
Renan Damasceno - Estado de Minas
Revelada no vôlei do Mangueira, tradicional clube de São João Nepomuceno, na Zona da Mata mineira, Helenize de Freitas, de 67 anos, não demorou para chamar a atenção dos clubes da capital. Chegou ao Minas em 1966, aos 20 anos, e no ano seguinte se transferiu para o Mackenzie, que defendeu por três anos. Nesse período, foi convocada para a Seleção Brasileira e disputou os Jogos Pan-Americanos de Winnipeg’1967, Cali’1971 e Cidade do México’1975.
Filha de Heraldo, Helenize conviveu com o tio Heleno de Freitas entre 1952 e 1954, ainda criança. “Ele chegava com aqueles carros grandes, parava a cidade. Ia direto para o Bar Canarinho, do Esteves, para comer caçarola, doce de que gostava muito. Depois, já morando aqui em casa, lembro-me de uma mala dura, cheia de quinquilharias. Coleção de moeda, nota, caneta, foto, recortes com que a gente brincava... Mas não podia descuidar: uma vez ele pegou uma moto e desceu de braços abertos a ladeira da matriz.”

A CAMPEÃ E O ESPELHO
No início da carreira, Helenize foi muito comparada no talento ao tio, de quem nunca escondeu paixão e admiração. Pouco depois de conquistar o título do Sul-Americano de Caracas’1969, parou em frente ao espelho, penteou o cabelo para trás bem rente e disse, com lágrima nos olhos: “Viu? Você não quis ser campeão com a Seleção Brasileira, mas eu fui”, como se estivesse repreendendo Heleno.