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HISTÓRIAS OLÍMPICAS

Os segredos dos ouros

postado em 22/08/2016 08:32

AFP / Juan Mabromata

Era o ano de 1992, ano olímpico. Barcelona, a sede dos Jogos. No jornal, um companheiro, o subeditor Sílvio Scalioni, me pergunta se o Brasil tinha alguma chance de medalha de ouro na Olimpíada. Cravei que seriam duas: uma no judô – como foi, com Rogério Sampaio – e outra no vôlei masculino. Ele riu, duvidou e disse que me pagaria um chilli se eu acertasse.

Pois estavam em quadra Maurício, Marcelo Negrão, Douglas Chiarotti, Paulão, Tande, Giovane; mais Talmo, Amauri, Janelson, Jorge Édson, Carlão e Pampa, comandados por José Roberto Guimarães, que deu um nó nos adversários, ao relançar o sistema 5-1, que quer dizer um levantador e cinco atacantes. Isso mesmo, todos os outros cinco, que não Maurício ou Talmo, atacavam. E, na final, um 3 a 0 acachapante na Holanda, com ace de Marcelo Negrão no ponto final.

O segundo ouro, em Atenas’2004, já com Bernardinho no comando. Nessa equipe, um grande segredo que tinha feito diferença dois anos antes, durante a conquista do título mundial, os ponteiros passadores. Isso mesmo. Os pontas Nalbert, Dante, Giba e o veterano Giovane eram exímios passadores. Por isso, os levantadores brasileiros, o titular Ricardinho e o reserva Maurício, jogavam com tranquilidade, o que se chama de bola na mão, pois a recepção brasileira fazia a diferença. Vencemos a primeira final contra a Itália, 3 a 1. Naquela equipe ainda estavam André Nascimento, Rodrigão, Gustavo, Anderson e André Heller.

Agora, o tri vem em forma de milagre, e o autor da façanha, Bernardinho. A Seleção Brasileira tinha um grave problema: a falta de ponteiros passadores. Em quatro anos, o treinador transformou o ponteiro Lucarelli, um jogador de força, em passador. Trouxe Luiz Felipe, que foi fundamental tanto no passe, como no ataque e no saque.

Mas não era só esse o problema. O time é carente de um gênio no levantamento, como foram Maurício, Ricardinho e Marcelinho. Mas havia uma solução: chamar um excepcional, embora com idade mais avançada. Mas isso não era problema. Bernardinho já havia feito isso antes, em 2004, com Maurício. E chamou William.

Pois veio a conquista do ouro, o tricampeonato olímpico. Nos igualamos aos EUA em número de conquistas. Falta uma para pegar a Rússia. E era pra estarmos com quatro, não fosse o que aconteceu em Londres, quando um meio de rede improvisado de oposto, Muserskiy, nos destruiu. E eu tive o privilégio de ver todas essas medalhas.

Ah, antes que me esqueça, ainda está em tempo, Sílvio, de me pagar o Chilli. Fazem 24 anos de Barcelona. E engraçado, o Brasil é ouro de 12 em 12 anos.
O anunciante aqui presente não possui relação com os Jogos Rio 2016 e é patrocinador exclusivo da cobertura editorial dos Diários Associados MG para o evento.