Rubens Menin quer reduzir dívidas do Atlético até 2026 (Foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)


Nos últimos anos, o Atlético se tornou um grande player no mercado de contratações, buscando jogadores de renome, como o atacante Hulk e o meia Nacho Fernandéz, e revelações, casos do ponteiro Marrony, de 22 anos, e do meio-campista argentino Matías Zaracho, 23. Contudo, o dinheiro para o investimento não veio dos cofres do clube, mas sim de empréstimos do empresário Rubens Menin. Para o economista e consultor do Itaú BBA, Cesar Grafietti, o grande desafio de Menin é fazer o Galo forte em campo e autossustentável, vivendo apenas das suas receitas.




"É o grande risco do projeto do Atlético. Você só consegue sair dessa armadilha quando tiver um volume de receitas que é capaz de pagar sozinho as suas contas. Onde o projeto espera terminar? Na hora que o estádio estiver pronto. Aí você agrega mais receitas com bilheteria, sócio-torcedor, ter mais conquistas que te permitam aumentar a receita variável de premiação e de TV, eventualmente vendendo jogadores, melhorando a gestão de publicidade", disse o economista. 

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Em abril deste ano, o Atlético já tinha R$ 330 milhões em dívidas com Rubens Menin. O empresário disse que não cobrará juros e permitirá que o acerto seja feito quando o clube tiver condições. Com fortuna estimada em mais de R$ 9,5 bilhões, conforme levantamento da revista Forbes, Menin é dono de um conglomerado que inclui o banco Inter, a construtora MRV, o canal CNN Brasil e a rádio Itatiaia, entre outros.

Para Cesar Grafietti, o plano de negócios da Arena MRV é bastante arrojado. O clube tem o objetivo de chegar a 100 mil sócio-torcedores em 2022 e levantar R$ 100 milhões com bilheterias e comércio durante os jogos a partir de 2023. O estádio tem previsão de ficar pronto em outubro de 2022.




"É um risco porque o estádio a gente sabe que todo plano de negócios tem uma ideia do que vai acontecer, mas depois de pronto o projeto sempre tem ajustes. Olhando como referência  os estádios de Corinthians e Palmeiras, especificamente, a gente sabe que os custos acabam ficando sempre muito maiores do que projetados e a bilheteria fica muito mais cara. A gente precisa ver como o torcedor vai encarar, por exemplo, sair de um custo de R$ 15 no Mineirão, no Independência, para um custo de R$ 50, R$ 60. É o que faz a conta fechar nos números que o clube apresentou recentemente. Tem que convencer o torcedor disso", frisou.

Com dívida total de R$ 1,209 bilhão, o Atlético pretende diminui-la para R$ 341 milhões até 2026. Entre 2019 e 2020, o débito atleticano aumentou em R$ 462 milhões. Para Grafietti, o risco do clube é não conseguir fazer o estádio atingir seu potencial e frustrar os planos de se manter com alta arrecadação e com dinheiro para investir no futebol.

"O clube trabalha com a ideia de que vai ter muitos shows no estádio, mas vai ter que dividir com o Mineirão e quando tem concorrência o preço cai. Acho que um dos riscos do projeto é o resultado do efeito prático do estádio nas contas do clube. E quando você tenta melhorar a qualidade do elenco, como já aconteceu, e passa ser protagonista e ganhar títulos, isso aumenta as receitas. A gente tem que lembrar que no futebol tem o imponderável, você nunca tem certeza do que vai acontecer", pontuou.




"Tem outros clubes bem estruturados, Palmeiras, Flamengo, RB Bragantino, Athletico-PR, que podem ser campeões e frustrar a ideia de aumentar a receita com conquistas. Então, é sempre um risco. Todo projeto tem um risco. Certamente este é um risco conhecido e medido na estrutura do Atlético até pela história da família Menin nos negócios. É um problema que o clube precisa começar a reduzir os custos de uma receita menor. A gente só vai saber o resultado desse grande projeto em três, quatros anos, nas horas que as coisas estiverem funcionando. Se haverá sucesso, ou se precisará repensar alguma coisa no meio do caminho", acrescentou.