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SUPERLIGA FEMININA

Rebaixado, Brasília Vôlei tem salários atrasados e incerteza de continuidade

Entenda os motivos que levaram o time de Brasília a encerrar a participação na elite nacional após seis anos

postado em 15/03/2019 14:52 / atualizado em 15/03/2019 17:05

<i>(Foto: Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)</i>
O Brasília Vôlei se espede nesta sexta-feira (15/3) da elite do vôlei brasileiro, em jogo fora de casa, contra o Osasco, às 21h30. Na 11ª rodada do returno da Superliga Feminina, a última antes do fim da primeira fase, o time da capital federal entra em quadra rebaixado para a divisão de acesso. A saída do técnico Hairton Cabral no meio da competição, lesões e, principalmente, um elenco extremamente reduzido, com muitas atletas da base, fizeram com que a equipe ganhasse apenas quatro jogos dos 21 disputados e amargasse a penúltima posição, à frente apenas do Balneário Camboriú.

A fase do Brasília Vôlei é ainda mais alarmante pela crise política vivida pelo principal patrocinador da equipe, o Banco de Brasília (BRB). Até o momento, jogadoras e comissão técnica não receberam os salários referentes a janeiro e fevereiro. A oposto Neneca teve de negociar o pagamento do apartamento que ela aluga em um hotel na cidade devido aos atrasos. O presidente do Brasília Vôlei, James Figueiredo Rocha, assumiu a responsabilidade, retirando qualquer culpa da entidade apoiadora.

A justificativa dada foi o acúmulo de funções sobre a equipe, que precisou ser reduzida após a diminuição do investimento no time nas duas últimas temporadas. “O banco jamais atrasa nada conosco, o que atrasa somos nós com prestação de conta ou demora na entrega de algum documento. Houve um ano em que o pagamento deveria sair dia 30 e saía no dia 15, porque tínhamos muita gente para trabalhar. Agora, como estamos em um número muito reduzido, estão todos sobrecarregados”, explicou James Figueiredo.

O contrato com o patrocinador determina que o investimento seja repassado em 10 parcelas: seis em 2018 e quatro em 2019. Um fator complicador, segundo o dirigente, é o calendário da liga ocorrer entre um ano e outro. “Todo ano, o contrato acaba em 31 de dezembro. No novo ano, faz-se um novo contrato para pagarem as quatro parcelas restantes”, explica. “Ainda não assinamos o contrato referente às parcelas de 2019, mas o banco nunca nos deixou na mão e não vai deixar”, disse James.

A expectativa do presidente é de pagar o valor pendente nesta sexta-feira. “Sei que as pessoas que estão aqui têm credibilidade, que não vamos ficar na mão”, comentou a central Angélica. “É claro que eu gostaria que fosse resolvido o quanto antes, mas o BRB é um parceiro de anos, um banco com uma credibilidade grande em Brasília e que não vai querer sair com uma imagem ruim”, completou a capitã do time.

Incertezas sobre a continuidade


<i>(Foto: Arthur Menescal/Esp. CB/D.A Press)</i>
O primeiro rebaixamento do Brasília Vôlei após seis anos na Superliga Feminina envolve também a incerteza se o time seguirá existindo. Todo o processo de buscar patrocínios encontrará um novo cenário: a Série B. A principal aposta, segundo o presidente do Brasília Vôlei, James Figueiredo, continuará sendo o BRB.

Em 2013, no início do projeto fundado pelas ex-jogadoras Leila Barros e Ricarda Lima, o técnico Sérgio Negrão comandava a equipe dentro de quadra, mas mostrou que exercia papel ainda mais importante nos bastidores, ao buscar patrocinadores, montar elenco, negociar idas e vindas de jogadoras. No vôlei desde a década de 1980, ele assumiu a gestão do time na saída das duas fundadoras, que enveredaram para a política.

Negrão soube tirar cartas da manga ao reinserir o técnico Manu Renault, que trabalhava em uma academia em Minas Gerais, no cenário do vôlei em 2015 e apostar em Anderson Rodrigues como treinador em 2016, quando ele ainda era assistente no Minas. Hairton Cabral foi o nome para substituí-lo no início desta temporada. Mas o também comandante da base da Seleção Brasileira teve de se dedicar exclusivamente aos cuidados com a saúde na primeira metade da Superliga.

O então assistente técnico Inácio Júnior assumiu o comando. O grupo demonstrou mais união e o trabalho do novo comandante foi elogiado pelas jogadoras. Mas a falta de uma personalidade influente no vôlei deve ser sentida após o fim da competição. O elenco atual tem um valor superior ao que será a nova realidade do time, provocando debandada de atletas. “É um elenco caro e, para a Série B, o recurso vai diminuir muito. Vamos focar nas jogadoras da base”, prevê James Figueiredo.

Manutenção do projeto de base em Brasília


Sobre o projeto da base, que atualmente trabalha com 295 atletas de 14 a 21 anos, James é seguro ao afirmar a continuidade. Os treinos das categorias feminina e masculina do Brasília Vôlei contam com a colaboração de três professores voluntários, o que reforça a expectativa sobre a permanência do projeto. Além deles, dois profissionais bancados pelo time principal e estagiários da Universidade Católica de Brasília atuam na formação de jogadores.

A ponteira brasiliense Natália Gonçalves, 22 anos, formada na base do Brasília Vôlei, disputou a segunda temporada como profissional em 2018/2019. “Eu escuto de muitas delas que estão passando pelo mesmo caminho que passei e que me veem como exemplo. Então, espero que o projeto continue para que possam continuar sonhando”, disse. É uma esperança para que as jovens atletas não precisem se afastar cedo da família, como no caso da oposto Renata Colombo, que saiu da casa dos pais aos 14 anos para seguir carreira no esporte.
 

Jogos da 11ª rodada do returno


Veja os duelos que encerram a última rodada da primeira fase da Superliga feminina e clique aqui para saber o que está em jogo nela. 

Pinheiros x Balnário Camboriú

Sesi Bauru x Fluminense (transmissão pelo Globoesporte.com)

São Caetano x Barueri

Osasco x Brasília Vôlei (transmissão na internet no Canal Vôlei Brasil)

Curitiba x Minas

Praia Clube x Rio (transmissão no SporTV)

*Todos os jogos serão nesta sexta-feira (15/3), às 21h30