Kalil liberou presença do público em 'segundo teste' em Belo Horizonte (Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

Alexandre Kalil (PSD), prefeito de Belo Horizonte, anunciou, na tarde desta quinta-feira (9), o retorno do público aos jogos de futebol na capital mineira - novamente com 30% da capacidade dos estádios. A decisão foi tomada após reunião com os presidentes de América, Atlético e Cruzeiro, além de membros de torcidas organizadas, e marca uma nova tentativa da Prefeitura para possibilitar a presença de torcedores nas arenas durante a pandemia de COVID-19. No encontro, foram estabelecidas medidas restritivas e imposições para conter aglomerações e a contaminação pelo coronavírus.



 
O convite às torcidas organizadas se deu com o intuito de conscientizar os líderes a orientarem os integrantes destes grupos de acordo com os procedimentos para a liberação do público nos estádios. Também participaram da reunião o secretário de Saúde, Jackson Machado; os médico infectologistas Carlos Starling, Unaí Tupinambás e Estêvão Urbano; além do Coronel Webster Wadim Passos, do comando de policiamento da capital e de representantes do Corpo de Bombeiros.
 
Euler Araújo, membro do Conselho de Administração do América, Sérgio Coelho, presidente do Atlético, e Sérgio Santos Rodrigues, presidente do Cruzeiro, foram os representantes dos clubes na reunião.

Palavras do prefeito


Em pronunciamento concedido após a reunião, Kalil deu alguns detalhes do retorno dos torcedores aos estádios na capital. Ele valorizou o que chamou de 'sacrifício' da população de Belo Horizonte e afirmou: 'A obrigação do poder público é facilitar a vida de todos'.

"Foi decidido que nós temos que caminhar, nós temos que aprimorar. Temos que responsabilizar a todos: à Prefeitura, aos clubes, aos estádios, à torcida. Todo mundo tem que colaborar para que a gente caminhe. Eu acho que houve um sacrifício muito grande de todos, de toda a população de BH. Nós reconhecemos o sacrifício de todos. Inclusive, não estamos abrindo só o futebol. Estamos estudando agora a abertura de eventos", disse.



 

Alexandre Kalil, prefeito de Belo Horizonte (Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

 
"É claro que se você abre um evento para 16 mil, 17 mil pessoas, obviamente, você não tem que discriminar os outros. Temos que ter uma lógica a seguir. Tivemos um resultado de 14 mil testes, em que a incidência - segundo os epidemiologistas e o Secretário de Saúde - foi de 0,1%. Isso nos deu uma certa tranquilidade, e nós vamos caminhar, dar passos, brigar, tentar, mas não vamos desistir. A obrigação do poder público é facilitar a vida de todos, e nós sabemos que o futebol é uma parte importante do lazer - como show, como tudo isso é importante para a cultura, para a diversão. É isso que nós temos que fazer", completou.

Kalil já havia promovido a liberação de 30% do público em jogos na capital mineira no dia 27 de julho, com Atlético x River Plate, pela Libertadores, como evento-teste. Após uma experiência negativa no dia 18 de agosto, no entanto, com muita aglomeração no entorno do Mineirão, o prefeito de BH suspendeu a liberação em 24 de agosto. Ainda houve tempo para que o Cruzeiro disputasse um duelo da Série B com público. Diante deste cenário, Kalil também garantiu a elaboração de um novo protocolo sanitário.

"A partir do jogo do Atlético. Protocolo da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Conmebol, federação, a Prefeitura não entra. Nós estamos fazendo um protocolo sanitário. Agora, quem vai definir se pode ou se não pode é a CBF. Estou vendo uma briga com Flamengo, Atlético, de liminar - isso não é problema da Prefeitura. Belo Horizonte está com estádios abertos, dentro dos protocolos, para que fique tudo dentro da razoabilidade, da responsabilidade, porque nós sacrificamos muito", disse.




"Vamos aprimorar o protocolo do jogo do Cruzeiro. Vão entrar somente com ingresso, o ingresso será vendido com antecedência, carteira de identidade, CPF. Infelizmente, ainda é assim, mas vamos caminhando para chegar numa hora em que vamos falar: 'Deu. Está tudo certo e, agora, podemos liberar tudo de uma forma gradual' - como foi feito em bar, loja, restaurante, shopping. Em todos os eventos em Belo Horizonte", completou.
 
Diferentemente do último teste em Belo Horizonte, desta vez, será permitida a comercialização de bebidas alcoólicas nos estádios. Novamente, serão exigidos testes negativos para COVID-19 para possibilitar a entrada de torcedores no estádio.

"Nós liberamos a cerveja dentro do Mineirão. O estádio vai fechar uma hora antes. Quer dizer, não vou falar todos os protocolos não, estou falando o grosso. Vamos colocar o preço acessível da cerveja lá dentro. Porque qual é o raciocínio? Se há o teste, está obrigado, quem entrou está testado. Então, você já diminui muito o risco e não aglomera lá fora. Nós estamos tentando aprimorar, com muita humildade, tentando chegar num denominador, porque ninguém pode ter culpa. Está todo mundo remando para o mesmo lado", enfatizou.




Situações dos clubes


O Atlético contou com a volta de sua torcida no dia 18 de agosto, na vitória por 3 a 0 sobre o River Plate, em partida de volta das quartas de final da Copa Libertadores. O confronto, no entanto, gerou grande aglomeração e ocasionou na decisão do prefeito Alexandre Kalil de voltar a proibir jogos com público na capital mineira.

Assim como o Flamengo, o Galo tem o aval, a partir de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), para contar com sua torcida em jogos do Brasileirão. No entanto, em reunião entre os clubes da Série A ocorrida nesta quarta-feira (8), o clube mineiro garantiu que respeitará a decisão do arbitral: a de só permitir a presença de torcedores nas partidas quando todos os clubes tiverem a mesma possibilidade.

Ainda assim, o Atlético poderá contar com sua torcida no dia 28 de setembro, em jogo de volta da semifinal da Copa Libertadores, diante do Palmeiras. A Conmebol autoriza que clubes participantes do torneio tenham público em seus jogos, desde que haja autorização das respectivas prefeituras.




Por sua vez, o Cruzeiro também contou com seus torcedores na vitória por 1 a 0 sobre o Confiança, pela Série B, no dia 20 de agosto. Apesar disso, após nova proibição da PBH, a Raposa conseguiu acordo com a Prefeitura de Sete Lagoas para mandar seus jogos, com 30% da capacidade de público, na Arena do Jacaré.

Neste sábado (11), inclusive, o time mineiro receberá a Ponte Preta, às 11h,  no estádio da cidade da Região Metropolitana de Belo Horizonte. O Cruzeiro, no entanto, enfrenta oposição dos outros clubes da Série B, que se uniram em protesto contra a decisão do STJD - responsável pela autorização do público nos jogos da Raposa.

O América é o único clube da capital que ainda não pôde contar com a presença de torcedores em um jogo durante a pandemia de COVID-19. O clube reitera que, assim como o rival Atlético, respeitará a decisão do arbitral da Série A e aguardará uma decisão coletiva dos outros times para voltar a mandar jogos com público em BH.



 

Euler Araújo, membro do Conselho de Administração do América (Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)

 
"Da parte do América, nós entendemos como fundamental a participação da torcida nesse processo. Processo que está sendo construído. Acho que foi muito bem inicializado. Eu sempre digo que, depois desses eventos, é bom que a gente sempre faça reuniões para estabelecer melhores protocolos. A gente tem que começar esse processo. Eu disse lá dentro que é importante que a gente inicie e que ele permaneça. Por isso, a participação de todos é fundamental. Das presidências de Atlético, Cruzeiro e América, em conjunto com a Prefeitura e, principalmente, nesse processo educativo junto aos torcedores. Muita transpiração para que tudo ocorra da melhor maneira possível e que seja perene, né? Que essa realidade cresça, que os jogos podem ser cada vez mais assistidos por um número maior de torcedores", disse Euler Araújo após a reunião desta quinta-feira.
 
Nota em atualização