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Vôlei

Menina de ouro

A quadra do Izabela Hendrix foi o palco em que o professor de educação física vislumbrou o talento de uma das maiores jogadoras da história do vôlei no país

postado em 14/07/2012 08:14

Alexandre Guzanshe/E.M/D.A.PRESS

A menina Sheilla adorava as aulas de educação física no Izabela Hendrix. Professor da disciplina, Olyntho Nunes de Avelar Júnior, também técnico do time de vôlei, vislumbrou que o horizonte daquela garota de 13 anos não podia ficar restrito à quadra do colégio. Ele aproveitou o bom relacionamento que tinha com sócios e treinadores do Mackenzie e encaminhou a pupila ao clube, também localizado no Santo Antônio. Começava ali uma das mais brilhantes carreiras da modalidade no país. Trajetória que culminaria, em 2008, na medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim.

Ao chegar ao Mackenzie, Sheilla teve dois treinadores: Delicélio e Jamisson. Aos poucos, foi conquistando a admiração geral, principalmente das Damas de ouro, como é conhecido o grupo de ex-jogadoras locais, comandado por Íris Rezende. Não demorou para que a jovem atleta ganhasse um fã-clube. "Sinto saudades daquele tempo. Todo mundo se preocupava comigo, vinha perguntar se estava me sentindo bem, se precisava de alguma coisa. Um tempo que deixou saudade", recorda a oposto.

Logo a menina estava na Seleção Mineira juvenil. Depois de se destacar, chegou à Seleção Brasileira, participando das campanhas dos títulos sul-americano e mundial juvenis. Já uma realidade, Sheilla passou a despertar a atenção de clubes e treinadores. Um deles, Bernardinho, tentou levá-la para Curitiba, onde montou o time que extrapolou as divisas do Paraná e hoje é o Rio de Janeiro. Na época, houve até campanha para que o Mackenzie não cedesse a jogadora para clube de fora do estado. Ao se transferir para o Minas, a jogadora encontrou o campo para progredir.

"Cheguei muito nova e tinha como referências Fofão e Cristina Pirv, que jogavam demais. Treino e jogo para elas eram a mesma coisa. Davam o máximo. Com apenas 16 para 17 anos, ficava impressionada com aquilo. Elas foram minhas fontes de inspiração." Aos 19 anos, Sheilla festejou seu primeiro título da Superliga, em 2002. Já destaque nacional, depois de três temporadas, ela trocou o Minas pelo italiano Pesaro. "Lá encontrei um ambiente familiar. Todo mundo se ajudava. Foi tudo muito importante, pois pude conhecer um outro vôlei. A Itália me fez crescer mais."

DECEPÇÃO E GLÓRIA A oposto ficou no país europeu até 2008 e conquistou o título nacional. Um ano antes, amargava a decepção de perder para Cuba a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio. "Foi um momento muito ruim. Houve também as perdas dos Mundiais de 2006 e 2010. Esse último doeu mais, porque não sei se estarei no próximo, se terei nova chance."

Mas, entre um e outro Mundial, ela viveu a maior glória da carreira: o ouro olímpico em Pequim’2008. "Foi o máximo. A alegria não foi só nossa, do grupo, mas do país inteiro. As pessoas que encontrava na rua se mostravam gratas. E olhem que a maioria dos jogos aqui era de madrugada, mas todo mundo os viu. Quero isso novamente."

Para os Jogos de Londres, a bela Sheilla é um dos trunfos da Seleção de José Roberto Guimarães. E grande esperança da torcida mineira.

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