Jogos de Atlanta’1996. Como encontrar um local para entrevistar os atletas que seriam os protagonistas brasileiros da competição? Vivia essa dúvida, pois nos Jogos anteriores, em Barcelona, não estava credenciado. Cobria a periferia. Mas, agora, era diferente. Tinha a credencial no peito. A solução era ir ao aeroporto, porta de entrada da Olimpíada.
Posiciono-me na saída do credenciamento. Lá vem a Seleção Brasileira de Vôlei, atual campeã olímpica. Dois mineiros, Talmo e Giovane. Marcelo Negrão se aproxima. Mas todos estão falando com outros jornalistas. E vem Tande. Consigo falar com ele. Estamos conversando, quando se aproxima uma repórter de uma emissora de TV brasileira.
Ela nem pede licença e vai logo dizendo: “Deixa eu falar com ele, pois tenho horário e sou da TV” Isso não. Nunca interrompi entrevista de ninguém, nem o farei, e não vão interromper a minha. Respondo: “Também tenho horário e você espera eu terminar e depois conversa com ele. Mas me atrapalhar não vai não.”
Ela emburra a cara e se afasta. Termino de falar com Tande, que antes perguntou: “O que eu faço?” Respondo que era terminar de falar comigo. Ele entende. Passo pela repórter e aviso que já terminei.
Surpreendentemente, ela vira e diz: “Se você não sabe, sou da TV… Não se atreva a fazer isso de novo”. Aí o sangue ferve e solto a resposta. “Não se atreva você. Nunca faltei ao respeito com ninguém, então não falte comigo.”
O vôlei brasileiro masculino estreia e perde para a Argentina por 3 a 1. Vem a segunda partida e nova derrota, 3 a 1 para a Bulgária. O Brasil, campeão olímpico, está quase eliminado. E, lá, na zona mista, onde a imprensa fala com os atletas, estou entrevistando novamente o Tande, quando chega a mesma repórter e vai empurrando e enfiando o microfone. Não dá pra aguentar. Estouro. Grito e digo: “Ou falo eu ou não fala ninguém”. Ela acha que pode e segue empurrando. Firmo o corpo e ela não fala com ele. Quem estava próximo se revolta com a situação e a expulsam de lá.
Engraçado essa situação, pois até hoje, tem repórter de televisão que não respeita ninguém E essa tal repórter virou até apresentadora de programa de TV. Eis aí, uma história que jamais esquecerei.