A torcida carioca já escolheu seu lado nos Jogos Olímpicos: o time que está perdendo. Não importa a cor da bandeira, onde fica o país no mapa ou a língua que fala. Basta estar atrás no placar, tomando de 30 pontos no basquete ou caindo do cavalo na ginástica, que o público brasileiro está lá, vibrando, aplaudindo, jogando junto.
Não por acaso, em apenas seis dias de competições alguns países pequenos obtiveram resultados históricos. Ontem, empurrado pela torcida em Deodoro, a Seleção Masculina de Rúgbi de Fiji – o mesmo país que perdeu de 10 para a Alemanha, no Mineirão – foi campeã olímpica, conquistando a primeira medalha de sua história. O apoio foi ainda maior na semifinal, quando os fijianos derrotaram a Argentina, por 21 a 14.
Quarta-feira, o público também ovacionou o atirador Fehaid Al Deehani, do Kuwait, que se tornou o primeiro atleta de país independente a conquistar um ouro. O país do Oriente Médio está suspenso pelo COI e, por isso, a bandeira que foi erguida foi a dos Anéis Olímpicos. Ainda no tiro esportivo, no sábado, mesmo com Felipe Wu na disputa, o Vietnã conseguiu o primeiro ouro de sua história. Hoang Xuan Vinh foi aplaudido pela torcida no pódio, mesmo com o brasileiro no degrau mais baixo.
A lista de queridinhas do público aumenta com as egípcias Nada e Elgobashy, as muçulmanas que jogam com o corpo coberto no vôlei de praia, e a judoca Majlinhda Kelmendi, que no domingo conquistou o primeiro ouro de Kosovo, uma das duas nações estreantes nos Jogos Olímpicos, ao lado de Sudão do Sul, da corredora Margret Hassan. A sul-sudanesa corre os 200m do atletismo na segunda-feira e deve receber aplausos efusivos do público no Engenhão. No Rio, os fracos – que às vezes não são tão fracos assim – têm vez.