Em sua primeira resposta na entrevista coletiva da manhã desta quinta-feira, no CT Lanna Drumond, Enderson Moreira chegou a dizer que preferia não render declarações sobre a recusa ao convite que recebeu para assumir o comando da Chapecoense na elite do Campeonato Brasileiro. Mas não teve jeito: o treinador do América agradeceu ao clube catarinense pela lembrança, abriu o jogo e justificou os motivos para a permanência em Belo Horizonte. 

O principal fator que manteve Enderson à frente do Coelho foi o projeto de recolocar o clube na Série A de 2018. Contratado em julho do ano passado, o treinador tomou frente de um time que não foi montado por ele, mas, mesmo assim, conseguiu melhores resultados que os antecessores Givanildo Oliveira e Sérgio Vieira. Em 23 partidas na Primeira Divisão nacional, ele registrou cinco vitórias, cinco empates e 13 derrotas - quase 29% de aproveitamento -, e a equipe foi rebaixada com 28 pontos. Em 2017, com a condição de contratar atletas de seu agrado, Enderson levou o alviverde às semifinais do Campeonato Mineiro e iniciou bem a Série B do Brasileiro. Em 11 partidas, são cinco vitórias, quatro empates e duas derrotas, campanha que rende a terceira colocação, com 19 pontos.

“Sinceramente nem quero render muito esse tipo de assunto. Fiquei lisonjeado com a lembrança da Chapecoense, fico muito feliz porque é um clube que temos muito carinho por tudo (que aconteceu)... eu, particularmente, já tinha carinho antes de qualquer coisa. Sempre fui bem recebido lá, sempre fiz jogos difíceis lá, sempre falaram muito da organização, e a gente percebe que são pessoas muito sérias e corretas. O presidente Plínio, o Rui Costa – que conheço muito bem – estão com desafio de reerguer a equipe depois da tragédia. É uma cidade que vive o clube. Mas, neste momento, tenho na minha cabeça que muitas coisas boas estão por vir no América. Cheguei com grande desafio de dar dignidade ao América na Série A, numa situação extremamente difícil. Acho que a gente conseguiu essa primeira etapa. E aí começamos uma segunda etapa, que é muito desafiadora e particularmente me entusiasma muito, que é a remontagem do grupo. Como qualquer equipe em formação, tivemos altos e baixos, mas a expectativa é que a gente possa crescer muito ainda. As pessoas pensam que o América está jogando bem. Eu acho que podemos jogar melhor ainda”, disse o comandante, que há algumas semanas foi especulado em Atlético-GO e Sport, também da Série A.

“Acima de tudo, apesar da grande oportunidade que era estar à frente do projeto da Chapecoense, é um momento muito importante poder contribuir com a trajetória do América neste ano de 2017”, acrescentou.

Enderson Moreira também destacou o carinho que sente pelo América, onde começou a carreira no futebol como preparador físico, há 21 anos. O treinador encheu todas as alas do clube de elogios e disse que a equipe colherá coisas boas em 2017.

“O momento favorável pode ir e vir. Há três rodadas o momento não era favorável. Mas faz parte. Eu, particularmente, gosto da instituição (América), minha origem profissional foi aqui no América, tenho conquistas pessoas importantes aqui. Era preparador físico do time campeão da Copa São Paulo em 1996. Depois fui treinador de base. Então tenho o maior carinho e vejo que o América dá passos consistentes para que se torne cada vez mais qualificado. É um clube de gestão séria, correta, aqui não sobra, mas de maneira alguma falta alguma coisa. O clube é bem controlado, dá passos consistentes nesse crescimento e de maneira bem pensada. Nosso ambiente é bom, tenho carinho muito grande pelos funcionários, pela instituição e pelos atletas. São atletas que me enchem de orgulho de poder buscar seu caminho da melhor forma possível, com muito trabalho, com muita honestidade. Mesmo aqueles que estão como segunda opção, não estão jogando, a conduta deles me entusiasma. Tem muita coisa boa que podemos colher ainda este ano, se Deus quiser. Tomara que as coisas possam acontecer”.

No currículo, Enderson tem um título da Série B, conquistado em 2012 com o Goiás. A confiança do treinador no elenco esmeraldino era tão grande que cinco anos depois ele trabalha com alguns dos atletas campeões no América. Estão no grupo alviverde o volante David e os meias Felipe Amorim e Renan Oliveira. Nesta sexta-feira, às 21h30, o América desafia o Paraná, que ostenta bons números como mandante na temporada: 12 vitórias, cinco empates e uma derrota. Para Enderson, o momento é de focar exclusivamente no duelo na Vila Capanema, sem levar tanto em conta o que já foi construído até aqui. “O Paraná, dentro de seus domínios, perdeu apenas um jogo este ano. A gente tem sempre a ansiedade para que o ataque possa funcionar e a defesa seja consistente. Ficamos felizes pelo que passou, mas nossa expectativa é sempre para o próximo jogo”.