None

PRÉ-OLÍMPICO

Brasil enfrenta Peru na festa da maioridade do mais novo fenômeno do DF

No dia em que completa 18 anos, brasiliense Reinier estreia na Seleção Sub-23 sem passar pela Sub-20 e pode ser anunciado como reforço do Real Madrid

postado em 18/01/2020 22:45 / atualizado em 18/01/2020 23:10

(Foto: Lucas Figueiredo/CBF)
 
Reinier Jesus Carvalho pode ganhar dois presentões no dia em que atinge a maioridade: entrar em campo contra o Peru, neste domingo (19/1), às 22h30, no Estádio Centenário, em Armênia, na Colômbia, na estreia do Brasil no Pré-Olímpico para os Jogos de Tóquio-2020; e o anúncio da transferência do Flamengo para o Real Madrid numa transação estimada em 30 milhões de euros (R$ 138 milhões). Nascido em 19 de janeiro de 2002 — daí a opção pela inscrição com a camisa 19 no time rubro-negro e na Seleção —, o orgulho do Guará I completa hoje 18 anos. O clube espanhol aguardava o aniversário do menino do Ninho para oficializar o reforço ao mundo da bola. A lei da Fifa não permite que ele assine o acordo profissional antes da idade exigida.
 
A trajetória da joia brasiliense na Seleção lembra a de um imperador. Protagonista do Golpe da Maioridade na História do Brasil, Dom Pedro II chegou ao poder aos 15 anos, em 1840. Reinier é o caçula do Brasil em um torneio para jogadores até 23 anos, ou seja, cinco anos mais jovem do que a idade-limite. Não é a primeira vez que o talento precoce queima etapas.
 
Fotos da infância enviadas ao Correio pelo pai do craque, seu Mauro Brasília, mostram a paixão do filho pela amarelinha. Detalhe: Reinier nem era nascido quando o pai ajudou a Seleção Brasileira de futsal a conquistar a Copa do Mundo de 1985. Mauro marcou o terceiro gol do Brasil na finalíssima contra a Espanha, anfitriã da competição.
 
Reinier preferiu o futebol de campo. Acumula milhas nas seleções sub-15, sub-17, e estreia na sub-23 antes de passar pela sub-20. Por sinal, Reinier tem idade para participar das próximas edições do Sul-Americano e do Mundial da categoria, em 2021. Porém, isso dificilmente ocorrerá. Talvez, a CBF nem consiga a liberação para leva-lo a Tóquio caso o Brasil, atual campeão olímpico, conquiste uma das duas vagas em jogo para a competição.
 
Em 2019, Reinier debutou como jogador profissional. Conquistou o Brasileirão, a Libertadores e o vice no Mundial de Clubes da Fifa. Fez seis gols em 15 jogos na temporada, virou o 12º jogador do Fla e só não participou da campanha do tetra da Seleção no Mundial Sub-17 porque o rubro-negro não cedeu a cria ao treinador Guilherme Dalla Déa. Seria o camisa 10.
 
Rumo a Tóquio, Reinier pode repetir o feito de um conterrâneo. Nascido em Santa Maria, o meia Felipe Anderson se tornou o primeiro jogador do Distrito Federal a conquistar a medalha de ouro no torneio olímpico de futebol. O jogador do West Ham fez parte do elenco liderado por Rogério Micale nos Jogos do Rio-2016. Disputou quatro das seis partidas, incluindo a finalíssima contra a Alemanha, no Maracanã. Reinier ainda precisa passar pelo Pré-Olímpico.

Marketing
Além do potencial técnico e tático, Reinier é fenômeno de marketing. Virou pivô de uma queda de braço entre Puma e Adidas. Em dezembro, esteve na arena de futsal da Quadra I do Guará para uma pelada com os amigos. Por questões contratuais, vestiu os colegas da infância com camisas da Puma, a marca vencedora da disputa com a Adidas para tê-lo como garoto propaganda. A batalha entre as etiquetas alemãs pode até parar na Justiça. O acordo de Reinier com a Puma expira neste ano e não deve ser renovado. A tendência é de que ele passe a usar Adidas ao término do acordo. Uma cláusula aponta que a Puma tem o direito de saber sobre qualquer oferta apresentada ao pupilo. Daí o risco de o caso parar no tapetão.
 
Comparado pelo técnico português do Flamengo Jorge Jesus ao brasiliense Kaká, eleito melhor do mundo em 2007, Reinier admite semelhanças. “Kaká foi um ídolo para mim, sempre o acompanhei, só que mais por vídeos que meu pai mostrava. Vejo algumas semelhanças. Eu me inspiro nele. Pela altura, pelas arrancadas. Fico muito feliz com essas comparações”, diz o pupilo de André Jardine na Seleção Sub-23.
 
No Pré-Olímpico, o caçula Reinier contará com a ajuda de “parças” como Bruno Guimarães, Pedrinho, Dodô, Antony, Mateus Cunha e Paulinho para evitar o vexame de 2004. Naquele ano, a geração de Diego e Robinho, liderada pelo técnico Ricardo Gomes, fracassou. O país ficou fora dos Jogos de Atenas-2004. Branco também era o coordenador técnico das divisões de base da CBF à época. Portanto, o herói do tetra é antídoto para o Brasil evitar vergonha.
 
A Seleção não se classificou em campo para três das últimas quatro edições do Mundial Sub-20. Fracassou também nas eliminatórias para o Mundial Sub-17 e só conquistou o tetra devido à mudança da sede do torneio do Peru para o Brasil.

(Foto: Arquivo Pessoal/Mauro Brasília)
 
 

Entrevista com Mauro Brasília, pai de Reinier

 
Seu filho estreará na Seleção Sub-23 no dia em que nasceu. Como foi aquele 19 de janeiro de 2002 na vida da sua família?
Ele nasceu já na madrugada, no comecinho do dia 19, à 0h30. Foi um parto tranquilo. A minha esposa teve o neném ali no Hmib, na L2 Sul. Eu lembro que, no dia em que fomos buscá-lo no hospital, a minha irmã e o meu cunhado foram conosco. Fizemos uma gravação que guardo até hoje saindo com ele pequenininho no colo. Fomos para a casa da minha mãe na Asa Sul e o levamos para ela e a família conhecê-lo. Um dia de muita felicidade.

Ele já chutava muito? Dava trabalho?
Eu lembro que a bolsa estourou no dia anterior. A minha esposa estava deitada na rede e levantou-se. Quando fez força, estourou a bolsa. Era de tarde, fomos para o hospital, o parto demorou um pouquinho, mas o Reinier nasceu bem, graças a Deus.

Já tinha porte de jogador...
Nasceu com 55cm e 4kg. Já era um moleque grandão e bonito.

Aquele dia tem um significado especial na sua família, não é?
No dia do nascimento dele, a gente recuperou um pouco daquele tristeza de ter perdido um filho, o primeiro filho, o mais velho, com 14 anos, em 1998. A minha esposa ficou grávida em 2001 e, em 2002, nasceu o Reinier. É lógico que nenhum filho substitui o outro (pausa). Mas ele veio para coroar ainda mais a nossa família.
 
 
Títulos do Brasil no Pré-Olímpico
1968, 1971, 1976, 1984, 1987, 1996 e 2000
 

A tendência é de equilíbrio

Disputado pela última vez em 2004, no Paraguai, o Pré-Olímpico foi ressuscitado pela Conmebol. A competição havia sido extinta. O Sul-Americano Sub-20 serviu como seletiva para as edições de Pequim-2008, Londres-2012 e Rio-2016. Os 10 países estão divididos em dois grupos com cinco cada. Duas seleções avançam ao quadrangular final disputado no sistema de pontos corridos. O campeão e o vice irão a Tóquio-2020.
 
Campeão sul-americano sub-20 em 2019, o Equador aposta naquela base vencedora neste Pré-Olímpico. O elenco comandado por Jorge Celico conta com Campana, Rezabala, Cifuentes e Porozo. A Argentina, de Fernando Batista, é liderada pelo defendor Nehuén Pérez. Menos talentoso do que o normal, a seleção aposta ainda em Julián Álvarez, Mac Allister, Zaracho e Gaich.
 
O Uruguai lamenta as baixas de Brian Rodríguez, Schiappacasse e Darwin Núñez. Em contrapartida, Gustavo Ferreyra contará com Maxi Araujo, Bueno, Sanabria e Acevedo. É bom abrir os olhos com a anfitriã Colômbia, de Benedetti e Iván Ângulo, e com a Venezuela, de Soteldo e Jan Hurtado. Em 2017, o país foi vice-campeão mundial sub-20 e tem conjunto.
 
O Paraguai põe fé no talento de Sergio Díaz, prodígio que pertence ao Real Madrid e está emprestado ao Cerro Porteño. Peru, de Nolberto Solano, e Bolívia, do venezuelano César Farias, confiam no prestígio dos treinadores.  (MPL)


Entenda o torneio

São 10 países divididos em dois grupos. As duas melhores seleções de cada chave avançam ao quadrangular final. A fase decisiva será disputada no sistema todos contra todos em turno único. O campeão e o vice garantem vaga olímpica para os Jogos de Tóquio.

» Grupo A
Colômbia, Chile, Venezuela, Equador e Argentina

» Grupo B
Brasil, Paraguai, Bolívia, Uruguai e Peru
 
 

Programe-se

Fase de grupos: 18/1 a 31/1
19/1 (22h30) – Brasil x Peru
22/1 (22h30) – Brasil x Uruguai
28/1 (22h30) – Brasil x Bolívia
31/1 (22h30) – Brasil x Paraguai
Quadrangular final: 3/2 a 9/2