Volei

Tinga lamenta multiplicação de insultos racistas no Brasil e manda recado a Fabiana

Jogadora do Sesi sofreu injúria racial na Arena do Minas, onde foi lançada no vôlei

Gilmar Laignier Redação

"Essa é uma coisa cultural que tem que ser atacada diretamente dentro das escolas", destacou Tinga
O volante Tinga foi alvo de preconceito racial em uma partida da Copa Libertadores de 2014. No jogo entre Real Garcilaso e Cruzeiro, em Huancayo, no Peru, o jogador celeste foi hostilizado por torcedores locais, que reproduziram sons de macacos quando ele tocava na bola. Fato parecido se repetiu na Arena do Grêmio, em Porto Alegre, com o goleiro Aranha, que defendia o Santos, e ganhou projeção internacional. Nessa terça-feira, a vítima desse mesmo tipo de crime foi a meio de rede Fabiana, do Sesi, em duelo contra o Minas, na Arena, em Belo Horizonte, pela Superliga Feminina de Vôlei.


A pedido do Superesportes, o cruzeirense Tinga, que lançou recentemente o projeto “Chutando o preconceito”, falou sobre o novo caso de injúria racial no Brasil e mandou o seu recado a Fabiana. “Mais importante é se conscientizar, não deixar que isso passe em branco. Isso não está só no futebol, no vôlei, está no dia a dia. Esse é o pensamento. Mas acredito que ela, por ser esportista, ter uma família, ter uma base, com certeza é madura suficiente para superar, não aceitar, mas com certeza encarar essa violência que tem acontecido nos dias de hoje”.

O projeto de Tinga foi lançado na Central Única das Favelas (CUFA) de Porto Alegre e organiza ações onde diversas personalidades chutam simbolicamente a bola e fazem um gol contra a discriminação. Outras cidades, como Belo Horizonte, já receberam seminários.

Mas o atleta sabe que o preconceito racial está longe de acabar, pois é uma questão de falta de educação. Num país com tantas desigualdades como o Brasil, a luta é ainda mais difícil. “Vejo como ignorância, falta de educação. Isso está inserido na educação e no todo do nosso país. Cada vez a gente tem visto mais pessoas que deveriam dar exemplo, realizar coisas, principalmente na situação de governo, e automaticamente quando as crianças vão crescendo, os adolescentes, achando que o errado é o certo, que é agredir, ofender, que a violência é o certo. Essa é uma coisa cultural que tem que ser atacada diretamente dentro das escolas”.

O jogador lamenta muito que esse tipo de preconceito esteja tão presente no esporte, justamente uma das ferramentas sociais mais importantes. “A gente sabe que é uma discussão que se perpetua por muitos anos, a gente fica chateado de ver isso acontecer, essa falta de educação, isso tem acontecido em todos o país, não somente em relação ao racismo, mas em relação à violência, principalmente em estádio, em ginásio, e as pessoas acham que o se faz no esporte fica no esporte, mas na verdade não, o que se faz no esporte é aquilo que se tem que fazer no dia a dia. A gente fica chateado, esperamos que as pessoas possam evoluir e cada vez mais não criar essas situações, mas ter vergonha de fazer esses atos”.