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CLÁSSICO 500

Ex-presidente do Atlético apitou vitória do Cruzeiro no 1º clássico, em 1921; veja os registros feitos pela imprensa na época

Partida foi realizada no dia 17 de abril de 1921, no campo do Prado Mineiro

João Vitor Marques Guilherme Macedo
Jornal "Diário de Minas" do dia 19 de abril de 1921 repercute a vitória por 3 a 0 do Palestra Itália - Foto: Reprodução/Biblioteca Pública Estadual Luiz de BessaAs arquibancadas do antigo estádio Prado Mineiro se encheram logo no início da tarde do longínquo 17 de abril de 1921. Naquele dia, Atlético e Cruzeiro se enfrentariam pela primeira vez na história em um jogo que, curiosamente, foi apitado por Aleixanor Alves Pereira, ex-presidente do clube alvinegro. Os quase dois mil torcedores, entretanto, ansiavam mesmo pela partida principal da rodada-dupla: Lusitano x América.
 
O duelo, que se tornaria clássico, reuniu times com histórias bem distintas a partir das 14h06 daquele domingo. O Atlético - grafado como “Athletico” à época - tinha 13 anos e dois títulos conquistados. Já o Palestra Itália, que se tornaria o Cruzeiro décadas depois, só havia disputado uma partida oficial desde a fundação, quatro meses antes.
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Mais de 96 anos se passaram, e o clássico chegará neste domingo ao jogo de número 500, pelo Campeonato Brasileiro. Em 1921, a partida foi parte de um festival promovido pela Associação Mineira dos Chronistas Desportivos (A.M.C.D.) e valia ao vencedor uma medalha de ouro.
 
Em campo, o Palestra levou a melhor. Os gols de Attilio (duas vezes) e Nani garantiram a justa vitória do clube recém-fundado por 3 a 0. As principais curiosidades de antes e depois do confronto foram relatados nos jornais da época (veja na galeria abaixo).

A partida ganhou destaque no “Diário de Minas” já em 15 de abril. No dia seguinte, o periódico voltou a noticiar os embates: “As partidas prometem o maior brilhantismo, dadas as forças combatentes”.
 
No domingo, o jogo ganhou espaço também no “Minas Geraes”, maior jornal da época. Curiosamente, o jornal errou o nome do Palestra ao tratá-lo como “Palestina”. O “Diário de Minas” destacou a tradição alvinegra e exaltou o clube recém-fundado: “Vem surgindo com todos os requisitos para conquistar os melhores louros”.
 
O jornal de terça-feira relembra como foi a vitória do Palestra, exalta a atuação do América na goleada por 6 a 0 sobre o Lusitano e chama a atenção para a atuação ruim do Atlético. Além disso, o “Diário de Minas” cita o nome do árbitro Aleixanor Alves Pereira - um dos fundadores e ex-presidente do clube alvinegro.
 
Arbitragem parcial?
 
O primeiro jogo entre as equipes reserva uma história inusitada. Os jornais veiculados nos dias que antecederam o duelo noticiavam que o árbitro seria João Britto. No entanto, a  ficha do jogo publicada na edição do  “Diário de Minas” do dia 19 de abril afirma que a partida foi apitada por Aleixanor Alves Pereira, que tinha ligação não especificada com o América.

O noticiário da época não explicou os motivos que fizeram com que Aleixanor Pereira substituísse João Britto como o árbitro da partida realizada no Prado Mineiro.
 
A situação mais curiosa, no entanto,  não é a troca repentina no comando da arbitragem. O que chama mais a atenção é que Aleixanor participou da fundação do Atlético, em 1908, e foi presidente do clube alvinegro em 1911.
 
Apesar do vínculo com o Atlético, o árbitro teve atuação elogiada pela imprensa: “O juiz agiu com perfeita imparcialidade, a não ser um ou outro deslize muito perdoáveis”, publicou o “Diário de Minas”.