Bob Faria, colunista do Superesportes, analisa momento do Atlético na temporada (Foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)



É um mundo rápido, estranho, muitas vezes alimentado pelo vazio este que estamos vivendo. Não só no esporte, mas na vida cotidiana, vamos admitir, vivemos o período de maior peso resultadista da história. Qualquer um que não atinja o objetivo traçado em tempo recorde é tachado de fracasso e rapidamente substituído. Isso criou uma sociedade baseada no medo de ser descartada. Por isso todo mundo quer se perpetuar de alguma forma, deixar uma marca, fazer valer seu ponto de vista, gritar mais alto.




Senhoras e senhores, se gritar resolvesse alguma coisa, porcos não morreriam. A frase não é minha, mas é assustadoramente ilustrativa. No futebol, então, nem se fala. O ritmo é extremamente acelerado nas tomadas de decisões. E, muitas vezes, decisões tempestivas só aumentam o problema.

Porém, vez ou outra, acontece o contrário. As decisões são adiadas pelo medo das consequências ou pelo medo da imprevisibilidade. Situação que no mundo corporativo torna-se mais e mais escassa porque existem profissionais muito capacitados para desenhar cenários e prever com uma margem de erro bem aceitável, as possíveis consequências de cada decisão.

Não creio que em gestões profissionais de grandes negócios, como é um clube de futebol, por exemplo, a experiência e conhecimento destes profissionais possa ser negligenciada.




Digo isso porque, aparentemente, a pergunta que o torcedor do Atlético está se fazendo neste instante não é se, mas quando será o desligamento do treinador. A paciência está curta.

Não vou aqui defender a causa da manutenção, muito menos fazer apologia à demissão de qualquer profissional. Decidir isso é função dos comandantes do Atlético, com assessoria dos profissionais que têm competência para isso. Mas cabe refletir se as pessoas responsáveis pelo futebol do clube estão satisfeitas com a curva descendente que o time vem tendo no seu desempenho dentro de campo. A menos que estejamos vendo algo muito diferente do que mostram as planilhas de análise (às quais obviamente não temos acesso irrestrito), uma atitude precisa ser tomada.

A cada entrevista o treinador repete os mesmos argumentos, chama para si a responsabilidade, como se pudesse ser de outra forma, mas a verdade é que jogo após jogo o time vem perdendo consistência, objetividade e, o que é pior, tranquilidade em campo.

Sim, vivemos um mundo resultadista, e o futebol é reflexo disso. Mas o imobilismo é um problema tão grande quanto a tempestividade.

Então, creio que o que quer que precise ser feito, seja manter o treinador, modificar o método de treinamento ou trocar o comando, tem que ser feito a tempo.