na temporada 2020.

E o Brasil?

Na terceira temporada sem um representante nas pistas, o Brasil deposita as esperanças para 2021 sobre Sergio Sette Camara e Pietro Fittipaldi, ambos pilotos com superlicença e fazem testes para as equipes AlphaTauri e Haas, respectivamente. Ainda sem definição, porém praticamente com o GP de Interlagos descartado, o país pode ter ainda uma troca de sede para 2021, com a expectativa do Rio de Janeiro vencer a disputa para sediar o Grande Prêmio do país, ainda com o autódromo em fase licitatória.