Copa do Mundo
None

COPA DO MUNDO

Brasil estreia na Copa e tenta transformar números e ambiente favoráveis em vitória contra Suíça na Rostov Arena

Seleção de Tite tem primeiro compromisso na Rússia neste domingo, às 15h

postado em 17/06/2018 06:00 / atualizado em 17/06/2018 08:45

AFP/KHALED DESOUKI
Renan Damasceno
Enviado especial a Rostov do Don


O retrospecto em estreias em Copa do Mundo favorece. Os números sob comando do técnico Tite e o desempenho em campo dão moral. A amizade do grupo e o clima familiar da preparação em Sochi trazem tranquilidade. Transformar todo este ambiente favorável  em vitória é, justamente, o maior desafio da Seleção Brasileira na estreia contra a Suíça neste domingo, às 15h (de Brasília), na Arena Rostov, em Rostov do Don, na Rússia.

É difícil encontrar um número, histórico ou atual, que não traga otimismo. Em 21 partidas sob o comando de Tite, o Brasil perdeu apenas um amistoso para a Argentina, não sofreu gols em quatro amistosos em 2018, passou por adversários como Alemanha e Croácia,  marcou 47 gols e sofreu apenas cinco. O quarteto ofensivo formado por Willian (Chelsea), Philippe Coutinho (Barcelona), Neymar (PSG) e Gabriel Jesus (Manchester City) fez ótima temporada europeia e parece se entender melhor a cada jogo do Brasil.

Na defesa, Alisson superou a desconfiança sendo um dos principais jogadores da Roma na campanha de semifinal na Liga dos Campeões. O mineiro Danilo, formado pelo América, é um nome seguro defensivamente para substituir Daniel Alves e Marcelo é considerado o melhor lateral-esquerdo do mundo. Miranda é o ponto forte da defesa ao lado de Thiago Silva, que terá na Rússia a chance de se redimir de 2014, quando ficou marcado como um dos rostos da instabilidade emocional daquele time. Casemiro é o homem de equilíbrio do meio-campo do Real Madrid, tricampeão europeu, e Paulinho marcou sete gols desde que retornou à Seleção sob comando de seu ex-treinador de Corinthians.

Um dos raros fatores que pesam contra a Seleção é a inexperiência de metade do time titular, que jamais jogou Copas. Dos 11 titulares, Alisson, Danilo, Miranda, Casemiro, Coutinho e Gabriel Jesus vão disputar o primeiro Mundial. Dos seis remanescentes de 2014, cinco são titulares: Thiago Silva, Marcelo, Paulinho, Willian e Neymar – o outro é Fernandinho, primeira opção de volante no banco, já que Fred não se recuperou totalmente do tornozelo e é a única ausência. O cenário de renovação, entretanto, segue um padrão das últimas Copas.

Entre os estreantes está também a comissão técnica de Tite, que não esconde a ansiedade pela estreia. "Essa expectativa, ela acaba gerando. Fico no meu canto, procuro assistir situações importantes, exemplos que possam ter dentro da competição, preparar palestra”, comentou Tite. "O trabalho até agora nos dá muita expectativa, mas uma paz de que fizemos um trabalho de preparação muito forte", conta.

Ao contrário do isolamento, o Brasil optou por um clima mais familiar e aberto em Sochi, distante 550 quilômetros de Rostov do Don, o que tem sido elogiado pelos jogadores. Os atletas confraternizam com hóspedes e, durante as folgas da semana, aproveitaram a  praia à beira do Mar Negro. “Foi tudo muito bem pensado. Mudou bastante hoje em dia, todos já sabem o que podem fazer, o tempo de descansar, de treinar. Ninguém é mais garoto”, afirmou Marcelo, sobre a liberdade na concentração. “Estamos muito felizes por  estarmos perto das famílias. Tirar um pouco o foco de concentração foi vital pra gente” Na última entrevista antes da partida, Tite disse que Neymar não está 100% ainda, mas o suficiente para ajudar a Seleção.

O Brasil perdeu apenas duas vezes em estreias de Copa do Mundo, logo nas duas primeiras edições: 2 a 1 para a Iugoslávia, em 1930, e 3 a 1 para a Espanha, em 1934. Na última Copa, saiu atrás com gol contra de Marcelo, mas virou com dois gols de Neymar e um de Oscar contra a Croácia, em São Paulo.

Capitão


Lucas Figueiredo/CBF
O escolhido por Tite para ser o capitão foi o lateral-esquerdo Marcelo, de 30 anos, um dos mais experientes do grupo. O treinador tem adotado o revezamento da braçadeira entre os titulares. Contra a Croácia, o capitão foi o atacante Gabriel Jesus, o mais jovem do grupo, e contra a Áustria, o escolhido foi Miranda – que curiosamente foi o primeiro a usar a braçadeira com, o técnico Tite.  

Ao todo 16 jogadores já foram capitães nas 21 partidas com Tite. Antes da Suíça, Marcelo já havia sido escolhido na vitória contra o Equador, por 2 a 0, nas Eliminatórias Sul-Americanas. “Desde os 26 anos sou o segundo capitão do Real Madrid. É uma parte da liderança  que posso passar minha experiência para o grupo”, disse Marcelo, um dos jogadores da Seleção mais populares na Rússia.

“Gosto (de ser capitão) porque estou representando meu país. Quando a gente é criança, sonha com muita coisa e nosso sonho é vestir camisa da Seleção. Hoje represento meu país e sendo capitão. Não tem preço. Nada que pague”, completou Marcelo.

Torcida

Ao
 ritmo de evidências, os brasileiros movimentaram Rostov na véspera do jogo contra a Suíça

Distante das turísticas Moscou e São Petersburgo, Rostov do Don vem sendo descoberta pela torcida brasileira, que chega na cidade desde sexta-feira. Nesse sábado, as ruas e a Fan Fest, instalada no centro da cidade, estavam cheias de bandeiras do Brasil – em número consideravelmente maior do que de suíços. 

“A Copa é um momento interessante de conhecer algumas cidades diferentes. Nós fomos a Moscou e, agora em Rostov, que é bem diferente. Os russos tem sido muito legais com a gente”, conta a mineira Ana Paula Lopes, de Patos de Minas, que vive atualmente em Portugal.  “A gente já foi em Olimpíada, Copa e já estamos planejando ir para Tóquio”, conta o marido, Rogério Lopes.

Além das camisas amarelas e azul, os brasileiros aproveitam a Copa para usar a camisa do time do coração. Em Rostov, é possível ver camisa do Brasil inteiro. É o que fez José Ramalho e o filho, Antonio Renato Ramalho, de nove anos, vestidos com a camisa do Atlético. “Viajamos pela Europa e agora vamos acompanhar a Seleção até onde der, sempre com a camisa do Galo”, conta o pai.

Brasil e Suíça é a primeira partida da Copa em Rostov do Don, na arena construída especialmente para o Mundial. Rostov A cidade receberá ainda quatro partidas de primeira fase da Copa: Uruguai x Arábia Saudita, Coreia do Sul x México, Islândia x Croácia, além de uma oitava de final.

Suíça

A comissão técnica de Tite considera a Suíça, à exceção do amistoso com a Alemanha, o maior desafio da Seleção Brasileira desde que chegou ao comando da Seleção Brasileira. Ontem, o auxiliar Cléber Xavier apontou a melhora dos suíços desde a Copa de 2014 e a excelente campanha dos suíços nas Eliminatórias Europeias, quando perderam apenas um jogo.  

“A Suíça mudou seu estilo, mais equilibrada, mais ofensiva, fez grande eliminatória e que tem força pelos lados com Shaqiri, Lichtsteiner, a organização de Xhaka, defende com duas linhas de quatro muito bem”, comentou Xavier, homem de confiança de Tite. “Das equipes que a gente tem enfrentado, analisando, me parece a mais forte até agora. à exceção da Alemanha”, completou. Tite por sua vez destacou a compactação, que deve dificultar o jogo dos brasileiros.

Na coletiva de imprensa, o técnico Vladimir Petkovic garantiu que a Suíça buscará mais que o empate contra a Seleção Brasileira. “Como técnico e pedagogo do futebol, seria um resultado pela metade. A gente busca sempre o máximo, a vitória, independentemente do adversário. Eu penso um pouco mais alto do que um empate”, garantiu.

Se Tite faz grande trabalho à frente da Seleção Brasileira, a Suíça também vem de grande fase e perdeu apenas uma de suas últimas 21 partidas. Terminou a fase de grupos das Eliminatórias empatada com a França, com 27 pontos, mas em desvantagem no saldo, o que obrigou o time a passar pela Irlanda do Norte na repescagem. 

"Comecei a estudar agora o Brasil e ainda não passei muito aos meus jogadores. É uma equipe boa, que evoluiu nos últimos anos e faz um jogo mais ao estilo europeu e merece muito o nosso respeito. Mas me preocupo primeiro com minha seleção e como ela vai desenvolver o nosso jogo. Viemos tentar fazer o melhor contra qualquer adversário", disse. 

BRASIL x SUÍÇA

Brasil
Alisson; Danilo, Miranda, Thiago Silva e Marcelo; Casemiro, Paulinho; Willian, Philippe Coutinho, Neymar; Gabriel Jesus. Técnico: Tite

Suíça
Sommer; Lichtsteiner, Schar, Akanji e Rodriguez; Behrami, Xhaka; Shaqiri, Dzemaili e Zuber; Seferovic. Técnico Vladimir Petkovi%u0107

Motivo: primeira rodada do Grupo E da Copa do Mundo
Estádio: Rostov Arena, em Rostov do Don (Rússia)
Data e horário: 17/06/2018 (domingo), às 15h (de Brasília)
Árbitro: Cesar Ramos (MEX)
Assistentes: Marvin Torrentera e Miguel Hernandes (MEX)

Os 11 da estreia (desde 2002)

2018
Experientes: Thiago Silva, Marcelo, Paulinho, Willian e Neymar 
Estreantes: Alisson, Danilo, Miranda, Casemiro, Philippe Coutinho e Gabriel Jesus

2014
Experientes: Júlio César, Daniel Alves, Thiago Silva e Fred
Estreantes: David Luiz, Marcelo, Paulinho, Luiz Gustavo, Hulk, Oscar e Neymar

2010
Experientes: Júlio César, Lúcio, Juan, Gilberto Silva, Kaká e Robinho  
Estreantes: Maicon, Michel Bastos, Felipe Melo, Elano e Luís Fabiano 

2006
Experientes: Dida, Cafu, Lúcio, Roberto Carlos, Gilberto Silva, Emerson, Kaká, Ronaldinho e Ronaldo
Estreantes: Juan e Adriano

2002
Experientes: Cafu, Roberto Carlos, Ronaldo, Rivaldo, Denílson
Estreantes: Marcos, Lúcio, Roque Júnior, Ânderson Polga, Juninho Paulista e Ronaldinho Gaúcho

Seis motivos para acreditar na Seleção Brasileira

Quarteto
Em alta em seus clubes, Willian, Philippe Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus formam um dos quartetos ofensivos mais badalados do Mundial

Defesa
Nas últimas 21 partidas, Seleção Brasileira sofreu apenas cinco gols e passou em branco nos quatro amistosos de 2018

Técnico
Elogiado pelo “padrão europeu” dado à Seleção, Tite goza de grande prestígio com jogadores e com a torcida

Comprometimento
Jogadores e comissão técnica tem repetido a palavra “comprometimento” constantemente. A seriedade nos treinos mostra isso.

Ambiente
Ambiente familiar e mais livre em um hotel à beira do Mar Negro, em Sochi,  trouxe clima mais leve ao grupo de jogadores

Neymar
Mesmo sem estar 100% da condição física, Neymar mostrou desde seu retorno que é o ponto de desequilíbrio da Seleção

Estreias do Brasil em Copas

Uruguai’1930 (Sexta colocação)
Brasil 1 x 2 Iugoslávia

Itália’1934 (14ª colocação)
Brasil 1 x 3 Espanha

França’1938 (Terceira colocação)
Brasil 6 x 5 Polônia

Brasil’1950 (vice-campeão)
Brasil 4 x 0 México 

Suíça’1954 (5º colocado)
Brasil 5 x 0 México

Suécia’1958 (Campeão)
Brasil 3 x 0 Áustria

Chile’1962 (Vice-campeão)
Brasil 2 x 0 México

Inglaterra’1966 (11º lugar)
Brasil 2 x 0 Bulgária

México’1970 (Campeão)
Brasil 4 x 1 Tchecoslováquia

Alemanha’1974 (Quarto lugar)
Brasil 0 x 0 Iugoslávia

Argentina’1978 (Terceiro lugar)
Brasil 1 x 1 Suécia

Espanha’1982 (Quinto lugar)
Brasil 2 x 1 URSS

México’1986 (Quinto lugar)
Brasil 1 x 0 Espanha

Itália’1990 (Nono lugar)
Brasil 2 x 1 Suécia

Estados Unidos’1994 (Campeão)
Brasil 2 x 0 Rússia

França’1998 (Vice-campeão)
Brasil 2 x 1 Escócia

Coreia do Sul e Japão’2002 (Campeão)
Brasil 2 x 1 Turquia

Alemanha’2006 (Quinto lugar)
Brasil 1 x 0 Croácia

África do Sul'2010 (Quinto lugar)
Brasil 2 x 1 Coreia do Norte

Brasil’2014 (quarto lugar)
Brasil 3 x 1 Croácia

Tags: Seleção Brasileira Copa do Mundo da Rússia tite copa2018 rostov suiça