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VOO LIVRE

Brasília e Formosa recebem Campeonato Brasileiro de Parapente

Com 130 pilotos, torneio nacional terá pousos na Esplanada dos Ministérios e no Aeródromo de Formosa de 21 a 28 de julho

postado em 21/07/2018 11:47 / atualizado em 21/07/2018 13:10

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press

Menos de um ano após o Mundial de Asa Delta, o céu do Planalto Central volta a receber uma grande competição de voo livre. De hoje até o próximo sábado, 130 pilotos disputam a etapa de Formosa (GO) do Campeonato Brasileiro de Parapente, com pousos no Aeródromo de Formosa e no gramado da Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Se, no ano passado, a competição internacional foi perfeita para os estrangeiros conhecerem a região, que tem como apelido “Havaí do voo livre”, agora, é a vez de os melhores pilotos nacionais colocarem esta fama à prova.

“Chegar à capital do Brasil voando é uma experiência incrível”, diz Ana Glecia. Aos 44 anos, ela acumula 18 de experiência com o parapente, além de dois dedicados à asa delta. “A maioria dos pilotos nunca voou em Brasília. Tenho certeza de que eles vão se apaixonar e voltar depois”, prevê a atleta brasiliense. Aninha, como é conhecida, era corretora de imóveis antes de inaugurar uma escola para dar aula da modalidade, em 2016. A instrutora é uma das cinco mulheres nesta etapa do campeonato.

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
Entre as principais adversárias de Aninha na disputa estarão Marcella Uchoa, atual recordista brasileira de distância, e Priscila Fevereiro. Ambas voam na capital federal na tentativa de bater o recorde mundial (402km). Os vencedores pontuam no ranking nacional e mundial. O céu de Brasília e Formosa também contará com André Fleury, um dos maiores nomes da modalidade na disputa masculina, além de Rafael Saladini e Samuel Nascimento, atuais recordistas mundiais de distância, com 564km de voo ininterrupto.

Hoje o dia é dedicado ao treino livre. A partir de amanhã, são sete dias de competição na modalidade race to goal, uma corrida aérea que vence quem passar por todos os pontos pré-determinados em menos tempo. Os circuitos são traçados em uma área de 10 mil quilômetros quadrados, que compreende o polígono Formosa, Brasília, Água Fria de Goiás, Sobradinho, Planaltina (DF) e Planaltina de Goiás. A cada dia ocorre uma bateria, com provas de 70km a 80km em média, que duram de duas a três horas. Elas têm pesos diferentes e os campeões serão conhecidos após a somatória dos resultados da semana.

As decolagens ocorrem no mesmo ponto que serve de palco para campeonatos nacionais e mundiais há mais de três décadas: a rampa do Vale do Paranã. Distante 48km do centro da cidade de Formosa-GO e a 87km de Brasília, o local continua preservado, mas, neste mês, sofreu uma mudança que promete dar ainda mais perspectiva ao futuro do esporte. A área foi desapropriada por decreto da Prefeitura de Formosa, para que seja destinada ao uso esportivo.



Urubus, nuvens e até sombras... Tudo ajuda a avaliar condição de voo


Nos dias de competição, Vinícius Matuk, árbitro geral do campeonato, e Zenilson Rocha, apurador da competição, provavelmente serão os primeiros a chegar à rampa do Vale do Paranã. Quem é leigo na modalidade pode nem perceber que eles estão trabalhando. A primeira coisa que fazem ao iniciar as atividades é ver se há urubus no céu — uma medida de segurança contra colisões durante os voos. Observam também como as nuvens se formam e a velocidade com que se dissipam. Até o ângulo das sombras traz informações sobre as térmicas e as condições para a prática do esporte.

Os organizadores ainda conferem a meteorologia e todo tipo de dados que a tecnologia oferece. Cerca de 40 minutos antes da largada, anunciam o circuito do dia. Enquanto estão no céu, os competidores também ajudam no fornecimento de informações. Os pilotos dispõem de GPS com os pontos do circuito, de um rádio para comunicação, um aparelho que indica a altura, um localizador via satélite, além de água e alguns alimentos leves, como barras de cereal.

Na última semana, a calmaria do Vale do Paranã mudou. O silêncio foi cortado com a chegada dos participantes do Campeonato Brasileiro de Parapente, que aproveitaram até a véspera da competição para treinar. O céu ganhou um colorido próprio do balé das aeronaves até sumirem no horizonte. De Campo Grande-MS, Edson Zardo, 46 anos, era só sorriso: “Sinto-me representado pelo Centro-Oeste, recebendo uma etapa do torneio nacional”. No mês passado, o competidor passou quase 20 dias em Brasília treinando.